A inflação medida pelo IPCA no Brasil nos últimos 12 meses foi de 4,5%, exatamente a meta de inflação. Como é esse o indicador que baliza as decisões do Banco Central sobre a taxa de juros, a Selic tem estado estável. O BC vinha reduzindo a taxa de juros, mas parou de fazer isso quando a inflação se aproximou da meta. Isso só vem acontecendo porque a inflação tem dois grupos de produtos e serviços: aqueles que são determinados livremente no mercado, e que subiram só 2%, ou os que são determinados por regras ou pelo governo, como tarifas públicas, que subiram em média 11,4%. São esses preços que impedem a inflação de ser mais baixa e, por consequência, a taxa de juros ser menor. Um exemplo pode ajudar a entender melhor: a tarifa de energia elétrica, que só esse ano subiu, em média, quase 14%. Em parte, houve um seca que reduziu a oferta de energia proveniente de hidrelétricas e isso encareceu o custo. Isso é normal. Mas, além disso, há uma série de penduricalhos que pagamos no preço da energia elétrica — e a quantidade e valor têm aumentado. O que é mais grave é que isso pode aumentar. O governo mandou um projeto de privatização de parte do sistema Eletrobras, que deveria exatamente melhorar a eficiência no setor e baratear o custo para o consumidor. No meio do caminho, o Congresso colocou novos penduricalhos e isso pode fazer com que a nossa conta de energia elétrica fique ainda mais cara.
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