Pessoas
Conheça o projeto Gastromotiva
Coloque uma boa dose de talento, muita vontade de aprender e uma pitada de visão do futuro. Misture bem e você terá o Gastromotiva, projeto criado pelo chef curitibano e empreendedor social, David Hertz. A ideia que nasceu em São Paulo, está no Rio de Janeiro e Salvador, utiliza a gastronomia para promover a inclusão social nas comunidades carentes das cidades brasileiras.
Tudo começou em 2006 quando Hertz, depois de uma viagem gastronômica ao redor do mundo, volta ao Brasil com a intenção de transformar a vida das pessoas que moram nas favelas e nas periferias de São Paulo. Busca recursos, parceiros e apoio, e monta um curso de capacitação gratuito, com duas vertentes (cozinheiro ou garçom), para jovens de 18 a 35 anos cuja renda familiar é de até três salários mínimos.
Mas o curso pensado pelo chef não é daqueles convencionais. Ele tem duração de 280 horas e engloba o ensino prático e teórico da gastronomia – habilidades básicas de cozinha, confeitaria, panificação e ecogastronomia –, mas também aulas de cidadania, higiene, segurança alimentar e postura profissional. “Os alunos de hoje serão os professores e os cidadãos conscientes de amanhã. Nosso objetivo é transformar a vida dessas pessoas e fazer com que elas transformem a vida de outras”, diz Hertz.
Como isso se concretiza no dia a dia? Para começar, o trabalho de conclusão do curso prevê que os jovens ministrem aulas em entidades sociais, como igrejas, associações e ongs, nas comunidades onde moram. “Eles repassam o aprendizado e se tornam multiplicadores de cidadania”, afirma Hertz. Depois de formados, os jovens seguem caminhos diferentes. Muitos são contratados pelos restaurantes parceiros do projeto: como o Dalva e Dito, em São Paulo, e Troisgros, no Rio, só para citar dois. Outros, por meio de programas de apoio, seguem para o empreendedorismo: voltam para as comunidades e montam pequenos negócios, em muitos casos padarias e confeitarias.
Para tornar seu sonho possível, Hertz estreitou parcerias com universidades e escolas de gastronomia, as quais disponibilizam salas de aula e professores, e dezenas de estabelecimentos que empregam os recém-formados. De acordo com o idealizador do projeto, 90% dos alunos são contratados. Até agora, o Gastromotiva capacitou cerca de 1.100 jovens. Só em 2014, ele formará outros 600 alunos, divididos em turmas de 50 pessoas, nos cursos ministrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
E o modelo se expande. O premiado chef Carlos García, do restaurante Alto, em Caracas, quer reproduzi-lo na Venezuela. Outras cidades do Brasil, no entanto, estão na mira do Gastromotiva. Curitiba seria uma delas? “É importante destacar que é necessário que a população local se inspire por essa causa, se articule e nos procure para começarmos juntos”, explica Hertz. Quem sabe teremos novidades por aí!