Os 10 melhores tintos da Toscana até R$ 250 escolhidos em degustação às cegas
Guilherme Rodrigues, colunista do Notas Báquicas
22/07/2017 20:00
A famosa região da Toscana, na Itália, era mundialmente conhecida pelos vinhos Chianti e Brunello di Montalcino. A história começou a mudar na década de 1960, quando um tinto de Bolgheri, sub região fora do Chianti e, pasme-se, na Maremma, junto ao mar, fez um tremendo sucesso planetário. Como se não bastasse, o Sassicaia – este o nome do vinho – tinha zero de Sangiovese, a casta icônica da região.
Fruto de corte da Cabernet Sauvignon com a Cabernet Franc, tornou-se um dos mais caros vinhos de toda Itália, de renome espetacular. Não tardaram seguidores. No início, Antinori, do Chianti, respondeu com o Tignanello e o Solaia, carregados com as duas cabernets francesas e mais um corte de Sangiovese. Também o Ornelaia, de Bolgheri, apenas com castas bordalesas.
Estes grandes vinhos romperam com as regras tradicionais da de nominação de origem regional. Criaram uma liga própria, a dos supertoscanos. Muitos outros produtores seguiram a receita. A gama expandiu-se enormemente. Não só entre os ícones de altíssima qualidade e preços, como em todas as faixas.
O corte de varietais franceses com a Sangiovese mostrou-se extremamente benéfico para a região. Consolidaram-se como Toscana IGT (Indicazione Geografica Tipica). Ao lado de outras especialidades de sub-regiões, formam um mundo que atualmente goza de prestígio semelhante ao das duas denominações locais mais tradicionais. São esses vinhos, em uma faixa de consumo acessível, que destacamos nesta edição do Bom Gourmet.
Reunimos 11 dos mais expressivos rótulos disponíveis no mercado local, até o limite de R$ 250 a garrafa. Para o leitor ter ideia, uma boa garrafa de Sassicaia não sai por menos de R$ 2 mil.
A prova foi às cegas, em amostras numeradas sem conhecimento prévio dos rótulos. Ocorreu no restaurante Terrazza 40, com o serviço competente do sommelier Alessandro Augusto Xavier. Apenas uma amostra estava fora de padrão, defeito de garrafa. Também participaram da prova o experiente degustador Juliano Zanoni e Andrea Torrente, do Bom Gourmet.
Após os trabalhos, foram servidas as iguarias da cozinha do restaurante, com a estupenda vista de Curitiba, que se descortina da cobertura do prédio.
Poderi del Paradiso – San Gimignano – Toscana IGT – Itália.
Nota 92
Tinto adorável e apetitoso, com frutado maduro e sedoso em vagas. Muito bem integrado por um belo tostado e abaunilhado, aportado pelo uso equilibrado de carvalho novo francês. Corte muito bem sucedido de Sangiovese, Merlot e Syrah, de um vinhedo de 30 ha. Cor rubi escura, cheio e intenso em boca. Limpo, bem focado, um toque diferencia do ao sadio terroso característico da região, com nuances vivazes a cítrico (tangy). Um vinho diferenciado, de ótimo pedigree.
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Lucilla Toscana IGT 2012
Castello di Farnetella – Toscana IGT -Itália.
Nota 90
Aromas encantadores e bem arrumados fazem ótima apresentação do vinho aos sentidos. Em boca, exibe-se com ótimo equilíbrio e muito bem acabado. Intenso, com bom volume de prova do começo ao final, quando se despede deixando um retrogosto prolongado e delicioso a fruta madura. Sápido, elegante, nuances minerais, fruta vermelha madura, como cerejas e cassis, algo a caça e balsâmico, belo frescor e jovialidade.
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La Mora Morellino Di Scansano 2013
Luigi Cecchi – Morellino di Scansano DOC – Maremma – Toscana – Itália.
Nota 90
Cresceu bem com arejamento em copo. Depois de 15 minutos exibiu seu apogeu, com um frutado a ameixas e amoras azuis maduro e fresco. Deliciosas notas sofisticadas a caça e balsâmico enfeitam o belo conjunto. Cor rubi para o escuro. Um tinto casual e ao mesmo tempo sofisticado, muito atraente.
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Governo Di Castellare Toscana IGT 2014
Castellare di Castellina – Toscana IGT – Itália.
Nota 89
Um dos melhores produtores da região, elaborou este estimulante vinho com o método chamado de “governo”, semelhante ao ripasso. A Sangiovese dá o tom, com belo frutado a cerejas, cerejas negras, amoras e morango. Vivaz, bonito, um belo toque a ervas finas, harmonioso e com bom final de prova.
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Nº 10 Fonterutoli Toscana IGT 2014
Mazzei – Toscana IGT – Italia.
Nota 89
De cor rubi para o escuro, um corte muito bem-sucedido com 90% Merlot e 10% de Sangiovese. Mostra as melhores qualidades em boca, com frutado cremoso a morangos, quase confeitados, como sopa de morangos. Deliciosas notas levemente apimentadas, a pimenta branca, cassis, toques abaunilhados, cresceu com tempo em copo.
De cor rubi, puxando para o mais escuro, um tinto bem vivaz, com as notas típicas a frutos vermelhos maduros bem integrados por um sadio terroso e mineral. Nuances a ameixas, boa acidez, perfeito e muito indicado para acompanhar refeições, bem gastronômico.
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Morellino Di Scansano Elisabetta Geppetta 2013
Le Pupille – Morellino di Scansano DOC – Maremma – Toscana.
Nota 89
Começa lindamente e mostra seu melhor nos primeiros quinze a vinte minutos em copo, depois cai um tanto. No seu melhor, adoráveis matizes de fruta vermelha madura, algo suave a goiabada, sápido, boa acidez e vivacidade, fluído, quase cremoso, um toque bonito a pitanga, hortelã, leve terroso. Decorrido o tempo ótimo, cai um pouco, querendo desequilibrar e com certa austeridade que aparece ao fundo.
Logo no início alguns aromas a sulfuroso, mas que se dissipam logo no copo, revelando um vinho bem casual, dominado pela fruta vermelha madura, fresca e bem focada. Um suave terroso dá o tom regional, redondo. Corte de Sangiovese (80%), Cilegiolo (10%), Cabernet Sauvignon (10%).
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Cecchi Sangiovese 2013
Luigi Cecchi – Toscana IGT – Itália.
Nota 87
Bem perfumado, bouquet a frutos maduros e algo floral. A Sangiovese impera com 90%, completada por outros varietais. Sápido, bem casual, redondo, leve, fruto vermelho maduro dá o tom, leves notas cítricas com o toque terroso regional. Bem resolvido e casual.
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Mediterra Toscana IGT 2012
Poggio al Tesoro – Toscana IGT – Itália.
Nota 86
De cor rubi escura, os aromas revelam logo nuances empireumáticas sobre frutado maduro e cheio a ameixas. Confirma em boca, com textura untuosa, um toque fumé e acidez firme.