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Necessidade ou deselegância?
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A vida na palma da mão vem causando um fenômeno de ‘alta atenção para a tela’ de um smartphone e uma ‘baixa atenção para quem está ao nosso lado’.

É cada vez mais comum participarmos de reuniões ou encontros corporativos onde em meio a conversa as pessoas param de falar com você para simplesmente checar as mensagens de celulares. Quando me deparo com situações como essas me sinto desconfortável porque, a mensagem, naquele momento é algo mais interessante se comparado a conversa que estou levando com a pessoa. Tenho a certeza que muitos dos leitores já passaram por essa situação.

Ainda mais indiscreta é a pessoa que finge que presta atenção naquilo que você fala enquanto checa as mensagens, diz “pode falar que estou ouvindo” e continua digitando no celular. A vontade neste momento é dizer: “Camarada, faz o que você precisa que eu espero, aí a gente fala”, mas nem sempre dá para usar dessa carta na manga.

Ouvir é diferente de escutar a pessoa. Ou seja, com o advento dos dispositivos de mensagens instantâneas nós estamos perdendo a sensibilidade, tudo fica muito abstrato nas conversas. No mercado de trabalho, os profissionais que ‘sabem ouvir’ as outras pessoas costumam ser mais assertivas e trazem melhores resultados. Isto porque elas não perdem o foco, buscam entender as demandas e os anseios de seus interlocutores.

Humanamente é impossível fazer com qualidade várias coisas ao mesmo tempo. Se a pessoa não parar para se dedicar a ouvir, ela fará as coisas superficialmente, mesmo tendo uma avalanche de atividades via celular que acha que resolveu.

Além de ser improdutivo, mexer nos dispositivos eletrônicos para responder as mensagens  enquanto fala com outro é algo deselegante, beirando a falta de educação em determinados casos. Já presenciei em reuniões corporativas a chefia chamando a atenção de profissionais que digitavam enquanto colegas faziam importantes explanações.

Mas como resolver isso? O fato é que os dispositivos e aplicativos são ferramentas maravilhosas e vieram para facilitar nossas vidas. Porém, nós é que não sabemos utilizá-los. Tudo que é em excesso tende a ser ruim. Pior: estamos deixando as futuras gerações mal-educadas e condicionadas a agir da mesma forma com a desculpa de que ‘eles já nasceram digitais’. Ora, ninguém nasce digital, a criança como um ser pensante é intuitiva, então vai repetir o que nós adultos fizermos perto dela. Se passamos o dedo na tela do celular para ver mais fotos, é óbvio que o bebê, após ver algumas vezes ,vai proceder da mesma forma. Não tem nada de ‘nascer digital’ nessa história. Dizer isso seria o mesmo que afirmar então que o ser humano nasce mal-educado.

A questão nisto tudo é que precisamos nos policiar e buscar ter mais bom senso na utilização dos dispositivos. Uma boa alternativa para quem precisa usá-los como ferramenta de trabalho é criar formas de checar mensagens de tempos em tempos. Você determina o espaço, desde que não seja sempre instantaneamente.

Outro ponto é fazer uma autoanálise antes de apontar o dedo para alguém. Veja se você também não está agindo desta forma em casa, na mesa de bar com os amigos, e claro, no ambiente de trabalho com os colegas. Se você se reconhecer como tal, não fique preocupado, você é só mais uma ‘vítima da circunstância”, porém faça algo para mudar.  Não é difícil, é uma questão de disciplina.

E após isso, quando você se deparar com pessoas que lhe deixam no ‘vácuo’ quando estiverem em pleno diálogo, trocando você pela mensagem, não deixe de dizer com elegância e educação: “Por favor, atenda antes e depois continuamos”.   Precisamos mudar esse modo de pensar, antes que todos queiramos falar com todos e todos nós ficaremos falando sozinhos.

 

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