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Nos últimos dias um caso ocorrido no Ministério do Trabalho brasileiro causou bastante repercussão na mídia e nas redes sociais. A contratação de um jovem de 19 anos feita pela pasta para controlar importantes contratos abriu inúmeros questionamentos, pois o ‘garotão’ como ficou conhecido o profissional, teria entre suas responsabilidades a administração de mais de R$470 milhões anuais.

Detalhe, o rapaz não tinha experiência alguma em gestão que justificasse a contratação. Logo nos primeiros dias ele assinou a liberação de uma verba extraordinária de R$ 23 milhões a uma empresa, e dias depois, foi desligado da função em meio a toda polêmica.

Enfim, o que esse caso se relaciona com a gestão de pessoas e carreiras? Embora isolado e algo que é comum acontecer em situações politiqueiras ele nos faz refletir, pois nas redes sociais e nas rodas de conversa surge o questionamento: “um garoto de 19 anos com um cargo desta importância? Isso não pode? ”. Outras tantas pessoas me perguntaram se existe uma idade média para assumir o cargo de gestão em organizações.

A minha resposta para esta questão é que depende muito do contexto da companhia e de sua cultura. É fato que um jovem, por mais preparado que ele possa estar para assumir um importante cargo, lhe falta ainda a experiência e maturidade e isso não vem do dia para a noite, é um processo, uma construção feita ao longo do tempo e de horas trabalhando em determinada carreira. Geralmente, falta a esse jovem a vivência em assuntos e o traquejo para lidar com situações embaraçosas. Posso afirmar isso porque quando jovem assumi uma importante função e a falta de experiência me colocou em um cenário ainda mais desafiador. Anos depois percebi que poderia ter feito tudo diferente.

Mas como lidar com isso dentro das organizações? Volta e meia esse assunto aparece e a empresa precisa estar ciente dos riscos e olhar muito para sua cultura. Antes de elevar o cargo de uma pessoa, o Recursos Humanos e o gestor direto precisam avaliar se esse jovem profissional tem potencial – ou seja – até onde ele pode chegar. Deve ainda levar em conta o seu desempenho, seja internamente, ou expresso no currículo e, após entregue o desafio, dar todo o apoio para que essa pessoa possa desempenhar a função com propriedade.

As empresas que preferem dar oportunidades para jovens executivos geralmente são de cultura americana, onde é fácil encontrar gestores na faixa de 25 a 35 anos. O setor de tecnologia é um grande empregador de perfis como esses. Já as companhias europeias têm na experiência o principal foco na contratação de líderes e a idade para essas funções tem uma média acima dos 40 anos. Já as asiáticas e orientais preferem os executivos mais velhos. Inclusive já tive demanda de pedidos para buscar perfis acima de 50 anos.

A questão é buscar errar o menos possível no momento de selecionar. Juntar experiência, vivência e resultados aliados ao perfil comportamental é a forma ideal. E isso vale para qualquer idade. Para os jovens que queiram assumir, o agravante é ainda não ter vivido o suficiente para ter um respaldo no momento de tomar decisões difíceis. Para estes indico que, vindo a assumir um cargo desse porte, que use da humildade para o êxito. Não deixe o ‘poder’ tomar conta, aprenda com os mais velhos, compartilhe informações, ensine quem está chegando. E se errar, admita e aprenda com o ocorrido, essa é a melhor forma de amadurecer, aliás, a maturidade você alcança com o dia a dia e com a autoavaliação de suas próprias ações.

 

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