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Michael Murray, da Fundação John Templeton, traz boas notícias para quem está interessado em desenvolver projetos de ciência e fé na América Latina. (Foto: Reprodução/YouTube/John Templeton Foundation)
Michael Murray, da Fundação John Templeton, traz boas notícias para quem está interessado em desenvolver projetos de ciência e fé na América Latina. (Foto: Reprodução/YouTube/John Templeton Foundation)| Foto:

Uma das maiores reclamações dos especialistas reunidos em Oxford para o workshop sobre ciência e religião na América Latina foi a dificuldade de obter financiamento para projetos nessa área. Burocracia excessiva, a baixa prioridade dada ao tema e até mesmo um certo preconceito na academia em relação a qualquer coisa que envolva religião atrapalham um bocado, contaram os pesquisadores que estiveram no evento de setembro na Inglaterra.

Mas uma ótima mudança está para chegar, ao que tudo indica. Entre os grandes financiadores de projetos ligados à relação entre ciência e fé está a Fundação John Templeton (JTF), que pela primeira vez resolveu realizar uma reunião de seu conselho na América Latina: a cidade escolhida foi o Rio de Janeiro, e o evento começa amanhã. O filósofo Michael Murray é vice-presidente de Programas da fundação, e conversamos um pouco sobre as perspectivas para uma presença maior da Templeton na América Latina. “Nós podemos ampliar os recursos disponíveis na região de várias maneiras diferentes. Primeiro, trabalhamos com o Centro Ian Ramsey, em Oxford, para tornar a JTF mais visível e encorajar especialistas e instituições da região a buscar financiamento diretamente conosco. Além disso, podemos providenciar recursos para pesquisadores qualificados apresentarem propostas competitivas dentro do total de pedidos que recebemos. Nisso também esperamos contar com o Centro Ian Ramsey. Ainda podemos buscar outros financiadores cujos interesses coincidem com os nossos e que teriam interesse em bancar projetos na América Latina. Por isso também os estamos trazendo ao Rio para conhecer melhor as necessidades e capacidades da região. E, por fim, queremos conscientizar instituições, agências governamentais e filantropos locais para que vejam o valor de financiar projetos nessa área para que a região possa caminhar com as próprias pernas, e por isso o encontro também terá a participação de alguns líderes importantes nesse campo”, descreve. Alguns desses esforços já estão dando fruto, segundo Murray. Em 2013, a JTF recebeu propostas vindas de nove países latino-americanos; no ano anterior, eram seis. Atualmente, a Fundação banca oito projetos na América Latina e Caribe, somando US$ 1 milhão: dois projetos na Argentina, dois na Guatemala, um nas Bahamas, um no Peru, um em Porto Rico e um no México. Há um projeto brasileiro e um chileno em avaliação. Murray acredita que, em três anos, será possível elevar para US$ 3 milhões anuais o valor total investido em projetos na América Latina.

Michael Murray, da Fundação John Templeton, traz boas notícias para quem está interessado em desenvolver projetos de ciência e fé na América Latina. (Foto: Reprodução/YouTube/John Templeton Foundation)

Michael Murray, da Fundação John Templeton, traz boas notícias para quem está interessado em desenvolver projetos de ciência e fé na América Latina. (Foto: Reprodução/YouTube/John Templeton Foundation)

Para quem está de olho numa bolsa, é preciso saber se a ideia se encaixa naquilo que a JTF normalmente financia. “Em geral nós bancamos dois tipos diferentes de projetos. Um tipo é aquele feito por indivíduos ou equipes pequenas de pesquisadores, normalmente focados em um assunto mais específico com o objetivo de novas descobertas nas três áreas que chamamos de ‘Humildade na Teologia’, uma frase que era muito cara ao fundador, sir John Templeton: teologia orientada ao progresso, a natureza das pessoas e desenvolvimento pessoal, e as estruturas e leis fundamentais da natureza. O outro tipo consiste em grandes projetos com pesquisa e atividades de divulgação, e pode incluir competições em que a pessoa ou instituição financiada escolhe outros pesquisadores entre os quais divide os recursos”, afirma Murray.

Tem um pouco de tudo, conta o vice-presidente, dando alguns exemplos: um teólogo do Seminário Presbiteriano de Louisville recebeu dinheiro para experiências no campo da Psicologia, estudando o relacionamento entre o desenvolvimento da crença em Deus e o desenvolvimento da crença em “amigos imaginários” que algumas crianças têm, já que são duas crenças que costumam aparecer na mesma época. Em outro projeto “pequeno”, um psicólogo da Universidade Notre Dame está tentando descobrir se ser honesto nos torna mais saudáveis física e psicologicamente (os primeiros resultados indicam que sim). Um concurso no ano passado avaliou projetos relacionados ao conceito de convergência na evolução, buscando descobrir se há alguns padrões ou “resultados inevitáveis” do processo evolutivo e, caso existam, que significado isso pode ter em discussões sobre propósito ou sobre a existência de um criador.

Esses são projetos que Murray descreveu como “pequenos”, no sentido de demandarem pequenas somas de dinheiro. Outros envolvem milhões de dólares, como um projeto de três anos na Universidade da Califórnia em Riverside que analisa a ciência, a filosofia e a teologia em torno da imortalidade. O que explica essa crença? Como ela influencia nossa vida? Há evidências de vida após a morte? Na Universidade de Michigan, outra turma de pesquisadores recebeu US$ 8 milhões para nove anos de estudo sobre as conexões entre saúde física e uma série de práticas e crenças religiosas/espirituais. E, nos EUA e na Inglaterra, cientistas e filósofos estão analisando temas de cosmologia, avaliando o chamado “ajuste fino” da natureza e a plausibilidade de um designer cósmico como explicação científica para o aparente design das leis da natureza, entre outras questões. E esses são apenas alguns exemplos, pois o portfólio da JTF abrange uns 500 projetos diferentes.

O vice-presidente da JTF acrescenta que não existe preferência por projetos exclusivamente acadêmicos ou que tenham uma vertente mais direcionada à divulgação dos conteúdos para o público em geral. “Sir John Templeton acreditava no valor da pesquisa acadêmica, mas também dizia que ela seria impotente se o público não pudesse conhecê-la e saber de sua importância. Podemos dizer que os recursos são divididos quase meio a meio entre essas duas vertentes. Bancamos muita coisa que envolve a produção de livros para o público geral, ou a criação de sites. Ajudamos a financiar, por exemplo, a série Big Ideas no World Science Festival, em Nova York, e a Fundação BioLogos, que procura conscientizar uma audiência religiosa sobre as implicações e a importância das descobertas sobre a evolução”, conta Murray.

Então, se você tem alguma ideia que se encaixa nos critérios acima, e está à procura dos recursos para torná-lo realidade, fique de olho; assim que houver novidades, vocês saberão aqui no blog!

Aviso: A Fundação John Templeton e a Universidade de Oxford, mencionadas neste post, bancaram a viagem e a hospedagem do blogueiro durante um workshop em Oxford, em setembro deste ano.

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Prêmio Top Blog, votação em curso!

selotopblog_300x250Segue até 9 de novembro a primeira rodada de votação da edição 2013 do prêmio Top Blog. Em 2010 e 2011, o Tubo venceu a categoria “Religião/blogs profissionais” pelo voto popular. Em 2012, não ficamos entre os finalistas, mas o Blog Animal, também da Gazeta, venceu sua categoria pelo júri acadêmico. Para votar no Tubo, basta você clicar aqui ou no banner ao lado. Cada conta de e-mail só pode votar uma vez no mesmo blog, mas nada impede que, com uma mesma conta de e-mail, você possa votar em vários blogs de sua preferência. Da mesma forma, você pode votar no Tubo mais de uma vez se tiver duas ou mais contas de e-mail. Basta preencher, no alto da página do prêmio, seu nome e e-mail. Você receberá uma mensagem com um link para confirmar seu voto. Também é possível votar pelo Facebook. Neste ano, teremos outros blogs da Gazeta do Povo concorrendo também; à medida que eles forem se inscrevendo, vocês saberão como votar em todos eles.

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