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Conheça o Le Meurice, restaurante do famoso hotel parisiense
Preparada? Escutei de uma moça que surgiu ao meu lado. Ela segurava uma panela de cerâmica e madeira com suas mãos cobertas por luvas brancas. Meu olhar corria longe pelos Jardin des Tuileries, em Paris, voltava para fixar-se no teto do lugar pintado com uma abóboda do céu, percorrendo o desenho do chão, bebendo um champanhe e degustando ostras. Atordoada pela beleza e sobriedade do espaço – o designer Philippe Starck buscou inspiração no Palácio de Versalhes para redecorá-lo – pensei que estaria diante de rara trufa ou caviar. Era o segundo prato a ser servido no almoço no restaurante Le Meurice. Quando destampado o utensílio, brilharam legumes tenros rodeados por grandes pedras de sal cor de rosa do Himalaia, provados com um garfinho fino e comprido, que escolheria para a última refeição da vida.
Minha cabeça deu voltas e parou em 1771, quando o hotel Le Meurice foi fundado para atender principalmente os viajantes ingleses. Impossível ignorar séculos e acontecimentos vividos ali. O lugar ficou famoso. Pensei em Tchaikovsky num concerto, ou na encenação de Cyrano de Bergerac, ou em épocas mais sombrias, como, quando esteve fechado e funcionou de hospital para os soldados feridos na Primeira Guerra Mundial. E eu ali degustando peixe com mais uma porção de vegetais – as grandes estrelas dentro da constelação de restaurantes, tocados pelo mestre Alain Ducasse.
O espaço, imagine, foi cenário também para o casamento de Picasso com Olga Koklova e o impressionante eram as extravagâncias do artista, que passava um mês por ano no hotel, e palco para desfiles da estilista Coco Chanel.
Entre essas lembranças, segui provando a carne de pato de sabores fortes. A vida não é para os fracos, definitivamente. O cardápio do restaurante muda diariamente, avisam, respeitando o “ritmo das estações”. Seguiu-se queijo, acompanhado por pão de castanhas e folhas de sabores incomparáveis, depois um carrinho de frutas veio em minha direção, e ainda teve a sobremesa e os chocolates de fabricação própria para encerrar o banquete.
A suntuosidade do lugar não chega a intimidar e por pouco mais de 100 euros dá para viajar por surpreendentes sabores e histórias. O comando da cozinha, sem supérfluos, segue com Jocelyn Herland, que, penso, imprime a delicadeza necessária ao local e traduz o espírito parisiense. Pode não ter sido a melhor refeição, mas foi memorável. Saí sonhando com o menu mais completo e quem sabe um lugar na mesa do chef com vista para a cozinha, um dia, por quê não? Preciso apenas de sete voluntários para me acompanhar.
Onde
Rue de Rivoli, 228 Paris 75001. Reservas online: www.lemeurice.com.
Rue de Rivoli, 228 Paris 75001. Reservas online: www.lemeurice.com.
Quanto
Menu de almoço 130 euros; collection 380 euros; à la carte 120 euros.
Menu de almoço 130 euros; collection 380 euros; à la carte 120 euros.
Classificação
Duas estrelas Michelin.
Duas estrelas Michelin.
Cenário
O restaurante foi cenário do casamento de Picasso com Olga Koklova. O impressionante eram as extravagâncias do artista, que passava um mês por ano no hotel. O espaço também foi palco para desfiles da estilista Coco Chanel.
O restaurante foi cenário do casamento de Picasso com Olga Koklova. O impressionante eram as extravagâncias do artista, que passava um mês por ano no hotel. O espaço também foi palco para desfiles da estilista Coco Chanel.