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III Conferência Municipal de Cultura
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Depois do governo do estado ter realizado em novembro um seminário sobre economia criativa chegou a vez de Curitiba discutir o tema. Nos dias 17 e 18 de dezembro acontecerá a III Conferência Municipal de Cultura com o tema: “Políticas Públicas para a Cultura e Economia Criativa”.

Marino Jr

Os objetivos destes eventos parecem os mesmos: No estado desencadear o processo de elaboração de um plano Estadual de Economia Criativa. No âmbito municipal a conferência pretende apresentar sugestões para o Plano Municipal de Cultura.

Desde que o Brasil foi confirmado como sede da copa do mundo parece que ministério e secretarias de cultura do país inteiro tornaram-se estratégicas. Tão estratégicas a ponto de se envolver na solução de problemas que vão do urbanismo ao teatro de rua. Do transporte público à moda que se vê pelas ruas.

Por um lado isso é muito bom. Afinal a cultura está e sempre esteve em tudo. Mas será que no caso do Paraná e de Curitiba, tais discussões, seminários e planos culturais irão realmente mudar a mentalidade de um povo que consome tão pouco a sua própria arte? O resultado trará efetivamente recursos para o setor cultural e o fortalecerá como um elo importante na cadeia de consumo? Como poderá uma secretaria de estado da cultura com um orçamento tão pequeno colocar em prática o resultado de tantas discussões?

Recentemente a Ministra Anna de Holanda publicou uma carta em que afirma existir um forte interesse de investimento na cultura e que esta transcende o conceito de arte. Ou seja: a ministra quer dizer que existe um mercado em potencial e é hora de dialogar com este mercado. Que urge uma visão empresarial por parte dos artistas que devem buscar especialização organizativa e empresarial para seus negócios artísticos.

Obviamente ninguém é contra a discutir alternativas para que a arte dependa menos do setor público e possa haver um mínimo de sustentabilidade e autofinanciamento, criando empregos e pagando impostos. Porém parece conflitante discutir com tanto afinco uma política cultural mercantilista, quando ainda se fala em acessibilidade, democratização, contrapartida social e meritocracia de projetos culturais.

Paradoxalmente parece estranho que o governo ainda não tenha identificado no riquíssimo mercado cultural seus parceiros potenciais. Parceiros que poderiam por em prática qualquer ação concreta de economia criativa, ao menos no âmbito artístico.

Aos artistas cabe a sensação de estar sendo manipulados como personagens de uma tragédia shakespeariana, pois a verdade, que ninguém ainda respondeu é: como fomentar o consumo de uma cultura que já está disponível no mercado há tanto tempo?

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