Que nos perdoem os que em suas pesquisas não encontraram os fatos verdadeiros e divulgaram informações incorretas. Embora não seja um dos mais antigos da capital paranaense, o Bar Stuart não tem os 107 anos registrados em placa na calçada (colocada pela Prefeitura Municipal de Curitiba) nem foi fundado, em 1904, pela família Mehl. A primeira referência oficial está na Casa da Memória, no Livro de Alvarás: documento de 14 de junho de 1924 concedia a José Richert alvará para instalação de uma confeitaria na Rua Comendador Araújo n.º 22-A.
Recortes de jornais sem data ou identificação de publicação citam que o Stuart teria sido instalado por José Richert “num casarão ao lado do palacete-residência do então presidente do estado Affonso Camargo”. Ditos recortes dizem que de lá o bar passou para imóvel de Arthur Hauer, na esquina da Praça Osório com a Avenida João Pessoa, onde os irmãos Affonso e Leopoldo Mehl começaram como garçons e depois se tornaram sócios.
A coluna “Nostalgia”, do jornalista Cid Destefani, exibiu foto de 1925 da Confeitaria Stuart anunciando vender as melhores cervejas.
Quando Arthur Hauer resolveu demolir o sobrado, a confeitaria e bar Stuart mudou-se para a Praça Osório n.º 427, esquina com Alameda Cabral (endereço atual, bem no centro de Curitiba). Em março de 1977 o estabelecimento foi para as mãos do italiano Dino Chiumento, que de garçon passou a proprietário.
É preciso contar que Chiumento começou a trabalhar no Stuart com apenas 14 anos – era tão pequeno que um caixote teve de ser colocado junto ao balcão, para que ele o alcançasse. Hoje, com 75 anos, ele comanda a casa com dez empregados. O local é tradicionalíssimo e frequentado por poetas, artistas, universitários e clientes de longa data.
Para acompanhar uma “loira” bem gelada, a freguesia da casa encontra carne de onça, bolinho de bacalhau, empada, casquinha de siri, lambari, cascudinho, frango e coelho a passarinho, bucho ao molho, rã e codorna frita. Mas a estrela inconteste é testículo de touro. O petisco foi introduzido no começo da década de 1970 por um cliente de Paranavaí e de lá trazido para seus amigos de copo.
A receita do exótico prato deve começar com o aviso de que ele não é encontrado facilmente, in natura, em qualquer açougue. O Stuart recebia os testículos de um frigorífico de Paranavaí, e há alguns anos tem um novo fornecedor, de São José dos Pinhais.
O proprietário não mantém segredo sobre a receita e revela o modo de preparo da iguaria. A peça deve ser cortada em cubos de 2 x 2 centímetros, passando por um cozimento rápido (uns 5 minutos). Cebola e alho picados são fritos em óleo até dourar, quando então recebe os pedaços de carne. A carne é servida em um molho vermelho bem temperado. O petisco também pode ser preparado frito ou à milanesa. O preço da porção é de R$ 19, com acompanhamento de pão e molho chimichurri.
Serviço:
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