Era apenas um encontro para almoço na Devons. Até que alguém, mais íntimo da casa, sugere: “que tal um bacalhau? ”
Sim, isso mesmo. Tem bacalhau no cardápio da Devons, uma das melhores churrascarias da cidade. E aí me lembrei de uma passagem em outra churrascaria – que já não existe mais -, em um jantar de harmonização pela inauguração da adega da casa. Sentei-me próximo do proprietário, que achava estranho eu recusar ravióli, lasanha, nhoque ou o que fosse diferente de carne. “Não aprecia massas? – perguntou. “Muito, mas num restaurante italiano. Lá, com certeza, não pedirei picanha” -, respondi, para deixar o rapaz emburrado durante o restante da noite.
Era meu protesto velado pelo que se transformou o rodízio, que, de alguns anos para cá, deixou de ser apenas de carne, para incluir massas, sushi, peixe, legumes, frutas, queijos e sabe-se lá mais o quê. E aí quem vai a um local desses para comer carne – e apenas isso -, tem de pagar também por tudo o mais que não consumiu.
Não é o caso da Devons, foi apenas a historinha de uma passagem que poderia ter ocorrido em qualquer um desses rodízios por aí. O sistema da Devons é outro, à la carte, embora já tenha sido rodízio, pois, afinal de contas, são de seus antecessores, décadas atrás os créditos pela invenção do sistema, quando apenas carnes eram inseridas nas opções.
Pois voltemos ao início da conversa. A ideia do bacalhau interessou a todos, a princípio pela curiosidade e depois pelo entusiasmo como o anfitrião do almoço se expressou: “é muito bom”. Garçom consultado, afiançou ser possível fazer e dali uns 20 minutos chegou o prato à mesa. Lindo visual, colorido na combinação dos ingredientes, aroma cativante.
Vem uma posta alta de bacalhau Gadus Morhua de uns 300g, dourada e atraente. Em torno dela, ovo cozido, batatas, grão-de-bico, uma crocante folha de repolho, mais legumes (cenoura, brócolis, tomatinhos) e azeitona. O arroz, de acompanhamento, pode vir separado.
O resultado? Foi um dos melhores pratos de bacalhau que comi nos últimos tempos. Justamente pela simplicidade na confecção, valorizando o peixe, sem molhos lambuzados ou fusions desnecessárias. Chama-se Posta de bacalhau Devons e, oficialmente, só está no cardápio da sexta-feira, como sugestão do dia, a R$ 85. Mas para os clientes que já conhecem – caso do nosso amigo à mesa -, basta pedir, em qualquer dia da semana, que será servida.
E como é pedido! Tanto que só perde para os grandes campeões da casa. Em primeiro vem o imbatível Prime rib Black Angus (R$ 85,90 a peça de 550g) – 10 a 15 pedidos por almoço -, que vem sendo a estrela da companhia desde a grande guinada da churrascaria, abolindo o já desgastado rodízio, há exatos três anos (escrevi na ocasião sobre isso). O segundo favorito é a Paleta de cordeiro Premium (da Castrolanda), uma peça de 1,1kg a R$ 125,90, temperada com especiarias, marinada com vinho branco, assada por quatro a cinco horas no fogo à lenha e acompanhada de tagliatelle, brócolis e batatas – 20 a 25 pedidos por semana. E que serve, muito bem, três pessoas. Se bobear, até quatro. Também nesse nível está a Costela bovina Angus, de 1,6kg (R$ 128,50), assada em fogo até quatro horas e temperada com sal grosso e com direito a dois acompanhamentos. E que serve até três pessoas.
Mas depois dos campeões o que vem é o bacalhau. Apenas para se ter uma ideia, somente nesta última terça-feira (08) foram vendidos 12, para clientes que já sabiam das manhas do menu. E quem descobre e pede a primeira vez, invariavelmente repete na próxima visita. Aliás, a churrascaria serve também outra variação, o Bacalhau à Gomes de Sá (R$ 55), este incluído diretamente na ementa. (Todos os preços informados têm o acréscimo de 10% de serviço.)
Fica aqui a dica. Repasso aos tantos que sempre me acompanham aqui neste espaço o prazer de ter provado e consumido um prato como poucos. E recomendo, cegamente. Sem erro, de bacalhau, um dos melhores da praça.
Devons Steak House
Rua Lysimaco Ferreira da Costa, 460 – Centro Cívico
Fone: (41) 3254-7073
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