Lombo suíno grelhado com black rub e legumes, com molho de laranja, prato novo do cardápio do Officina.
Criativos, irrequietos, os meninos do Officina Restô Bar não param. Passei por lá dia desses para tomar alguns daqueles inspirados drinques do Zé (só Zé, o novo bartender) e fui surpreendido pelas novidades.
Os novos pratos tinham acabado de ser aprovados e entrado no já rico e saboroso cardápio da casa. “Vocês precisam provar” – insistiram. Provamos, com o maior prazer. E o resultado foi altamente compensador.
Como de resto tudo o que Vitor Verona e Felipe Machoski fazem. Encantei-me à primeira vista – ou à primeira mordida – quando tive oportunidade de conhecer o trabalho deles. Foi no início deste ano, quando assumiram a titularidade da cozinha do Officina, provavelmente o bar de Curitiba com as melhores e mais criativas opções em comidas. Não petiscos, não apenas isso, mas pratos completos mesmo (escrevi aqui, na oportunidade). Um bar onde se pode ir para jantar, como se estivesse em algum dentre os melhores restaurantes da cidade.
Os novos pratos adicionados ao cardápio fazem parte de um pacote de alterações que os dois jovens vêm fazendo desde o início do ano, trazendo mais personalidade e identidade para a gastronomia do Officina. Os novos pratos têm todas as características presentes com as quais ambos se identificam: modernidade, criatividade e juventude. E assim, aos poucos, o perfil do menu vai se tornando cada vez mais a cara dos dois, que partiram de um trabalho já pronto para ir moldando, passo a passo, o projeto que imaginaram.
Cones crocantes com mousse de queijo de cabra e tartare de beterraba.
E começaram a vir as novas atrações. Primeiro os Cones crocantes com mousse de queijo de cabra e tartare de beterraba (R$ 33). Aqueles canudinhos que são recheados com maionese nas festinhas caseiras ganharam um upgrade e o contraste da mousse com a crocância da beterraba proporcionam um resultado final bem agradável. A
Lagostin bomb.
outra entrada foi o Lagostin Bomb (R$ 29), um sanduíche de pão de limão com lagostim envolto em alga nori crocante, mais guacamole com uvas verdes. E ainda, de entrada extra, Steak tartare (R$ 35), que já existia no cardápio, mas que agora ganhou um acabamento mais simplificado, com a supressão de alguns ingredientes desnecessários. Agora só tem carne picada, mostarda à l’ancienne, cebola e ciboulette, sal e pimenta. Básico, mas com todos os sabores originais.
De prato principal veio primeiro o Spaghetti nero di seppia com lagostim e espuma de limão-cravo (R$ 51). Delicadíssimo, perfumado e de perfeito resultado final. O limão-cravo (ou limão-rosa, não confundir com limão galego, que é outro) está sendo, agora, redescoberto pelos cozinheiros. É aquele limão de casca vermelha que cresce no fundo do quintal e que não é tão ácido como o taiti e muito aromático.
O outro prato recém-lançado é o Lombo suíno grelhado com black rub e legumes, com molho de laranja (R$ 45). Black rub é aquele composto feito com açúcar mascavo, sal marinho, alho, cebola, pimenta preta, pimenta caiena e carvão ativado (há variações) e que é utilizado no revestimento externo de peças de carne para irem à brasa. Aqui, a utilização é inteirada e o resultado final é bem conveniente. No complemento de legumes, o molho de laranja vem dentro das pétalas de cebola. Bacana.
Além dos pratos novos, os demais clássicos da casa foram revisitados, deixando todos mais modernos, técnicos e refinados.
Os drinques
Os drinques do bartender Zé, contemplando mulheres famosas na literatura. (Foto/ Simone Meirelles)
Desde os primeiros momentos, o Officina Restô Bar marcou pela criatividade dos drinques servidos. Com a saída do bartender Diego Bastos – que era uma das identidades da casa -, foi encontrado um substituto à altura, uma aposta na medida. Zé (José Augusto Swaiger, ex-Nomade) já chegou pondo as manguinhas de fora, ao se inspirar em grandes personagens femininas da literatura para compor sua primeira carta de coquetéis.
O Emília (Monteiro Lobato) tem cachaça Doministro Jequitibá, purê de manga, xarope de rapadura, salsão, suco de limão e angostura. Já o Cecília (José de Alencar), leva gim Amázzoni, purê de abacaxi, xarope de açúcar, suco de limão, rúcula e tabasco, enquanto o Gabriela (Jorge Amado) é feito com cachaça Yaguara, xarope de canela, xarope de especiarias, suco de limão e tintura de cravo da índia.
Gosto do Anita (Garibaldi), feito com gim Amázzoni, suco de abacaxi com pepino e erva-mate e xarope de açúcar, que é servido numa cuia de chimarrão. Mas ainda são homenageadas outras personagens marcantes em livros, como Iracema, Capitu, Dulcinéia, Julieta, Lolita, Alice, Anna Karenina, Sabina e a autora Sei Shonagon.
Provar um drinque desses é quase como viajar pela memória do que tivemos a oportunidade de ler e aprender. E a proposta da casa é justamente a de harmonizar petiscos e pratos principais com os coquetéis ali concebidos e elaborados. O que vem dando certo, embora haja – em número pequeno, é verdade – cervejas e vinhos disponíveis.
Vale tudo muito a pena, sentir a criatividade, tanto dos dois cozinheiros quanto do bartender, que conseguem se harmonizar com esmero na entrega do resultado final.
A casa funciona de segunda a sábado, a partir de 18h.
Steak tartare, agora mais simples: carne picada, mostarda à l’ancienne, cebola e ciboulette, sal e pimenta.
Officina Restô Bar
Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1154 – Bigorrilho
Fone: (41) 3402-0986
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