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Restaurantes

Museu Guido Viaro ganha bistrô com sotaque italiano

Flávia Schiochet
14/02/2018 12:03
O termo soa estranho, mas o “bistrô italiano” há razão de ser: pequeno e charmoso como um bistrô, o Cafè Tiramisù tem um inegável sotaque do país da bota. A identidade se deve aos irmãos proprietários, Antônio e Franco Cava, e sua mãe, a italiana Concettina D’Amico Cava. A família toca o dia a dia do bistrô como se estivessem recebendo amigos em casa. São 20 lugares; oito deles externos. A casa abriu em dezembro, anexa ao Museu Guido Viaro, em frente ao prédio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná.
Concettina cozinha em casa, enquanto Franco cuida do salão e bastidores do bistrô e Antônio prepara e serve o almoço do dia. Todos os doces e salgados da estufa são feitos pela matriarca, que explica a receita de cada um com minúcias – para falar do doce da princesa, uma torta de pão que aprendeu a fazer assistindo ao programa da Ana Maria Braga, ela pediu uma faca e uma fatia de pão de forma para demonstrar como montava as camadas.
Concettina D'Amico Cava entre os filhos Franco (à esquerda) e Antônio, responsável pelo almoço. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
Concettina D'Amico Cava entre os filhos Franco (à esquerda) e Antônio, responsável pelo almoço. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
A origem calabresa da família Cava inspira parte do cardápio do Cafè Tiramisù. Na parte de salgados, o onipresente pão de queijo divide lugar na estufa com dois petiscos italianos: arancini – os bolinhos de arroz arbório recheados com queijo (R$ 5) e o bolinho de berinjela (R$ 5), com pão amanhecido e aveia. Ambos são aquecidos no forno elétrico antes de servir.
O almoço é preparado por Antônio e servido o dia todo (ou enquanto durarem as 20 porções), sempre com opção para vegetarianos. O prato do dia custa R$ 20 e tem salada ou uma sopa como entrada. O sabor depende do dia, pode ser abóbora, lentilha, feijão branco ou outra leguminosa.
Às terças, rigatoni com linguiça Blumenau e limão siciliano. Às quartas, lasanha à bolonhesa ou com legumes (berinjela, abobrinha, ervilha e molho de tomate). Às quintas, nhoque com molho bolonhesa ou de tomate com manjericão. Às sextas, cannelloni invertido, com presunto envolvendo a massa cabelo-de-anjo, queijo cremoso e molho de tomate. O estilo dos pratos muda no sábado, quando entram em cena os peixes e frutos do mar (R$ 25).
Para fechar a refeição há sempre um bolo seco do dia (R$ 4 a fatia), torta de maçã verde com passas embebidas no limoncello (R$ 7 a fatia) e um café passado na moka (R$ 3). Das especialidades preparadas pela matriarca italiana também estão o doce da princesa (R$ 7 a fatia, com pão embebido em leite, creme de leite com baunilha e licor de amêndoas), o torrone de gergelim com melado e castanhas (R$ 3, servido na folha de laranjeira) e o tiramisù (R$ 7), feito com biscoito champagne, queijo cremoso e licor de café. Quem prefere algo fresco, Antônio prepara diariamente uma salada de frutas com suco de limão siciliano e melaço de romã. Para beber, mate gelado com gelo de limão siciliano.

A doceira da Globo

Com 73 anos de vida e 45 anos de cozinha, Concettina veio ao Brasil com sete anos de idade. Nascida na cidade de Fuscaldo, na Calábria, aprendeu a cozinhar com a família e com “grandes chefs da Europa” depois que os filhos cresceram.
Durante os anos 1990, teve um restaurante em Ipanema, no Rio de Janeiro, e depois uma fábrica de tortas doces em Copacabana. Suas tortas eram servidas na sala VIP da Varig e foi lá que ampliou sua carta de clientes – quando Lily Marinho, esposa de Roberto Marinho, provou um dos quitutes antes de um voo, quis o contato da doceira imediatamente.
Pouco tempo depois, Concettina começou a entregar 200 tortas por dia para os estúdios da Rede Globo, que eram servidas como sobremesa no refeitório da emissora: floresta negra, chocolate, morango, piña colada, strudel de maçã, sacrapantina foram algumas tortas. Dona Lily costumava chamá-la de “mãos de fada” e fazia encomendas semanais para sua casa.
Em 1996, Concettina publicou pelo consulado italiano um livro com suas receitas, no qual ela ensina do molho de tomate ao torrone de gergelim. Infelizmente, não se encontra o livro para comprar, mas parte de suas especialidades são servidas de terça a sábado no Cafè Tiramisù. Com sorte, encontra-se a própria Concettina no salão, pronta para uma conversa.
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