Flores comestíveis são aposta de produtor orgânico
Luiz Augusto Xavier, especial para a Gazeta do Povo
10/04/2014 03:10
Foi meio por acaso que o professor Carlos Luciano Freiria começou a lidar com flores. Já convivia com algumas delas desde que se mudou para Curitiba, vindo de Maringá, e, há doze anos, junto com outros dois amigos, dividiu um terreno de 12 mil metros quadrados na área rural de Almirante Tamandaré para construir sua casa.
Um dia, em conversa com o irmão, que é chef de cozinha de um grande bufê de Curitiba, ouviu dele que poderia tentar cultivar flores comestíveis, pois até já possuía algumas delas plantadas na propriedade. Eram muito difíceis de serem encontradas no mercado e os cozinheiros, na necessidade, para completar seus pratos, eram obrigados a procurá-las junto a produtores de São Paulo.
Isso foi há cinco anos e Luciano se interessou pelo assunto, procurando publicações que pudessem detalhar melhor os métodos de plantação e manejo de algumas espécies. Escolheu um canto da casa, preparou uma sementeira e arriscou plantar as primeiras variedades. Apresentou-as, é claro, ao irmão, que aprovou e deu o sinal verde para incentivar o cultivo de mais espécies e de maiores canteiros.
Com o tempo passando, o professor e sua esposa Juliana (que também é professora) passaram a dedicar boa parte dos seus dias e horas livres ao estudo e ao cultivo de flores, embora novos obstáculos fossem surgindo a cada etapa, principalmente com as pragas – das formigas às borboletas, das vaquinhas ao mato a crescer em volta das mudas selecionadas. E como a proposta era de uma plantação inteiramente orgânica, o controle dessas pragas, sem inseticidas, exigiu sempre muita paciência e boa vontade.
Luciano hoje está com seu processo de aposentadoria do magistério encaminhado e já tem planos para se dedicar somente à plantação de flores, com a expansão da área cultivada e a introdução de novas espécies. A mais comum em seus canteiros é a capuchinha (que tem o sabor que lembra o agrião), também a favorita dos chefs. É mais rústica, embora exija cuidados, principalmente para mantê-las inteiras e bonitas, pois qualquer mancha ou rasgo em suas pétalas já invalida a comercialização. Por isso, o professor tem o cuidado de cobri-las por uns dias até a colheita, evitando que a flor sofra com as variações do tempo. Depois de colhidas, o canteiro fica uns dois ou três dias descoberto, para receber água da chuva e o sol direto, e daí é coberto novamente para produzir novas flores.
Ele também planta cravínea (ou cravina), que é uma espécie de miniatura de cravo. Sua lavoura ainda costuma ter a espécie comestível de lavanda (alfazema) e amor- -perfeito, embora esta última seja planta de inverno e o forte verão vivido por aqui impediu o seu plantio nesse início de ano. E minirosas, que são as que mais sofrem ações das formigas cortadeiras.
Como a produção ainda é pequena, a comercialização das flores de Luciano Freiria também é restrita a uma banca do Mercado Municipal, para onde leva suas flores duas vezes por semana. Para se ter uma ideia dos valores, uma embalagem com 25 unidades de capuchinha custa R$ 12 ao consumidor final, mesmo preço de 15 cravíneas.
As flores na cozinha
As flores comestíveis se prestam a várias alternativas na elaboração de pratos. Elas podem completar uma salada de folhas e algumas delas compõem geleias, vinagretes e caldas com sucesso. Há também doces, nos quais se utilizam violetas, rosas açucaradas ou lavanda (que também dá ótimos sorvetes e pode ser misturada à massa de pão e de bolos). Mas, de uma forma geral, as flores são utilizadas na finalização dos pratos. Como o haru fish apresentado pelo chef Alessandro Bressanelli, prato de origem oriental, cozido no chá, e que tem na decoração de f lores capuchinhas o seu toque final.
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ONDE: Luciano Freiria – (41) 9682-0667. SN Comércio de Frutas e Verduras (Mercado Municipal de Curitiba – bancas 84/85/86) – (41) 3264-6560.