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 | Lucilia Guimarães
| Foto: Lucilia Guimarães

Jornal da Guerra contra os Taedos (foto) é um texto mais político do que os montados recentemente pela Armadilha Cia. de Teatro, cujas peças, como Os Leões e Café Andaluz, costumam aludir a relacionamentos humanos e resvalar, de leve, em questões existenciais.

É também mais árido. Nesses escritos de Manoel Carlos Karam, particularmente, o humor são clarões em uma floresta densa e, por vezes, difícil de atravessar quando somos carregados por vozes alheias – em vez de nos concentrarmos na solidão da literatura.

A montagem, em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas, escancara de início a opção pela polifonia, ao receber o espectador com uma sobreposição de vozes que nem sempre se fazem entender. Erguida sobre fragmentos, aponta para a pluralidade, expandindo a situação específica da guerra para outros conflitos cotidianos, menos monumentais, mais próximos, em um semear dispersivo.

Na apresentação de estreia, ficou evidente o que já se insinuava em peças anteriores: o ator Alan Raffo é o tipo certo para incorporar a comicidade que interessa ao diretor Diego Fortes, porque o faz com naturalidade.

As tentativas de escapar do clichê, deslocando o cenário da bancada jornalística ou da frente de batalha (sugeridas no título) para um dia de sol e um salão de beleza, não se afastam significativamente do ponto inicial. Diego Fortes e Gabriel Gorosito sem dúvida fazem rir em suas performances como cabeleireiros, mas será que não distraem de algo mais grave que estaria latente?

O criativo jogo com a luz, pensado pelo iluminador Waldo Leon, absorve completamente o espectador na crua cena em que a "espiã" Patrícia Kamis, em meio ao breu, e do alto de sapatos de salto que marcam os ruídos do suspense, é perseguida por refletores de luz. Um belo momento.

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