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Paraná lança programa para aumentar produção de uvas no estado
O governo quer mais videiras no campo do estado do Paraná e mais uvas paranaenses na mesa do brasileiro. O anúncio foi feito na terça (26), no Palácio Iguaçu, quando o governador Carlos Massa Ratinho Junior lançou o Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense (Revitis).
Com incentivos de crédito, assistência e capacitação técnica para o produtor rural, redução de impostos para toda a cadeia e estímulo para atividades turísticas, a expectativa é que cresça a área de plantio de uvas no estado e que em 2024 as vinícolas aumentem seu processamento de uvas paranaenses em 342% para vinhos finos e de 57% para vinhos de mesa e suco de uva. A projeção é processar quase 3 mil toneladas de uva para vinho fino.
Isso significa mais Bordeaux, Niágara e Isabel virando suco de uva, doces e geleias, e viníferas como Cabernet Franc, Merlot, Chardonnay e Riesling sendo cultivadas e transformada em tintos, brancos e espumantes. “O Paraná tem 85% dos produtores em pequenas propriedades, e pode-se incluir a uva para variar a fonte de renda de quem já produz leite, mel, erva-mate, outros produtos da nossa terra”, disse o governador.
Mais uvas, mais vinho
Para o presidente da Vinopar (Associação de Viticultores do Paraná), Giorgeo Zanlorenzi, o crescimento de área plantada aumentará também a qualidade e variedade de uvas. “A dificuldade sempre foi a qualidade da matéria-prima. Com maior produção de uvas e conhecimento técnico para a escolha de variedades que se adaptem às diferentes características do território, maior a possibilidade de termos mais vinhos que se destaquem”, explica Giorgeo, também sócio da Zanlorenzi bebidas, que produz vinhos finos e sucos na região metropolitana de Curitiba.
Zanlorenzi explica que as cidades em torno de Curitiba têm um clima parecido com a Serra Gaúcha pela altitude e umidade, mas com a vantagem de ter um relevo mais plano. “O relevo mais acidentado da Serra Gaúcha é um pouco mais difícil para a colheita”, comparou. A exemplo do Rio Grande do Sul, o enoturismo pode se desenvolver com o crescimento de vinícolas no Paraná.
Recuperação do passado
O Revitis é uma aceno a um passado recente do estado. Em pouco menos de dez anos, o Paraná viu seus parreirais caírem pela metade: passou de 6 mil hectares 2009 para menos de 4 mil hectares em 2018. O resultado da colheita foi ainda mais drástico, de 120 mil toneladas para quase 40 mil toneladas no período.
Os motivos foram vários desde os anos 1980: problemas fitossanitários, a praga da pérola-da-terra (um tipo de larva), facilidades para a obtenção de produtos similares de outros estados, como do Rio Grande do Sul. “Há um potencial de crescimento em toda a cadeia da uva. Com a queda dos últimos anos, perderam-se cerca de 7 mil postos de trabalho”, lamentou Natalino Avance de Souza, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
Esta queda reflete nos produtos derivados da fruta: as vinícolas paranaenses, por exemplo, tiveram de “importar” 84% de uvas finas do Rio Grande do Sul em 2019. Os produtores de vinho de mesa e de sucos trouxeram quase 98% de uvas gaúchas no mesmo ano.
Os dados foram coletados pela Vinopar com 11 vinícolas associadas. “Queremos que o Paraná seja conhecido como o maior produtor de alimentos por metro quadrado do mundo pela sua agroindústria”, declarou o governador durante a solenidade. A indústria do estado registrou um crescimento de 6,7% em 2019.
O Paraná tem produção de uvas concentrado ao norte, na região de Maringá, conhecida por vinhos de mesa, e no sul e sudoeste, em Bituruna e Mariópolis, com um histórico recente de vinhos finos e reconhecimento pelos espumantes. “Não queremos desbancar Argentina, Chile, França, Itália na produção de vinhos. Queremos nosso espaço produzindo doces, vendendo a fruta in natura, fazendo sucos e vinhos finos e de mesa”, declarou Norberto Ortigara, secretário do Abastecimento do Estado.
Segundo o secretário, a produção de uvas pode acrescentar de R$ 3 a 7 mil mensais à renda do pequeno produtor. “Um hectare de vinhedo emprega duas pessoas diretamente e três indiretamente”, estima o secretário.