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Atala não irá à premiação dos 50 Melhores
De Curitiba, onde participou da sétima edição do Gastronomix no sábado (28 de març0), o top chef Alex Atala anunciou que não viajará a Londres para participar da premiação do 14º The World’s 50 Best Restaurants, marcada para 1º de junho. Assim como em 2014, quando sua ausência na cerimônia da revista britânica Restaurant causou polêmica, o chef confirmou que este ano também não irá receber o prêmio, caso um de seus restaurantes entre para a lista dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo.
Sem medo de alimentar novas polêmicas, Atala espera manter o posicionamento do D.O.M. na Top 10 da premiação pelo quinto ano consecutivo (o restaurante está entre os 50 melhores desde 2006). “Mas se ficar em último lugar, vou ficar feliz do mesmo jeito”, revelou em conversa com o Bom Gourmet. No entanto, motivos para comemorar não faltam. Seus restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, ambos em São Paulo, acabam de conquistar duas e uma estrela, respectivamente, na primeira edição brasileira do conceituado guia francês Michelin.
Em sua passagem por Curitiba, Atala ministrou uma palestra gratuita para cerca de 200 pessoas. O chef focou na valorização da culinária brasileira e dos ingredientes locais. “Por que Itália, França, Espanha e Japão, só para citar alguns países, têm uma gastronomia tão forte? Porque eles têm orgulho da própria comida e uma cadeia alimentar bem estruturada. Nós brasileiros também temos que seguir esse caminho”, destacou.
Atala insistiu também na importância da gastronomia responsável, na necessidade de preservar o meio ambiente e de investir na educação das crianças. “Há uma desconexão entre as pessoas e os alimentos”, afirmou. “Precisamos ensinar para nossas crianças o que são os alimentos. O que é leite? O que é polvilho? O que é tapioca? O que é um fogão à lenha”. Em seguida justificou o episódio polêmico vivido por ele em 2013, quando durante uma aula-show na Dinamarca matou, depenou e fritou uma galinha. “As pessoas queriam me linchar, mas vou dizer para vocês: toda galinha que vocês já comeram, foi morta”, brincou.
Após a palestra, ele conversou por alguns minutos com a reportagem sobre os recentes reconhecimentos, seus projetos no instituto Atá e aproveitou para elogiar a chef curitibana Manu Buffara.
Em março o guia Michelin vazou a lista dos restaurantes brasileiros estrelados. Como você recebeu o resultado?
Estou muito feliz pelo resultado do D.O.M., mas é claro que esperávamos uma boa performance. A grande surpresa foi a estrela conquistada pelo Dalva e Dito. Foi um grande prazer.
De que forma a chegada do guia Michelin ao Brasil pode alavancar a gastronomia brasileira?
Temos que comemorar a chegada do guia ao Brasil. Ela já está presente em muitos países que têm uma tradição gastronômica muito forte e agora nós fazemos parte dessa seleção. Na Itália, França, Espanha ou Japão, a cozinha é fonte de orgulho. Outros países como México e Peru, embora não tenham o guia, tornaram a culinária nacional como bem imaterial. Nós brasileiros ainda temos muito para fazer para que a nossa gastronomia seja reconhecida cultura.
No instituto Atá você está trabalhando para isso. Quais são as novidades?
Agora estamos focando na regulamentação do comércio do mel das abelhas nativas. Elas são as sentinelas da natureza, um ingrediente brasileiro, mas ainda sem legislação. Outro objetivo é conseguir que a gastronomia seja reconhecida como cultura. Estamos coletando assinaturas para apoiar o projeto “Eu como Cultura”. Temos 300 mil assinaturas, mas queremos chegar a 1 milhão para fazer uma pressão maior.
Voltando aos prêmios. Em junho será divulgada a nova lista dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo. O que você espera dessa edição?
Esse ano temos a possibilidade de comemorar, com o D.O.M., o décimo ano consecutivo na lista e o quinto entre os dez melhores. Esperamos manter o posicionamento, mas vou te falar: se a gente ficar em último lugar, vamos ficar felizes do mesmo jeito.
No ano passado, você não participou da premiação alegando que as viagens internacionais eram muito desgastantes e você queria focar mais nos restaurantes e nos projetos do instituto Atá. Se você for premiado, irá para Londres este ano?
Independente do resultado, já decidi que não vou.
Nos últimos tempos você se aproximou da chef curitibana Manu Buffara, inclusive ela foi convidada para cozinhar no Dalva e Dito. Você vê outros nomes despontando em Curitiba?
A Manu faz um trabalho fantástico. Ela é uma estrela, mas não está sozinha. Prefiro não citar nomes, mas tem muitos bons cozinheiros em Curitiba.
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