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Violinista intrepreta Beethoven com a Filarmônica Nacional da Rússia no DVD Legacy – Live in Baden-Baden | Divulgação
Violinista intrepreta Beethoven com a Filarmônica Nacional da Rússia no DVD Legacy – Live in Baden-Baden| Foto: Divulgação

Menino prodígio, o violinista David Garrett fez o primeiro concerto aos 10 anos – mas não gostava do instrumento, que começou a estudar, conta, apenas para copiar o irmão mais velho. Mas o cara tinha talento e, pouco de­­pois, formou-se na classe de Itzhak Perlman na Juilliard School – e seu disco de estreia, com concertos de Mozart, foi gravado com ninguém menos que Claudio Abbado. "Simplesmente a­­con­­teceu", conta ele, hoje com 30 anos, no documentário Playing for My Life que acompanha seu novo DVD, Legacy – Live in Baden-Baden, no qual interpreta o concerto para violino e orquestra de Beethoven com a Filarmônica Nacional da Rússia.

Nos últimos anos, o talento musical de Garrett somou-se a um pesado jogo de marketing. Ele trabalhou como modelo, curte rock e hip-hop, adora badalar nos clubes mais exclusivos da noite nova-iorquina – e, por isso mesmo, passou a ser vendido como um dos salvadores de um mundo clássico chato, conservador e avesso a novidades.

O problema é que o slogan teve vida curta. Afinal, se um bom músico clássico não precisa reproduzir a sisudez do clichê que se associa à atividade, definir toda uma carreira em cima apenas dessa negação não fecha a conta. E, depois da estreia promissora em disco, os concertos de Garrett passaram a revelar um artista envolvido demais com a própria técnica, envolto num universo cansativo de autorreferência e pouco afeito à exploração de repertório que vá além da união do violino ao rock – crossover que, no seu caso, não acrescenta nada a ne­­nhum dos dois universos.

Nesse sentido, é muito mais interessante o trabalho de outros artistas de sua geração, como Hi­l­­lary Hahn ou Leila Josefowicz, em que a abertura para a música contemporânea, em toda a sua multiplicidade, não carrega ne­­nhum ranço populista e parece respeitar espontaneamente personalidades artísticas de uma época na qual a mistura entre manifestações artísticas é fato consumado e não uma roda a ser inventada a todo instante.

O concerto de Beethoven no DVD, no entanto, tira um pouco a impressão ruim dos concertos de Mozart e Tchaikovski que ele interpretou no Municipal do Rio de Janeiro há alguns anos, em que o virtuosismo jogou para escanteio as obras interpretadas. Seu Beethoven, gravado com a Filarmônica Nacional Russa em Baden-Baden, sugere um arco interpretativo no qual há espaço tanto para passagens mais heroicas quanto outras de caráter reflexivo. Dá até para esquecer a quase uma hora de autoelogios do documentário.

Serviço:

DVD Legacy – Live in Baden-Baden, de David Garrett. Universal Music. Preço médio: R$ 42,90. Concerto.

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