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Trufas negras correm risco de extinção até o fim deste século
Cada vez mais seco, o clima quente nas regiões de produção de trufas na Itália, França e Espanha pode ficar tão severo que as trufas correm o risco de desaparecer até o fim do século. A informação é de um estudo publicado na revista científica europeia Ciência do Meio Ambiente.
Os preços do produto, que já são muito altos, podem subir ainda mais de acordo com as previsões da publicação. “Sempre que há uma seca, há impacto nas colheitas de inverno”, afirma Paul Thomas, da Universidade de Stirling, na Escócia, que comandou o estudo. “As trufas crescem durante o verão e amadurecem no inverno, o que significa que precisam da umidade do verão.”
As trufas negras geralmente custam mais de US$ 1.135 o quilo, algo como R$ 4.200. Mas são conhecidas por serem vendidas pelo dobro do preço depois de uma má temporada, segundo Thomas, que também é consultor na Mycorrhizal Systems Ltd., uma consultoria de trufas. Os preços da trufa branca, ainda mais rara que a negra, dobraram no ano passado depois de uma má colheita segundo a Bloomberg, uma empresa de dados e tecnologia de Nova York.
Thomas e Ulf Buntgen, professor no Departamento de Geografia da Universidade Cambridge, analisou 36 anos de dados dos campos de trufas mediterrâneas. Ele utilizou projeções climáticas para estimar uma queda de 78% na produção de trufas no Sul da Europa até o fim do século. Esse índice pode piorar com ondas de calor e incêndios florestais.
Mas os fãs do fungo não precisam ficar tristes. As trufas podem ter futuro em climas frios do norte, como no Reino Unido e na Irlanda, onde os invernos significam que a geada pesada não danifica os tubérculos. Enquanto o cultivo de trufas pode ser enganoso, Thomas já teve sucesso em muitas tentativas no Reino Unido. “Em 2017, produzimos a trufa negra pela primeira vez no País de Gales, e estamos fazendo um novo teste de grande escala”, afirma.
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