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Top 10 – Livros Sobre a Máfia – Parte 2
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No dia 15 de agosto de 2012 escrevi a primeira parte desse post, com 5 grandes livros que contam histórias verdadeiras e insanas de personagens da Cosa Nostra americana. Agora, com um pequeno delay, consegui terminar a segunda parte do texto que estava rascunhada há pelo menos três anos. Se você quiser dar um pulo em 2012 para ver a primeira parte do post, pode clicar AQUI. Ou vamos direto ao que interessa:

06 – The Sinatra Club – My Life Inside the New York Mafia – de Sal Polisi e Steve Dougherty

Sal Polisi era filho de um contrabandista de uísque no período da Lei Seca que fazia parte do clã Profaci-Colombo, uma das cinco famílias controladoras da Máfia nos EUA. Polisi era um vigarista de terceira categoria que agia em parceria com Fox Jerothe e Tommy DeSimone. Tommy, se vocês lembram de Os Bons Companheiros, é o personagem de Joe Pesci que trabalhava sob a ordens de De Niro (Burke) em parceria com Ray Lliota (Henry Hill).

Sinatra é o nome do clube social aberto por Polisi no começo dos anos 70 e que era frequentado por gangsters do calibre de John Gotti e Jimmy Burke que, segundo Polisi, rapava toda a grana de Gotti no 21. O ponto alto do livro é mostrar justamente a ascensão de um jovem e ambicioso Gotti no crime, de um astuto assaltante de mercadorias no aeroporto J.F.K. a chefe mais poderoso da Máfia americana. A versão de Polisi sobre a morte de Foxy Jerothe por DeSimone, um sujeito repugnante que andava com duas armas na cintura e por isso levava o apelido de Tommy “Two Guns” DeSimone, também é memorável.

Sal Polisi

Sal Polisi

07 – Os Bons Companheiros (Goodfellas) – Nicholas Pileggi

Se você achou eletrizante o filme de Martin Scorsese precisa ler esse livro de memórias de Henry Hill, o garoto irlandês “adotado” por Paul Vario, capo da Família Lucchese e Jimmy Burke, gangster irlandês que liderava uma perigosa quadrilha de assaltantes e contrabandistas.

Hill trabalhava com Tommy DeSimone e quase não dá para acreditar no estilo de vida desses mafiosos nos anos 60 e 70, quando J. Edgard Hoover ainda não tinha aberto os olhos para o crime organizado – ou, como suspeitam alguns, Carlo Gambino segurava bem firme suas pálpebras com generosos maços de dinheiro. A vida, segundo Hill, era realmente uma festa e não havia ninguém que poderia impedi-los de comemorar, seja atirando nos pés de um barman para que este dançasse, seja levando um cavalo para a pista de dança de uma boate.

O assustador Tommy DeSimone

O assustador Tommy DeSimone

Há tantos pontos altos no livro, como por exemplo, a temporada na prisão de Lewisburg em que sujeitos como Gotti (esse tá em todas), Vario e Johnny Dio, além de Carmine Galante, o boss da família Bonano, em que eles retratam o local como “um clube de campo da Máfia italiana”. Mas os melhores momentos são sobre o evento conhecido como Lufthansa Heist, o maior roubo da história dos EUA até então e a consequente carnificina comandada por Jimmy Burke para eliminar suspeitos que levassem a polícia até ele. Digno dos melhores livros de romance policial. Além do final onde Hill tenta traficar, cozinhar e escapar da polícia ao mesmo tempo. Um clássico do cinema, da literatura e da própria Máfia.

Paul Vario, o sinistro chefe da Família Lucchese que comandava seus negócios de dentro de  um ferro-velho.

Paul Vario, o sinistro chefe da Família Lucchese que comandava seus negócios de dentro de um ferro-velho.

08 – Underboss – Story of the Life in the Mafia – Peter Maas

Biografia do maior rato da história da Máfia, Sammy The Bull Gravano, o sub-chefe da Família Gambino quando John Gotti dava as cartas por lá. Um livro absolutamente fascinante com histórias quase surreais, contadas em detalhes alucinantes da vida desses caras, sempre envolvidos com algum esquema picareta de extrair dinheiro fácil ilegalmente ou, de maneira assombrosa, como podiam ser instados a assassinar qualquer um com a frieza de um homem de gelo. Aliás, esse era o apelido de Sammy, que tinha ao menos 19 mortes nas costas.

Sammy Gravano

Sammy Gravano

Gravano conta cenas como a do seu primeiro assassinato, aquele que o levaria a ser aceito na Máfia:

“I set up that me, Frankie, Tommy and Joe would spend the night bouncing around from one club to another. That was some irony there. Here was Joe Colucci joking and drinking it up with Tommy, who was coming on to his wife, the guy Joe wanted dead. Here was Frankie, who was in on both sides of the story. And there was me, on my first hit, the hunter and the unted, all at once. Just another day in the life of organized crime.

Os melhores momentos são a conspiração desesperada de Gotti para assassinar o chefe da Máfia nos EUA, Paul Castellano, e tomar o poder para si e seu ego do tamanho da velha Sicília. Um crime definitivamente cinematográfico, em plena Wall Street, na hora do rush e a uma semana do Natal.

09 – Murder Machine – Gene Mustain and Jerry Capecci

De todos esse é o mais fascinante dos livros que li até agora sobre a Máfia. Uma mistura de enredo policial com suspense de terror. Murder Machine fala sobre um escalão mais baixo do sistema de organização das famílias, o dos bandidos de rua, traficantes, assassinos e ladrões de carro. Murder Machine é a história da poderosa quadrilha de Roy DeMeo, um soldado da Família Gambino comandado pelo capo Nino Gaggi, braço direito de Paul Castellano e rival não declarado de John Gotti, outra força em ascensão – que assumira o posto de capitão na família com a ‘aposentadoria” de Carmine Fático.

Roy DeMeo, muito antes de Breaking Bad ele já dissolvia corpos em latões de ácido

Roy DeMeo, muito antes de Breaking Bad ele já dissolvia corpos em latões de ácido

DeMeo fazia tanto ou mais dinheiro do que Gotti para os chefes. O que tinham em comum era que Castellano não gostava de nenhum dos dois por serem “bandidos das ruas”. Após a morte de Carlo Gambino, o herdeiro Paul começou a valorizar os crimes do tipo “colarinho branco” em detrimento dos assaltos e jogatinas o que, de certa forma, fez com que soldados como Gotti e DeMeo se voltassem contra ele – com o apoio do sub-chefe Aniello Dellacroce, preterido por Gambino para suceder-lhe.

DeMeo era chamado de açougueiro pelos seus métodos de se livrar de um corpo indesejado, por exemplo. Ele usava um porão no quarto escuro de seu clube, o Gemini’s Lounge, para dissolver os corpos – antes disso, ele desmembrava-os com a precisão de um açougueiro. Diz um dos muitos informantes do FBI que traíram DeMeo por medo de terem o mesmo destino, que ele fazia isso enquanto comia uma fatia de pizza. DeMeo matou ao menos 50 pessoas, segundo o livro. Você pode ver a quadrilha aqui, nesse vídeo caseiro: https://www.youtube.com/watch?v=4LArer9kOtk

Enfim, não há nada de glamouroso na vida desses caras, apesar de histórias inacreditáveis do que eles eram capazes de fazer e da vida que levavam. No final todos acabaram do mesmo jeito: De Meo foi assassinado pelos seus próprios parceiros e colocado no porta-malas de seu carro. Gotti pegou prisão perpétua e morreu de câncer nos ossos. Burke e Vario tiveram o mesmo destino, assim como Sammy Bull está apodrecendo em algum presídio federal dos EUA. Tommy DeSimone desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. Hill e Polisi viraram a casaca e se tornaram informantes, vivendo escondido sob nomes diferentes nos confins da América.

10 – Aliança do Crime – Dick Lehr e Gerard O’Neill

É o livro sobre o recente filme com Johnny Depp interpretando Whitey Bulger (ele ficou idêntico e acho que vai levar o Oscar), chefão da máfia irlandesa de Boston e notório dedo-duro preso recentemente. Bulger era associado de Jerry Angiulo, da Máfia italiana, que trabalhava sob as ordens de Ray Patriarca e tinha uma grande rivalidade com Henry Tameleo, o sub-chefe que tinha sob suas asas um trambiqueiro chamado Vincent Teresa,  autor do livro #2 dessa lista (ver link acima). No cinema já existe uma versão dessa história em um filme de Martin Scorsese, O Infiltrado, com um Jack Nicholson absolutamente genial no papel de Bulger, então chamado Frank Costello.

Eu poderia citar outros livros como Gomorra, por exemplo, ou a biografia de Big Joey Massino para o décimo posto. Mas esse Aliança do Crime é o mais atual já lançado,  ainda não acabei de lê-lo, e ele pode figurar por aqui por ter-me feito querer terminar esse post começado no longínquo ano de 2012.

Benett

 

P.S. – O link para a primeira parte desse post > https://www.gazetadopovo.com.br/blogs/salmonelas/top-10-livros-sobre-a-mafia-parte-1/

P.S. 2 – Link quebrado, link quebrado. Sempre aparece essa m#rda…

 

 

 

 

 

 

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