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NOU Nikkei Cuisine chegou em alto estilo
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Tako ao Carbão (Tentáculos de polvo confitados em capim limão, grelhados em molho panka e missô e finalizado com ragu ao olivo e com batatas rústicas) – uma das atrações entre pratos principais do NOU Nikkei Cuisine. (Foto/ Divulgação)

Primeiro vamos conversar sobre a Cozinha Nikkei. Como se sabe, Nikkei é como se denomina o japonês que vive fora de seu país e, entre as várias migrações que fizeram, uma das mais significativas foi para o Peru, na virada dos séculos XIX e XX – o Peru foi o primeiro país com que o Japão estabeleceu relações diplomáticas na América Latina.

Milhares de japoneses que chegavam ao país imediatamente eram contratados para trabalhar nas grandes fazendas, nas plantações de cana-de-açúcar. Só que a grande maioria deles preferiu permanecer por lá quando seus contratos de trabalho foram encerrados. Procuraram novos empregos e alguns conseguiram até se estabelecer por conta em pequenas propriedades.

E como eram muito ligados à sua gastronomia, não abriam mão do estilo. Mas foram, progressivamente, inserindo ingredientes nativos peruanos aos seus pratos. Esse novo veio foi crescendo de tal maneira que se tornou praticamente uma nova assinatura gastronômica do Peru, combinando ingredientes antigos e de sabores específicos e utilizando as técnicas japonesas nos pratos tradicionais peruanos.

A partir da década de 1980 o conceito da Cozinha Nikkei se arraigou de vez pelo Peru, deixando de ser exclusividade de alguns nichos para se tornar estrela em restaurantes de primeira linha e se transformar em um importante trampolim para a projeção da comida peruana como destaque em todo o mundo.

NOU Nikkei Cuisine

O trio de ceviches, do clássico ao contemporâneo. (Foto/ Divulgação)

Já existem no Brasil alguns restaurantes funcionando com este conceito de cozinha. E agora Curitiba também ganhou o seu, com a inauguração do NOU Nikkei Cuisine. A ideia, concretizada agora, surgiu há algum tempo, e é fruto do interesse pela boa gastronomia dos amigos e, agora, sócios Luiz Henrique Demattê de Araujo e Lucas Filipe de Freitas.

O local é muito bonito, a começar pela fachada, escura, com a valorização do letreiro com o nome e algumas tochas acesas. O projeto, assinado pela Bender Arquitetura Curitiba, foi totalmente inspirado no oriente, mas misturando cores, texturas e traços característicos das culturas dos dois países. Internamente, à meia luz, as paredes escuras se abrem para plantas por detrás de vitrines iluminadas.

Para montar o cardápio da nova casa foi contratado um consultor peruano, o misterioso chef Amaru, de quem nada mais se sabe além disso. De onde veio? Onde está? É o famoso quem?

Dando uma pesquisada nos meus mapas, deparei-me com dois Amaru. Um deles conhecido exatamente como esse aqui, apenas por um nome e que foi responsável pela cozinha do restaurante Alfama, de Quito – Equador. Só que a especialidade deste é cozinha portuguesa. Não deve ser. O outro tem uma pista melhor: Hanzo, de Santiago – Chile. Este é especializado em cozinha nipo-peruana e um chef que passou por lá se chama Amaru Morales.

Mas, seja lá quem for o tal Amaru, importante que a comida é boa e traz a Curitiba exatamente o perfil da cozinha Nikkei em todos os seus itens. A começar pelos ceviches, uma espécie de cartões de visita do restaurante. E são três. O Peruvian Classic (R$ 38) é o tradicional de peixe branco ao leite de tigre, lâminas de cebola roxa, coentro, pimenta dedo-de-moça, finalizado com batata-doce glaciada e milho chulpi – aquele milho grande e claro. O Shake de salmão (R$ 38) tem os pedaços de salmão ao chutney NOU, cebolinha, leite de tigre, quinoa crocante, pepino japonês e é finalizado com harusame – aquele macarrão de feijão-verde japonês. O mais elaborado e mais intrigante deles é o Carretillero, mistura de frutos do mar, peixe branco e chicharron (um empanado, quase milanesa) de lula ao molho de leite de tigre, acompanhado de fios de batata-doce crocante.

O chef cevichero é o André Raulino, que no ano passado fez um belo trabalho de cozinha contemporânea no Maccheroni Contemporâneo – pena que durou pouco. Ah, sim, dá para pedir os três ceviches juntos, em porções menores, a R$ 60.

Barriga de salmão, trufa negra, cebolinha e massagô. (Foto/ Divulgação)

Também faz os Tiraditos, que são cortes especiais de peixes, lembrando sashimis, só que mais finos, e têm quatro opções: Nikkei (atum em molho oriental, crocante de grãos andinos e cebolinha – R$ 27), Tropic (salmão ao molho tropical, perfume de limão siciliano, coco crocante e finalizado com brotos orgânicos – R$ 27), Norteño (peixe branco em molho aji amarillo, leite de tigre, coentro e cubos de batata-doce glaciadas – R$ 27) e Tako ao Olivo (polvo ao molho de azeitona azapa, ragu de pimentão confitado, azeitonas e alcaparras, acompanhado de chips de massa guioza – R$ 30).

Há ainda, entre os frios, sugestões de niguiris especiais e contemporâneos, temakis, uramakis e os omakases, que são combos a lembrar (apenas no formato, mas com sabores mais requintados) os combinados dos restaurantes japoneses mais populares.

Vieiras gratinadas à parmesana. (Foto/ Divulgação)

As entradas quentes ou petiscos são os tapas, dentre os quais as causas, os anticuchos e, entre outras, as Vieiras à parmesana (Vieiras marinadas, perfumada em saquê e pisco, manteiga cítrica e gratinadas com queijo parmesão – R$ 38, cinco unidades).

Entre os pratos principais, peixe branco, salmão, atum, mignon, frango, um Pato confit (pato crocante com molho de laranja e hoisin, servido em crocante de harusame – R$ 56)) e um que achei o máximo, Tako ao Carbão (Tentáculos de polvo confitados em capim limão, grelhados em molho panka e missô e finalizado com ragu ao olivo. Acompanha batatas rústicas – R$ 56).

Suspiro 333, uma das sobremesas da casa. (Foto/ Divulgação)

São quatro as propostas de sobremesas, incluindo o Suspiro 333 (Tradicional manjar peruano servido em três versões, Clássico, Coco e Açaí, finalizados com merengue flameado. Acompanha sorbet cítrico – R$ 20).

O Nou Nikkei conta ainda com uma criativa oferta de drinques, por parte do bartender (ou será barman ou mixologista?) Gabriel Bueno, dos tradicionais às alquimias próprias, e a carta de vinhos tem interessantes opções de brancos e tintos a preços sem exageros. Ainda há espumantes, cervejas e saquês.

Fica aí a recomendação aos apreciadores da boa comida e, principalmente, aqueles mais chegados na gastronomia oriental e interessados na fusão com as raízes peruanas. Agora não precisa mais sair de Curitiba para o prazer de degustar essas experiências. Tem bem aqui, na cidade, com todos os quesitos necessários ao bom paladar.

A casa tem valett no local e funciona de terça à quinta das 19h às 23h30. Sexta e sábado, das 19h à 0h30.

A fachada do NOU Nikkei Cuisine, predominando os tons escuros. (Foto/ Divulgação)

NOU Nikkei Cuisine

Rua Fernando Simas, 333 – Bigorrilho

Fone: (41) 3538-6956

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