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Werner Heisenberg foi um dos pioneiros da mecânica quântica. (Foto: Bundesarchiv)
Werner Heisenberg foi um dos pioneiros da mecânica quântica. (Foto: Bundesarchiv)| Foto:

Novembro está aí, e com ele o tal “congresso da felicidade” que mistura física quântica com espiritualidade. Em julho já causamos bastante treta com o tema, mas gostaria de trazer mais uma opinião. É a do professor José Motta Filho, engenheiro civil, professor de Física no Colégio Positivo e professor de Cálculo Diferencial e Integral na Universidade Positivo. Em artigo escrito especialmente para o Tubo de Ensaio, ele explica até onde se pode ir de forma honesta nessa tentativa de juntar física quântica e conceitos religiosos.

Werner Heisenberg foi um dos pioneiros da mecânica quântica.

Werner Heisenberg foi um dos pioneiros da mecânica quântica. (Foto: Bundesarchiv)

Física quântica, espiritualidade e as pseudociências

José Motta Filho

É complexo e ao mesmo tempo encantador quando refletimos acerca da infinita curiosidade do homem, desde o tempo das cavernas, quando ainda procurava apenas reconhecer e compreender os elementos naturais que o cercavam, até os dias atuais, em que se investe muito tempo, dinheiro e intelecto a fim de desvendar os mistérios escondidos no macrocosmo – com as extraordinárias viagens espaciais, seus equipamentos e tecnologias – e no microcosmo, com o estudo dos eventos subatômicos, saltos energéticos e quantizações.

Quando nos concentramos apenas na esfera microscópica da matéria, vemos gênios notáveis como Max Planck e a sua constante para o cálculo da energia de um fóton, ou como Albert Einstein e sua fantástica explicação do efeito fotoelétrico, e somos inseridos em um novo mundo: a mecânica quântica. Certamente esse novo mundo da Física está repleto de muita investigação sobre a estrutura da matéria, incertezas e causalidade, sendo que esta última acabou proporcionando uma intensa ligação da Física a conceitos de filosofia, neurociência e espiritualidade.

De fato, o estudo das partículas subatômicas nos leva a um paradoxo espaço-temporal, no qual uma mesma partícula pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Nesse ponto, somos remetidos a um fator extremamente relevante: a importância do observador desses eventos. Heisenberg nos diz que não podemos obter soluções precisas em níveis microscópicos. Enquanto um átomo não é observado, ele é apenas um feixe de possibilidades, mas, quando é observado, assume a forma vista naquele instante. Dessa maneira, entendemos que a realidade não é um elemento puramente externo, como preconizava a mecânica clássica, mas sim uma construção da mente do próprio sujeito vivo e pensante. Portanto, com base nessas ideias, pode-se entender que o ser humano é o grande protagonista e responsável por aquilo que lhe ocorre.

Diante desse emaranhado interdisciplinar, é possível concluir que há uma intensa e dinâmica interação entre os diversos elementos existentes, tanto em nível de subpartículas atômicas quanto no mundo visível que nos rodeia. E isso tem dado sustentação às questões que envolvem as crenças e a espiritualidade dos seres humanos. Desde o instante em que o homem concluiu que partícula e onda são fenômenos de mesma natureza, também foi possível admitir que matéria e energia são manifestações diferentes da mesma realidade física, podendo converter-se de uma em outra, dadas as condições para que isso ocorra.

Ancorado nessa perspectiva, é admissível que a consciência humana interfira e produza realidade física, a partir de uma fonte implícita e abstrata de energia cuja origem pode ser atribuída a um ser supremo, um ser extradimensional, um Criador. Ciência e religião se complementam nessa extraordinária odisseia que vários físicos modernos imprimem a fim de compreender e descrever as razões da existência humana, da existência de Deus e da não efêmera energia que move e dá vida a todos os seres. É de se esperar que ciência e religião, de mãos dadas, em perfeita harmonia, possam conduzir o homem no grande espetáculo da vida, possam levá-lo a conhecer a si próprio e possam manter viva a incomensurável curiosidade de querer ir além das fronteiras do infinito.

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