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Está chegando a temporada de sardinha! Aprenda a receita de caldeirada
Falta pouco para que a portuguesa Clarisse Maria Jorge Ferreira, 51, possa matar as saudades de casa. Porém, em vez de atravessar o Atlântico em direção a Leiria, ficará em Curitiba, onde mora há dez anos, à espera da temporada de sardinha, que começa no dia 16 de fevereiro e segue até 14 de junho. O transporte à sua cidade natal ficará por conta do aroma vindo de uma panela recheada com unidades inteiras do pescado, batatas e tomates.
Em junho do ano passado, época de São João, Clarisse apostou em outro preparo para relembrar os fins de semana em Portugal: “sardinhadas”, como são chamados os churrascos feitos com o peixe. No Mercado Municipal, não se importou em pagar mais que o dobro (R$ 25 o quilo) pelas importadas de Peniche, península da região central portuguesa. O investimento era necessário. “Foi bem mais caro, mas tinha que ser aquela”, conta, rindo.
O motivo? Lá, nas águas frias do Atlântico norte, os peixes são mais gordos e saborosos. “A sardinha de Portugal tem mais gordura entremeada na carne por causa da temperatura da água”, explica Fernando Midzuno, funcionário da peixaria Santa Clara, no Mercado Municipal.
Mas, as nossas, brasileiras, mesmo sendo mais “magrinhas”, também fazem sucesso por aqui. “É do mesmo jeito que na época da tainha. Todo mundo só quer saber dela”, garante Midzuno. Na peixaria da família, as vendas de sardinhas chegam a ser duas vezes maiores que o salmão, carro-chefe do comércio. A sardinha é encontrada em quase todo o litoral, especialmente de Santa Catarina.
Para todos os gostos
Quando não comem a versão enlatada, os brasileiros apostam nas sardinhas em conserva (no famoso e polêmico rollmops, feito com vinagre, cebola e especiarias), empanadas ou à escabeche, na panela de pressão.
Em Portugal, o peixe prateado é assado inteiro, na brasa e em crosta de sal, e servido com batatas de todo tipo. Não se deve tirar as vísceras, caso contrário a sardinha resseca. “Depois de assada, a carne desgruda com facilidade e toda a tripa fica colada na espinha”, explica Clarisse. “Isso é importante para mantê-la macia e úmida”.
Caldeirada de sardinhas
Clarisse gosta de usar as sardinhas brasileiras para fazer caldeirada, um típico refogado português feito peixes como robalo, pescada e dourado.
Esta é a tradicional receita de família que a portuguesa confiou à sua amiga de longa data, a chef paranaense Lena Gomes, do restaurante Lisboa Gastronomia. Embora a caldeirada lusitana não seja feita com bebida alcoólica, a cozinheira adicionou um toque pessoal ao preparo: uma taça de vinho branco. Fica ao gosto do freguês.
Quanto às espinhas, Clarisse garante que não há muito com que se preocupar. “São muito flexíveis, não tem problema. É fácil de tirar, especialmente se o peixe for bem fresco”.
O prato a seguir é, segundo ela, tão português quanto o icônico bacalhau com natas. Para completar a experiência, escolha um bom vinho para harmonizar a refeição. “Tinto, porque a sardinha é um peixe mais forte”.
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