Produtos & Ingredientes
Barreado vira Prato da Boa Lembrança e reflete a riqueza gastronômica do PR
“Uma verdadeira jornada gastronômica pelas especialidades do nosso estado.” Assim a chef Rosane Radecki, do restaurante Girassol, em Palmeira, classifica sua criação deste ano para o Prato da Boa Lembrança. No barreado que a chef apresenta, ela conseguiu reunir produtos classificados pelo Sebrae/PR como “de origem” e “de indicação geográfica.”
O barreado completo tem de entrada, queijo colonial Witmarsum com mel de Ortigueira, acompanhado de batida feita com cachaça de Morretes e melado de Capanema. Como principal, barreado com farinha de mandioca do litoral paranaense, acompanhado de tartar de banana. Fechando a experiência, café especial do Norte Pioneiro e balas de banana de Antonina.
Criado no Brasil em 1994 pelo chef italiano Danio Braga (em uma homenagem à versão italiana, o Buon Ricordo), o projeto da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança produz uma série de pratos artesanais e exclusivos por ano. Cada um dos restaurantes associados nas cinco regiões do país tem o seu e, para consegui-lo, é preciso sentar-se à mesa e comer o preparo temático do ano definido pelo chef do estabelecimento.
No Girassol, o barreado completo custa R$ 140 (para duas pessoas), com a cerâmica.
A viagem!
Embarquei com a Rosane e com o Fritz Kliewer, da Cavalgada dos Chefs, para Morretes e Antonina. A chef nos convidou para passarmos um dia visitando alguns produtores locais. Nosso objetivo foi ver de perto alguns processos de produção dos itens que vão compor o Prato da Boa Lembrança da chef paranaense. Juntaram-se a nós o casal de amigos Luiz Guilherme Peralta e Camila Simas, do restaurante Empório do Largo, onde almoçamos à beira do rio Nhundiaquara, em Morretes.
Farinha de Mandioca
Localizada numa pequena casa de madeira, em meio à Mata Atlântica da Serra do Mar, a família Firmino produz farinha há décadas, desde quando a farinheira ainda era nas instalações do avô do seu Luiz, numa propriedade vizinha. A produção artesanal deste produto - que está em processo de reconhecimento como indicação de procedência - resiste passando de geração em geração.
O seu Luiz Firmino produz farinha artesanalmente há quase 30 anos, mas os processos, muitas vezes, remontam ao século 19. Um exemplo é o cocho de madeira, de 1865. Segundo descreve o Sebrae/PR, as marcas de farinha de mandioca que vierem a receber o selo de Indicação de Procedência litoral do Paraná “serão percebidas como um produto originado da tradição familiar, garra e energia dos pioneiros, sua trajetória e a perpetuação secular da maneira como fazer.” Ainda de acordo com o Sebrae, a farinha apresenta características naturais que geram riqueza nutritiva e a capacidade de formar uma goma em um pirão ou o barreado, resultando em prazer único e diferenciado.
Cachaça de Morretes
Construída aos pés do Pico do Marumbi, Porto Morretes trabalha com tecnologia para a produção de cachaça, da matéria-prima até o engarrafamento do produto. Ali fomos recebidos pelo Agenor Macari Junior, master distiller e master blender na empresa. Ele nos acompanhou na visita guiada pelos setores e etapas de produção, da diluição, passando pela fermentação, destilação e armazenamento nas adegas.
Macari explicou que o alambique atende o mercado doméstico desde 2004. A partir de 2009 passaram a exportar cachaça, com o rótulo Novo Fogo. A Porto Morretes mantém plantações próprias de cana-de-açúcar no entorno do alambique e se utiliza de técnicas alinhadas aos melhores métodos para conceber o seu produto. Nós conferimos este cuidado de perto, durante a visita e degustação com o Macari. A Cachaça e Aguardente de Morretes também estão em processo de análise (pelo INPI) e, segundo o Sebrae, devem se tornar produtos de Indicação Geográfica no estado.
Balas de Banana
Mais recente produto a ser reconhecido com o selo de Indicação Geográfica – com este, são nove no Paraná - as balas de Banana de Antonina não poderiam ficar de fora do Prato da Boa Lembrança da chef Rosane. Por isso fomos visitar a fábrica das Balas Bananina. Fundada em 1973, a indústria familiar já está na terceira geração pelas mãos da Maristela e da Bárbara Krenk, mãe e filha, respectivamente filha e neta do Antonio Olmir Mendes, ou “Seu Miro”, um dos três fundadores da fábrica. E foram as duas que nos receberam e acompanharam na visita pelas etapas da fabricação das balas, totalmente artesanais, e na loja, repleta de produtos de fábrica e da região.
Serviço
Restaurante Girassol - BR-277 Jd. Farajala, R. Amin Bacila, Palmeira. Importante verificar sobre as restrições dos decretos da pandemia, que podem alterar o funcionamento do restaurante. Telefone: (42) 3252-1778. Informações no site e no Instagram @restaurante.girassol
Restaurante Girassol - BR-277 Jd. Farajala, R. Amin Bacila, Palmeira. Importante verificar sobre as restrições dos decretos da pandemia, que podem alterar o funcionamento do restaurante. Telefone: (42) 3252-1778. Informações no site e no Instagram @restaurante.girassol
* André Bezerra é cronista de gastronomia - Instagram @andrebezerraoficial