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Alemães, italianos, poloneses e ucranianos são alguns dos povos que deixaram descendentes no Paraná. Em Curitiba, o Bosque Alemão, o bairro de Santa Felicidade, o Bosque do Papa João Paulo II e a Praça da Ucrânia contam um pouco da história desses povos.

Mas com a chegada do Natal, é da cozinha que saem as maiores riquezas.Se engana quem pensa que o tradicional peru de Natal é presença garantida na mesa de todo o mundo. Massas, peixes e doces são marcas registradas de muitos dos povos que colonizaram o Estado. O desafio dos descendentes é preservar e passar adiante as delícias que formam a mesa natalina dos seus países de origem.

Alegria italiana

Quanto mais gente, comida, música e alegria, melhor. Assim é o Natal dos italianos. Aos 83 anos, Giovanne Corso não abre mão de cozinhar para os filhos, netos e amigos alguns pratos tradicionais de sua terra. Nascido em Fonzaso, uma comuna de Vêneto, no Norte da Itália, ele diz que a ceia do local é feita com produtos abundantes na região, como o tradicional risoto de funghi porcini. “Antes o Natal era um dia de vigília, com culinária simples. Ganhávamos uma fruta e fazíamos uma grande festa.” Ex-combatente nas guerras que marcaram a Europa no século 20, Corso também lembra que a tradicional troca de presentes só foi incorporada à família anos mais tarde, depois que ele veio para o Brasil e se casou com uma brasileira descendente de italianos.

Corso diz que, para ele, o maior prazer do Natal é ter a família reunida, sentada à mesa e abusando da comida. “Nada é mais gratificante para um italiano do que isso”. Além do risoto, compõe a mesa polenta e preparos especiais com vagem e vitela com batata. Para seguir a tradição, o risoto é servido antes dos outros pratos.

Doçura germânica

O Natal alemão começa quatro semanas antes. Uma vela é acesa para marcar cada uma das semanas de preparativos. Na mesa, não podem faltar bolachas e o tradicional Stollen (parecido com o panetone). Filha de alemães, Erica Zeilinger, 67 anos, lembra que o bolo, no século 15, era feito apenas de trigo, fermento e água. “Isso só mudou quando o rei Ernst von Sachsen pediu ao papa que derrubasse a proibição ao uso da manteiga no preparo”, lembra. Começaram então a surgir novas formas de fazer o Stollen. Atualmente, cravo, canela e passas ao rum são alguns dos sabores que podem compor a iguaria. Outros descendentes de alemães, o casal Anna, 69 anos, e Michael Neller, 71 anos, comemoram o Natal colocando a mão na massa. “Eu e Michael fazemos bolachas para presentear os filhos há mais de 50 anos. E como temos oito netos, a quantidade soma quase dez quilos”, explica Anna.

Tradições eslavas

As ceias polonesas e ucranianas apresentam algumas similaridades. Ambas são compostas por 12 pratos, doces e salgados, que representam os apóstolos. Como entrada, é servido o Kutia – trigo cozido e preparado com nozes, castanhas e mel. Entre os pratos salgados, destaque para os peixes e preparos feitos com legumes.

Descendentes de ucranianos, Helena, 65, e José Groxko, 73, destacam a sopa de repolho e o bolo de mel entre os pratos servidos no Natal. Com os filhos reunidos, a festa tem muita dança. Ela lembra que o trigo é elemento fundamental por representar a prosperidade e a fartura. “No Natal dos ucranianos é muito comum espalhar feno e palha de trigo pelo chão e até na mesa”, destaca. Até o pinheirinho é feito com feixe de trigo.

Com a ocidentalização destas culturas, muita coisa mudou. Descendente de poloneses, Ana Turek conta que a tradição da família na Polônia não envolvia presentes. “Antes de começar a servir o jantar, era distribuída uma hóstia para cada um, compartilhada com a pessoa ao lado, desejando um bom Natal”, diz. Outra tradição é que a ceia começava a ser servida no dia 24, assim que surgia a primeira estrela no céu. “As crianças esperavam do lado de fora das casas o aparecimento da estrela.” Na mesa polonesa, não pode faltar o peixe. “O Klops de peixe é bem tradicional, enfeita a mesa, mas é difícil encontrar alguém que saiba fazer.”

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Receita Itália

Receita Polônia

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