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Nas montanhas do País Basco
Como não citei San Sebastián ainda? A cidade do País Basco é o paraíso para quem gosta de comer bem. Opções não faltam na rua e nos arredores de endereços mais sofisticados. Minha primeira parada está escondida num canto remoto daquelas paragens: Assador Etxebarri. GPS é indispensável. O ideal é ficar hospedado ali numa pousada encostada ao pé das montanhas que se erguem como que protegendo o núcleo central do lugarejo. Entra-se no restaurante passando por um salão e moradores locais, que podem estar jogando baralho. Lá em cima, é o chef e proprietário Victor Arguinzoniz, um mestre na técnica ancestral de dominar o fogo, quem dá as cartas, preparando tudo na brasa, até improváveis ingredientes, como caviar e sorvete de leite, que consegue unir cremosidade e um leve toque defumado. Os produtos são fresquíssimos, chegam todas as manhãs. Vêm daí a qualidade e o sabor dos pratos. Simplicidade e pouco preparo completam o segredo da boa comida servida ali. Às vezes, custo a acreditar que estive lá. O lugar é o preferido de 10 entre 10 chefs famosos. Há seis anos na lista The 50 Best Restaurant, ocupa a 44.ª posição.
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A natureza é a inspiração
O chef Andoni Luis Aduriz é um gênio, conhecido como o “filósofo” da cozinha, que sabe interpretar a natureza. O restaurante sob sua responsabilidade, o Mugaritz, tem uma atmosfera que oscila entre o lúdico, o sublime e a perfeição. Não é uma unanimidade, talvez por isso, ainda não recebeu a terceira estrela Michelin. Criativo, o chef consegue iludir o olhar, mas não o paladar, do qual não se descuida. São famosas as pedras entre batatas e o tradicional carpaccio vegetal. Muga é fronteira, ritz é árvore. Assim como o frondoso carvalho de mais de 300 anos que cresceu ali, o lugar impressiona, seja pela técnica ou qualidade. Se puder, conheça. No ranking The 50 Best Restaurant há oito anos, hoje na quarta posição.
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O improvável que agrada
Saio do País Basco e chego na Catalunha, outra festa para o paladar. Na última vez em que estive lá, depois de uma maratona gastronômica, fiquei quase um dia inteiro sem comer, tão satisfeita. Em Barcelona, recomendo o Quimet y Quimet, no comando da quarta geração da família Quim. Não é bem um restaurante, come-se de pé, disputa-se um lugar no balcão ou nas duas pequenas mesas entre engravatados, turistas orientais e moradores. Um pequeno grande mundo em três paredes forradas de ingredientes ou bebidas do rodapé até o teto. O inusitado é que ali quase tudo é enlatado, ou já está pronto, apenas esperando as combinações preferidas dos clientes. Está entre as dez melhores casas de tapas segundo The Guardian. Seus “montaditos”, pequenos pães – verdadeiros sanduíches abertos –, conservas, queijos, mexilhões e os vermutes artesanais são famosos, assim como caviar, salmão com iogurte, vieiras… Não tem nada igual.