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Alexandre de Souza, coordenador dos laboratórios em Pato Branco, fala a alguns alunos. (Foto: Divulgação)
Alexandre de Souza, coordenador dos laboratórios em Pato Branco, fala a alguns alunos. (Foto: Divulgação)| Foto:

Carol Nery, especial para a Gazeta do Povo

Primeira cidade do Sul do país a receber a Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia e cultura geek do mundo, em outubro de 2017, Pato Branco, na região Sudoeste, ganhou esta semana dois laboratórios de tecnologia de acesso público do projeto Include, do Instituto Campus Party (ICP). A ideia do Include é criar e montar os espaços de robótica por meio de parcerias para aproximar jovens de até 18 anos moradores de comunidades carentes da tecnologia.

O intuito é identificar talentos dentro dessas comunidades menos favorecidas, criar vias para que possam estudar em escolas especiais, encaminhá-los ao mercado de trabalho, para que saiam com emprego após a participação no programa e, mais do que isso, prepará-los para que consigam levar soluções para a própria comunidade, usando a tecnologia, sem depender da ajuda externa.

O lançamento oficial dos laboratórios em Pato Branco, que receberam um investimento de R$ 200 mil, aconteceu na Casa da Indústria, com a participação do presidente do ICP, Francesco Farruggia. Os espaços, cedidos pela prefeitura, poderão formar um total de 300 alunos de 8 a 18 anos nos próximos dois anos. “O número de beneficiados parece baixo para o período, mas é um processo viral, porque quando voltam para casa fazem a inclusão dos pais e irmãos.” Após o período de 24 meses, será preciso buscar novos apoiadores ou renovar a parceria com as empresas que apoiam neste momento, conta Farruggia.

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O objetivo, diz ele, é que 30% a 40% dos estudantes tenham conhecimento suficiente para ganhar dinheiro na própria comunidade com a aplicação do que aprenderam, assim como encontrarem soluções para a resolução de problemas desses locais. “Se você entra em um processo com a ferramenta tecnológica, você pode mudar sua vida e a vida da comunidade. Será o primeiro laboratório a testar um mecanismo, no qual o Sebrae, que funcionará como incubadora dentro dos laboratórios, irá identificar quem tem condições de ser empreendedor.”

Além do Sebrae e do ICP, os laboratórios foram viabilizados em parceria com o Instituto Regional de Desenvolvimento Econômico e Social (IRDES), a empresa Fogões Petrycoski, responsável pelo aporte financeiro, o Instituto Nova Ágora de Cidadania (INAC), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e a prefeitura de Pato Branco.

Conhecimento de drones e impressão 3D estão na programação 

As salas de aula têm aproximadamente 50 metros quadrados, com mobiliário próprio para o projeto, equipadas com computadores, impressoras 3D, drones, óculos de realidade virtual, peças de robótica e material didático. Os laboratórios serão conduzidos por um coordenador e dois monitores, que são da própria comunidade. Eles recebem a formação e depois atuam dentro dos espaços.

Um dos laboratórios do ICP em Pato Branco. (Foto: Divulgação)

A cada seis meses os jovens das primeiras turmas serão capacitados pelos cursos básico e opcional, com metodologia da Tron, baseada na robótica educativa. Os conteúdos do primeiro módulo abrangem desde programação, eletrônica básica, mecânica, ferramentas, robótica educacional, maker e aplicada, até conhecimento em drones.

O segundo módulo oferece modelagem 3D, impressão 3D e noções básicas de aplicativo. Em ambos espaços, a internet será liberada pela Ampernet. “Queremos desmistificar a tecnologia, ao mostrar que é acessível e próxima, bastando vontade, estudos e criatividade inovadora, criando perspectivas para um novo futuro aos jovens participantes”, afirma o coordenador de instrutória dos laboratórios em Pato Branco, Alexandre de Souza.

Eles também serão os primeiros a receber oficinas de empreendedorismo criativo no formato Hands On, com foco em desenvolvimento de projetos. Essas oficinas serão ministradas pelo Sebrae e, futuramente, replicadas nos demais laboratórios Include de todo o país, aproximando os alunos do universo empreendedor e gerando novas oportunidades. O Include nasceu na primeira edição da Campus Party Bahia, em outubro de 2017 e teve sua primeira unidade inaugurada em Canudos. Ainda esse ano, serão inaugurados mais 100 laboratórios em 11 estados brasileiros. A meta é implementar um total de 10 mil nos próximos quatro anos.

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Chegada do Include ajuda a consolidar vocação tecnológica de Pato Branco

Com cerca de 80 mil habitantes, Pato Branco é vista como um polo de tecnologia e inovação há alguns anos. A chegada do projeto Include representa a consolidação do que se pretende em termos de aproximar, colocar em prática e estreitar os conceitos de tecnologia e inovação com a população, destaca o prefeito da cidade, Augustinho Zucchi. “Por meio dessas unidades, estruturadas com equipamentos, metodologia própria e professores especializados – entre eles, jovens dos próprios bairros capacitados –, as pessoas poderão vivenciar, dentro do seu ambiente, que a tecnologia e seus componentes são instrumentos vivos para fomentar novas oportunidades.”

Entre seus projetos, Pato Branco tem a intenção de tornar-se uma cidade referência em tecnologia, principalmente em produção de software e eletroeletrônicos. As ações incluem o Parque Tecnológico Binacional e a Inventum, feira de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pato Branco, que atrai milhares de visitantes. Para o presidente do IRDES e empresário Cláudio Petrycoski, a iniciativa tem muita importância, principalmente por dar a oportunidade a jovens que, de outra forma estariam fora ou em condições de menor competitividade no mercado de trabalho. “Acreditamos em investimentos nesta louvável proposta da Campus Party pelas possibilidades transformadoras que representa”.

UTFPR e Parque Tecnológico foram primeiros incentivos ao município

O sonho de investir em tecnologia teve início há mais de 20 anos, com a implantação do antigo Cefet, atual Univer­­sidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e ganhou força com a criação, em 1997, do Parque Tecnológico de Pato Branco (PTBC), que tem capacidade para abrigar 60empresas incubadas, além de cinco laboratórios de certificação, laboratórios de pesquisa e empresas consolidadas, que desenvolvem pesquisa e novos produtos de base tecnológica.

O parque não compreende apenas um espaço físico com várias empresas. Toda a área do município é considerada ambiente tecnológico, e as empresas do segmento estão espalhadas em vários pontos da cidade. Um dos atrativos está na tributação diferenciada desse segmento, estabelecida pela Lei Estadual 15.634/2007, que prevê redução de até 80% no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para empresas do ramo eletrônico que se instalam nos municípios de Pato Branco, Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado, e Foz do Iguaçu, no Oeste.

Há alguns anos o polo atrai empresas como a fabricante chinesa de bobinas e cones usados na montagem de alto-falantes, GX-Áudio; uma das líderes brasileiras na produção de aparelhos de GPS, Movix; e a Soft Sistemas Eletrônicos, que atua na montagem de travas elétricas para automóveis. Uma das empresas mais antigas é a Viasoft, fabricante de softwares empresariais, que iniciou suas atividades em 1990.

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