Eventos Bom Gourmet
Xepa escapa do lixo e vira prato gourmet
Ontem, no Dia Mundial da Alimentação, mais de mil toneladas de alimentos da Ceasa de Curitiba tiveram um destino diferente: as mãos de 11 renomados chefes de cozinha. No cardápio preparado por eles, mais de 20 pratos, como ceviche, ratatouille, guacamole e chips de casca de batata. Se os pimentões, limões e tomates não fossem para a cozinha, iriam para o lixo.
O evento, chamado Disco Xepa, foi organizado pelo Movimento Slow Food Paraná em parceria com diversas entidades e restaurantes da capital. “A ideia era mostrar que o alimento, apesar de feio, não precisa ser dispensado e pode ser aproveitado, evitando o desperdício”, diz o representando regional da organização, Rafael Bonilha.
A Ceasa de Curitiba movimenta 570 mil toneladas de hortifrutigranjeiros por mês. Desse total, 535 toneladas são descartadas no aterro sanitário. Mas a palavra desperdício estava fora do vocabulário dos chefes e dos mais de 50 profissionais envolvidos. Até a parte branca da melancia, geralmente jogada fora, virou sobremesa.
“Você pode aproveitar tudo dela. Da semente à parte branca. Esta última você pode usar, inclusive, para substituir o pepino da salada”, ensina a chefe Iracema Bertoco, do Centro Europeu.
O evento foi aberto ao público. A aposentada Maria das Dores de Souza, 68 anos, moradora da região, estava feliz da vida. “Já comi não sei quantas vezes isso aqui”, disse sorrindo. Nas mãos, segurava um copo de plástico com compota de maçã, feita com a fruta, especiarias, açúcar e gengibre.
Um DJ alegrava os presentes. A música Dança da Vassoura, do grupo Molejo, fez as cozinheiras largarem a panela para acompanhar a letra “diga onde você vai, que eu vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo…”. Alguns participantes também distribuíram os pratos para os trabalhadores da Ceasa.
Preparação
A preparação do evento começou na sexta-feira. Mais de dez pessoas da organização ficaram nos lixões da Ceasa – galpões onde os alimentos “ruins” são descartados – à espera de verduras e legumes. “Quando víamos algo que prestava, corríamos para pegar”, brinca a chefe Gabriela Carvalho, proprietária do Quintana Café & Restaurante, do movimento Gastronomia Responsável, iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza que alia gastronomia e conservação.
A preparação do evento começou na sexta-feira. Mais de dez pessoas da organização ficaram nos lixões da Ceasa – galpões onde os alimentos “ruins” são descartados – à espera de verduras e legumes. “Quando víamos algo que prestava, corríamos para pegar”, brinca a chefe Gabriela Carvalho, proprietária do Quintana Café & Restaurante, do movimento Gastronomia Responsável, iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza que alia gastronomia e conservação.
Os alimentos, depois de resgatados, foram transportados para um aparelho de higienização e armazenados em uma câmera fria. Além da preparação e distribuição de pratos, o evento também contou com workshops. Gabriela, por exemplo, proferiu um sobre compostagem, separação de lixo e gastronomia responsável.