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A luz demarca o ator que protagoniza a cena. | Kathulin Tanan
A luz demarca o ator que protagoniza a cena.| Foto: Kathulin Tanan

No momento em que se rememora os 50 anos do golpe militar no Brasil, uma parte dos horrores daquele período ganhou o palco. Com a adaptação do livro "Nem mesmo todo o oceano", escrito por Alcione Araújo em 1999, a companhia de teatro OmondÉ, do Rio de Janeiro, trouxe ao palco do Teatro Guairinha, na noite desse sábado (05), a história ficcional de um jovem estudante de medicina, que se envolveu por ignorância política no serviço do Batalhão da Polícia do Rio de Janeiro, onde muitos interrogatórios forçados e violentos aconteciam, em plena ditadura militar. O personagem não identificado no livro, nascido em uma família pobre de Minas Gerais e cheio de vontade de crescer na vida e ser reconhecido socialmente, recebeu um "trato" especial da diretora Inez Viana, ao ser retratado por seis atores. "Ele pode ser qualquer um que não sabe escolher, que é alienado. Então, todos deveriam passar pela sensação desse cara, que tentou fazer a coisa certa e foi parar em um buraco tão difícil, como médico legista da ditadura", declarou.A peça começa com um jogo de bola entre os atores, já dando vida ao arremesso da história de um para o outro. Em um palco livre de cenário, um feixe de luz identifica os responsáveis pela história em cada parte dela. A vida do personagem é contada de forma em que em alguns momentos há a narração e, na maior parte, a encenação das atitudes e falas daquele médico e de todas as pessoas envolvidas em sua história – família, militares, amigos e amores. O jovem alheio ao momento político no qual o país estava inserido se apavora ao tomar conhecimento das torturas que aconteciam no local onde trabalhava como médico legista. Ele tenta se livrar daquilo deixando o cargo, mas já não pode, os militares não permitem. Então, ele procura ajudar as pessoas que chegam às suas mãos. Mas isso logo acaba ao deparar-se com a paixão da sua vida em uma das celas daquele local.É o momento da virada do personagem. Ele, que não queria se comprometer, realiza um ato que choca o público e transforma a história. "Ele não se envolveu em momento nenhum na questão da política, e quando viu, já estava fazendo parte disso e até sujando as mãos", surpreendeu-se Leandro da Silva Bargas. E é dessa forma que ele decide fugir, já que não o deixariam sair dali."É de extrema importância voltar ao tema nesta época, para nunca mais termos de novo um período tão terrível e triste da nossa história", reforça a diretora. Pra ela, o convite para a peça estrear em um palco curitibano foi de extrema importância, já que "o público de Curitiba é muito especializado, está acostumado com o teatro e não é leigo". A peça é apresentada desde agosto de 2013.

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