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Os Dois Amores de Colombina

Sesi Portão (R. Padre Leonardo Nunes, 180 – Portão), (41) 3271-0808. 4ª a sáb. às 20h. Dom. às 18h. Entrada gratuita. Classificação indicativa: livre. Até 26 de outubro.

É possível afirmar que, de todas as manifestações artísticas que a humanidade produz desde os tempos em que pintava touros nas cavernas – estudos mais recentes especulam que, em alguns casos, sob efeitos de alucinógenos –, o teatro é o que mais exige do espectador a suspensão da crença, isso que dizemos sobre a imersão e a audiência ingênua: acreditamos que a moça está pendurada num bambolê de um parque, mas o parque não está lá concretamente, apenas em simulacro.

Por isso, Os Dois Amores de Colombina, do diretor Isidoro Diniz, que comemora 35 anos de carreira, em cartaz no Teatro Sesi Portão até 26 de outubro, exige ao limite as nossas relações de pacto. Inspirada nas velhas Commedias dell'Arte, aquelas italianas, do século 18, também chamadas de comédias-artesãs, com mascarados, pierrôs e arlequins, a montagem parte do poema Máscaras, do poeta, jornalista e industrial (!) Menotti Del Picchia, escrito em 1920, e integrante do livro Máscaras: o amor de Dulcinéia.

Eu sou de ninguém

Com pouco mais de 50 minutos, a peça diverte ao abordar os dilemas da colombina entre nder às vontades mais vulgares de um arlequim. "Escolhi esta peça porque o primeiro papel que fiz no teatro foi de um clown, um palhaço. Gosto desse tipo de ambiente, com tudo o que ele tem de lúdico e comunicativo", afirma Diniz.

Acontece, entretanto, que o poema de Del Picchia não é grande coisa mesmo, cheio de arcadismos e lugares comuns: "E a mim, cujo desejo te abriu o coração com a chave do meu beijo? A tua alma era como a Bela Adormecida: o meu beijo a acordou para a glória da vida!", diz o arlequim em certo momento.

O destaque fica por conta da atriz Jossane Ferraz, que, embora não tenha uma voz, assim, exuberante, é cativante e auxilia no trabalho de envolver o espectador num cenário de contornos mágicos. É para refletir se as escolhas musicais do diretor não poderiam ser mais elaboradas, considerando que algumas canções dos Tribalistas, como "Já Sei Namorar", causam mais efeito de afastamento do que aproximação. Incomoda um pouco também a construção de personagens, que os encaixota em lugares emocionais fixos e estereotipados, o que é do próprio formato. De todo modo, uma peça bacana.

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