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Novo instituto que fomenta o queijo artesanal brasileiro terá cursos avançados e para iniciantes
Os queijos brasileiros artesanais entraram nos holofotes com a discussão sobre os parâmetros da legislação sanitária imposta aos pequenos produtores. Neste mês a discussão em torno do tema ganhou ainda mais força com a criação do Instituto Zé Mario, idealizado pelo mestre queijeiro Fernando Oliveira, de São Paulo, a primeira entidade voltada exclusivamente à produção artesanal brasileira de queijos.
O objetivo da empreitada é promover a cultura artesanal queijeira com cursos teóricos e práticos para iniciantes e pessoas já envolvidas no segmento. A temática das aulas deve seguir três linhas: processos de produção do pasto à venda; história e cultura da alimentação com foco em queijo; gastronomia com foco em queijo.
Haverá cursos de pequena (1 dia), média (1 semana) e também de longa duração (semestre). Estão abertas as inscrições para o curso “Fazendo e maturando queijo em casa” (R$ 1.500) e outro sobre pão de queijo com Heloisa Bacellar, chef do misto de restaurante, café e armazém Lá da Venda, em 12 de maio (R$ 250).
“Acreditamos que o queijo é um elemento para discussões de todo o processo do âmbito rural, urbano, comercial e político”, afirma Jéssica Dias Alexiou, presidente e coordenadora de programação do Instituto, que fica instalado no andar superior da loja A Queijaria, de Oliveira, em São Paulo, referência na venda de queijos no Brasil.
Polêmicas e apreensões
A apreensão de 160 quilos de queijos e linguiças artesanais pela Vigilância Sanitária no estande da premiada chef Roberta Sudbrack, no Rock in Rio, em setembro passado, reaqueceu a discussão em torno das leis sanitárias no país.
Os métodos tradicionais de produção, o uso do leite cru ao invés do pasteurizado e outros assuntos relacionados à produção artesanal estão em xeque desde então, sendo discutidos nas esferas estaduais e nacional.
Lei quer modernizar entraves
No fim de março, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei para permitir a comercialização entre os estados de produtos artesanais de origem animal, como queijos e embutidos. O texto é de autoria do deputado federal capixaba Evair de Melo (PP) e agora precisa ser aprovado pelo Senado.
“Apesar da tradição secular e da larga experiência acumulada, as agroindústrias artesanais de embutidos acabam restritas a mercados municipais ou a mercados informais. Entendemos que a situação é injusta e está na contramão do grande esforço legislativo para fomentar a agroindustrialização da produção dos agricultores familiares do país”, destaca o deputado Evair de Melo.
“Nossa expectativa com esse projeto é alta, já que seria um novo panorama para o comércio do queijo artesanal brasileiro. Hoje para um produtor poder vender em território nacional precisa passar por gastos e burocracias que não condizem com a maioria dos produtores artesanais, que sofrem muito com essa atual legislação”, afirma Jéssica.
Potencial do queijo paranaense
No Paraná, um projeto de lei do deputado estadual Professor Lemos (PT) quer regulamentar a produção e comercialização de queijos artesanais feitos com leite cru no estado. O objetivo do texto é criar regras para tornar legal a venda desse tipo de produto, desenvolvido principalmente por pequenos produtores. Atualmente esse tipo de queijo tem comercialização proibida.
Para mapear a produção artesanal paranaense de queijos, o Instituto Emater está promovendo desde o ano passado um concurso que vai premiar os cinco melhores queijos paranaenses. A etapa final do concurso ocorre em junho deste ano.
No Brasil, o mercado de queijo cresceu 2% no ano passado, em comparação com 2016. Antes da crise, o índice vinha na casa dos dois dígitos, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Queijo (Abiq).
Serviço
Para se inscrever nos cursos Instituto Zé Mario: izm@aqueijaria.com.br ou ligue (11) 3812-6449