Produtos & Ingredientes
Os corredores do cinquentão Mercado Municipal
Se fosse para escolher apenas um ponto turístico para apresentar a um gourmet novato em Curitiba, no mês de aniversário da cidade, o Mercado Municipal é sem dúvidas a opção completa. Dependendo por onde se entra – afinal, são 17 acessos espalhados pelas quatro ruas ao redor– ele se apresenta de um jeito. Os produtos mais frescos estão no miolo do primeiro andar e o aroma pode ser de fruta, de especiarias ou de frutos do mar. Por lá se anda rápido, guiado pelo cheiro maduro de manga, uva, papaya, ameixa, os olhos procurando o melhor preço. Não é raro ver turistas: eles representam 14% dos visitantes, segundo uma pesquisa encomendada pelo Sebrae e realizada pela Brain Bureau de Comunicação no mês passado.
Quem entra pela porta C, na rua da paz, dá de cara com os orgânicos, onde se descansa as pernas em frente à lanchonete e banquinhas de hortifrutis, sacolas encostadas na base das mesinhas e uma garrafinha d’água na mão. ainda no segundo andar, as filas na praça de alimentação se concentram das 12 às 14 horas, e o cheiro é de pastel, de bufê quentinho, de bife acebolado do PF do Eliseu. E depois, um espresso para fechar a refeição em uma das três cafeterias e colocar o papo em dia olhando para a rua General Carneiro ou para as mercearias dos corredores do primeiro andar. Por lá, a tentação está sempre à espreita entre as 64 mercearias: “Vai um suco de uva? Goiabada cremosa? Quer provar um queijinho? Um salame?”
E assim passa-se uma ou duas horas andando pelos seus 15,6 mil metros quadrados, divididos entre quatro áreas: a praça de alimentação, os boxes e bancas do primeiro andar, o setor de orgânicos e a praça de convivência, construída na Av. Sete de Setembro com uma fachada de vidro.
Esta é a quarta sede desde o seu surgimento, em 1820, e foi finalizada em 1958 com o projeto do urbanista francês Alfred Agache. atualmente, são quase 200 permissionários (alguns tem até mais de um espaço) e 72 mil produtos.
Jovens e orgânicos
Depois de mais de dez anos entre reformas, o Mercado ganhou ares modernos e a nova cara fez aumentar o fluxo de pessoas. “Desde conclusão da revitalização na área dos hortifrutis, em 2002, os jovens passaram a frequentar o Mercado. Muitos chefs de cozinha também vêm comprar os produtos aqui, porque sabem que temos qualidade. Antes da reforma eram mil pessoas por semana, hoje são umas 70 mil, ainda mais depois da praça de alimentação”, calcula Mario Shiguemitu Yamasaki, comerciante há 40 anos e presidente da Associação de Comerciantes do Mercado Municipal (Asceme).
A pesquisa confirma a impressão do comerciante: 56% dos frequentadores é mulher, 51% é casado e 25% tem entre 20 e 29 anos. o estudo trouxe à tona o que nem o diretor da Secretaria de abastecimento, Nivaldo Vasconcellos, desconfiava. “a questão da permanência foi novidade, não fazíamos ideia que 84,7% passava até duas horas e 13,1%, de duas a três. Outra foi a concentração da média de gastos entre r$ 51 e r$ 150 (45,4% dos entrevistados).
Sabíamos que a venda no hortifruti era expressiva, mas não que chegava a 23,5% do total das vendas. É uma boa surpresa, porque consideramos que o Mercado tem contribuído com a alimentação saudável”, afirma.
Sabíamos que a venda no hortifruti era expressiva, mas não que chegava a 23,5% do total das vendas. É uma boa surpresa, porque consideramos que o Mercado tem contribuído com a alimentação saudável”, afirma.
A bandeira da comida saudável é a grande aposta da Secretaria e está colada ao segmento de orgânicos, inaugurado em 2009. Mesmo miúdo, com pouco mais de 8% dos frequentadores do Mercado, ele é importante nacionalmente: é um dos primeiros mercados de orgânicos do Brasil e, além dos hortifrutis, tem carnes, roupas, cosméticos, mercearias e restaurantes. A baixa frequência pode ser explicada pela diversidade de oferta direta com pequenos produtores pela cidade, muitas próximas do centro. “O pessoal das feiras orgânicas é muito fiel ao canal de feiras como comercialização, mas o Mercado tem seu público. o setor ainda está em crescimento e é a área com maior potencial para aumentar”, diz Vasconcellos.
Memórias e dia a dia
Mario Shiguemitu Yamasaki (foto) convive com o Mercado há 53 anos, desde os cinco anos de idade, quando seus pais mantinham uma banca onde vendiam o que plantavam no Uberaba, alface e hortaliças com crescimento rápido. Ele se lembra de como a distância entre a Praça Tiradentes e o Mercado Municipal parecia maior porque as ruas eram de barro e da diversão que era descer de rolimã a Av. Sete de Setembro recém-asfaltada. Assumiu o negócio em 1979 e hoje tem cinco bancas de frutas e dois boxes. Nas prateleiras, frutas e verduras da estação produzidas no cinturão verde da cidade, frutas importadas, exóticas e cogumelos. “Quando comecei, vendia cinco bandejas de cogumelo por dia. Hoje saem de 80 a 100”, conta. A facilidade para achar produtos como este é o que mais atrai os curitibanos ao Mercado: 84,7% dos entrevistados acha que o mercado oferece tudo, desde infraestrutura a produtos diversificados, e de qualidade, o que explica os passos lentos da maior parte dos visitantes por lá. Ir ao Mercado virou sinônimo de lazer. Para o comerciante, o lado de quem trabalha é tão prazeroso quanto, mas não é fácil. Todos os dias ele acorda às 3h30 da manhã para ir ao Ceasa escolher as verduras, chega cedo ao Mercado para receber os fornecedores, passa em casa para descansar e segue para o seu box novamente. para ele, estar lá todos os dias é coisa de quem gosta do que faz – e é por isso que ele não arreda o pé de jeito algum.
Cara de shopping, não!
O comerciante Mario Shiguemitu Yamasaki defende com unhas e dentes a “grife” do Mercado: “Nunca vai ter cara de shopping enquanto tivermos essas caixas de fruta pelas bancas, enquanto os colonos vierem descarregar os produtos bem cedo todos os dias”. O secretário do Abastecimento, Nivaldo Vasconcellos, acredita que as mudanças feitas desde 1998, quando as instalações elétricas e hidráulicas foram reformadas, foram cruciais para readequar as condições sanitárias do Mercado. “Hoje temos uma sala para manipulação de produtos, onde os comerciantes podem embalar frutas, verduras, peixes e carnes com segurança. A mudança na praça de alimentação foi importante para ampliar o espaço: agora temos mais de 1,2 mil lugares”, diz. De proximidade com shopping, só o termo praça de alimentação.
Perfil
Os estabelecimentos ligados à gastronomia representam 79% dos 176 boxes e bancas do Mercado. Saiba quantos há de cada um:
◉ 64 mercearias
◉ 41 bancas de hortifruti
◉ 18 restaurantes
◉ 4 açougues
◉ 3 peixarias
◉ 3 cafeterias
◉ 2 lojas de chocolate
◉ 2 lojas de massa
◉ 1 sorveteria
◉ 1 iogurteria
Os estabelecimentos ligados à gastronomia representam 79% dos 176 boxes e bancas do Mercado. Saiba quantos há de cada um:
◉ 64 mercearias
◉ 41 bancas de hortifruti
◉ 18 restaurantes
◉ 4 açougues
◉ 3 peixarias
◉ 3 cafeterias
◉ 2 lojas de chocolate
◉ 2 lojas de massa
◉ 1 sorveteria
◉ 1 iogurteria
Veja mais fotos:
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