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Com participação paranaense, festival mostra riqueza amazônica
O Pará é uma espécie de “terra prometida” gastronômica brasileira. De lá, surgiram ingredientes que conquistaram fama em todo o mundo – alguns deles, antes mesmo de serem populares em solo nacional. Mas, descartando qualquer polêmica nisto, pode-se atribuir à cozinha amazônica parte da fama e reconhecimento de chefs como Alex Atala. Definitivamente, o estado tem sua parcela em colocar a cozinha nacional no mapa da boa culinária mundial.
Não à toa, o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense (que leva o nome de um famoso mercado gastronômico da capital Belém) é considerado um dos mais importantes do Brasil. É realizado pelo Instituto Paulo Martins e pela Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança e busca criar um intercâmbio entre o que é feito nas cozinhas paraenses e em outras partes do Brasil – chefs como Thomas Troisgros e Roberta Sudbrack, do Rio de Janeiro, Guga Rocha, de São Paulo, participaram da 11ª edição, finalizada no domingo (14).
Desta vez, o evento abriu espaço também para o Paraná. A chef Manu Buffara, do restaurante Manu, foi a responsável por levar o nome do Estado à Amazônia, em palestra realizada no último sábado (13). “Falei de dois ingredientes típicos brasileiros – coco e banana – e mostrei um pouco de algumas saborosas possibilidades com esses produtos”, explica.
O tema escolhido explorou a expertise paranaense. “Hoje, produzimos muito coco por ano. Acho que é o único estado em que ele é produzido no mato”, disse à reportagem do evento. “Banana também é um elemento cultural forte. Fora de temporada, se joga muita banana fora no Paraná. Ela me lembra de muito essa coisa do interior, do barro, da terra. Cozinho com banana em homenagem às pessoas que vivem assim. É a alimentação diária deles, é o que eles têm no quintal. Então eles sabem usar de todas as maneiras possíveis.”
Na aula, sob um clima intimista, Manu preparou três pratos: vieira com manacabiu, dry aged de mignon com banana fermentada e picles e, por fim, Banana da Minha Terra. “Somos um dos maiores produtores de banana e de gengibre do Brasil. Também produzimos bastante milho, soja, cana-de-açúcar, feijão. Somos um estado da agricultura”, fez questão de destacar.
Consultoria
Para participar do evento paraense, a chef contou com uma espécie de “consultoria informal”: a do chef Paulino da Costa (que comandará um novo restaurante da rede Bar do Victor, ainda não inaugurado). Ele é natural do Pará, e deu dicas sobre a culinária do estado para que a chef chegasse mais bem preparada ao evento.
Intercâmbio
A ideia por traz do Ver-o-Peso é promover a troca de experiências e, claro, divulgar a cozinha paraense a chefs e interessados em gastronomia. Aos palestrantes, foi oferecido, por exemplo, um passeio ao mercado que empresta o nome ao evento. Nos quiosques, uma verdadeira variedade cultural daquele estado deu a tônica, com ingredientes como erveiras e língua seca do pirarucu.
Além disso, chefs visitaram açougues, lojas e restaurantes locais.