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Rose Marie Muraro foi ícone do movimento feminista | Eduardo Knapp/Folhapress
Rose Marie Muraro foi ícone do movimento feminista| Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

Uma das maiores representantes do movimento feminista no Brasil, Rose Marie Muraro aprendeu desde cedo a lutar com força contra as dificuldades, físicas e sociais. Nasceu praticamente cega e somente aos 66 anos conseguiu recuperar parcialmente a visão com uma cirurgia. Estudou física, foi escritora e editora de livros, assumindo a responsabilidade por publicações polêmicas e contestadoras.

Rose Marie morreu no último sábado, aos 83 anos, em consequência de problemas respiratórios. Ela tinha câncer de medula óssea há cerca de 10 anos, e estava internada desde o último dia 12 no CTI do Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro. O velório e a cremação ocorreram no domingo. Ela deixou cinco filhos e 12 netos.

Ao longo da vida, escreveu 44 livros – como Os Seis Meses em Que Fui Homem (1993) e Por Que Nada Satisfaz as Mulheres e os Homens Não as Entendem (2003) – que venderam mais de um milhão de exemplares. Em 1999, ela contou sua história na autobiografia Memórias de Uma Mulher Impossível.

Em sua longa carreira como editora, Rose Marie publicou 1,6 mil livros, na Editora Vozes e, mais tarde, na Rosa dos Tempos (filiada à editora Record).

Amigo próximo, o teólogo Leonardo Boff, que trabalhou ao seu lado de 1970 a 1984, na Vozes, diz que Rose Marie estabeleceu inovações analíticas "sem precedentes" sobre o estudo da mulher. "Ela introduziu a questão da classe social no estudo de gênero, foi a primeira mulher a estudar de forma sistemática a sexualidade da mulher brasileira a partir da situação ou classe social", frisa Boff. Em 2002, os dois assinaram junto o livro Masculino/Feminino, onde investigaram a relação entre os gêneros.

"Minha mãe lutou a vida toda por um mundo mais justo ", afirma uma de suas filhas, Tônia Maria Gebara Muraro. "E ela conseguiu fazer uma revolução por meio da literatura, o que é muito bonito." Segundo Tônia, graças aos esforços de sua mãe, será aberta em breve, no Rio, a primeira biblioteca especializada em estudos de gênero do Brasil. O espaço ficará na sede do Instituto Cultural Rose Marie Muraro, que funciona desde 2009.

Repercussão

A presidente Dilma Rousseff lamentou a morte da escritora, em comunicado divulgado via Twitter: "Foi com tristeza que soube da morte de Rose Marie Muraro, ícone da luta pelos direitos das mulheres."

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