Produtos & Ingredientes
Projeto de barista de Curitiba garante que uma das melhores safras de café especial chegue à xícara
Se você gosta de aquele cafezinho especial, talvez nem imagine. Mas, devido à pandemia, por muito pouco o fornecimento da matéria-prima nas cafeterias não ficou comprometido. É que lá no início da quarentena, quando muitos produtores iniciaram o processo de colheita, algumas torrefações e cafeteiras que também fazem o processo da torra, diante do fechamento temporário dos pontos de venda, acenaram para uma eventual redução do investimento na compra dos grãos.
A afirmação é da barista e empresária Georgia Franco, do Lucca Café, que, diante desta possibilidade, começou a pensar em um projeto que fortalecesse a cadeia produtiva dos cafés especiais na quarentena. A intenção era garantir que uma das melhores safras da história do produto - de 2020 - chegasse às xícaras dos admiradores de café de todo o país.
"Levamos 20 anos no processo de desenvolvimento do gosto das pessoas pelos cafés especiais. Não poderíamos comprometer a distribuição deste produto de alta qualidade", afirma Georgia.
Então, ela se uniu a Paula Dulgheroff, do Mundo Café, para criar o Adote uma Microtorrefação, projeto que envolve os produtores das áreas de Denominação de Origem (DO) - caso da Mantiqueira de Minas e Cerrado Mineira -, e de Indicação de Procedência (IP) - regiões do Norte Pioneiro do Paraná, da Alta Mogiana, das Matas de Minas e do Caparaó, às microtorrefações, que têm como foco no consumidor final do café de excelência.
Na prática, a ideia é promover uma redução do valor das sacas de cafés de alta classificação que vão para a torra, mais especificadamente os produtos de classificação 85, 86 e 87. "Produtores da categoria 85 entregam duas sacas a cada compra de saca pela torrefação. No caso da categoria 86, a proporção é da doação de uma saca a cada uma comprada e, por fim, meia saca doada para cada saca comprada no caso da categoria 87", explica Georgia.
Em troca, os produtores vão receber uma intensa promoção dos produtos especiais por meio de ações de marketing, que terão foco, especificamente, nos selos de origem dos cafés especiais. "Percebemos que dentro da cadeia, o produtor foi o menos prejudicado no período da pandemia - o investimento para a colheita já havia sido feito. Ele já tem o produto e precisa garantir a saída. Nossa preocupação é fazer com que esse café de qualidade continue chegando ao consumidor", reforça.
Para conhecer mais detalhes do projeto e fazer a inscrição, que vão até o dia 20 de setembro, produtores, torrefações e cafeterias de todo o país devem acessar o www.mundocafe.com.br/adote. Podem se envolver no processo produtores com cafés a partir de 85 pontos, com certificação. Já as microtorrefações não podem torrar mais de 500kg do produto por mês e tenham um caráter sustentável. Por fim, as cafeterias precisam se comprometer com o fortalecimento da cultura do café de origem.
"O produto de excelência negociado ao longo do projeto deve começar a chegar no consumidor final no início do ano vem. O projeto chega para fortalecer o pensamento de um futuro de mais esperança e para mostrar ao público como a cadeia dos cafés especiais é unida", afirma Georgia.