
Filmes
Mesmo com a crise, empresário abre nova videolocadora em Curitiba
Remando contra a maré, o empreendedor Luciano Ramos abriu a videolocadora Vincere Vídeos bem no meio da crise que levou centenas de empresas a fecharem as portas no mundo todo. Uma estimativa recente norte-americana afirma que 40% das videolocadoras fecharam nos Estados Unidos desde 2005. "E tenho clientes novos semanalmente", garante Ramos. Há três anos, o espaço atende o público com um acervo de 5 mil filmes, especializado em obras raras em DVD e Blu-Ray.
Organização
Em uma tentativa de enfrentar a crise, as videolocadoras do Brasil mantinham diversas associações para organizar o mercado. Mas a Associação Brasileira das Videolocadoras (ABV), uma das mais importantes do ramo, deixou de operar há cerca de dois anos.
Locadoras
Vídeo 1
R. Padre Anchieta, 458, Mercês. (41) 3223-4343. Diariamente, das 10h às 22 horas.
Cartoon Vídeo
R. São Pedro, 347, Cabral. (41) 3253-3245. Diariamente, das 10h às 11h59.
Nosferatu DVD Hall
Praça do Japão R. Francisco Rocha, 18, Batel. (41) 3244-6080.
Diariamente, das 14h às 22 horas.
Vincere Vídeos
R. Comendador Macedo, 36, Centro. (41) 3779-4458. Diariamente, das 10h às 21 horas.
Semanalmente, o aposentado Mauro Sérgio Michielin, 63 anos, sai do bairro Guabirotuba para alugar um filme em sua videolocadora favorita. Na maioria das vezes, ele atravessa a cidade sem saber direito o que vai levar para casa, mas tem consciência de que não será um título qualquer. "Deixo para ver os grandes blockbusters no cinema", diz.
Michielin faz parte de um grupo de cinéfilos cada vez mais raros entre as novas gerações: o de frequentadores de videolocadoras. Cada vez mais exigente, esse público vem deixando as empresas do ramo em uma berlinda, pois se não oferecerem algo diferente dos serviços de streaming de vídeo, como o Netflix, podem fechar as portas.
Na última década, os espaços especializados em aluguel de DVDs em Curitiba e Região Metropolitana caíram de 480 para 180, segundo estimativas baseadas nas distribuidoras de filmes. Para fugir do cenário apocalíptico, provocado inicialmente pela pirataria digital, os estabelecimentos têm investido em diferenciais, como vastos catálogos de filmes raros e atendimento qualificado.
Em atividade desde 1980, a Vídeo 1 se tornou uma das pioneiras no setor e é conhecida, justamente, pelo grande acervo. "As pessoas sabem que temos uma cartela permanente com 34 mil títulos. Isso garante ao público uma variedade de escolha que a internet nem sempre pode oferecer com qualidade", assegura Luís Renato Ribas, proprietário da loja. Mesmo assim, a empresa não saiu imune. Em 2010, a loja que ficava na Praça da Espanha fechou as portas.
O empresário garante que o ramo continua lucrativo, embora não seja como antes. Para dar um novo sentido ao espaço de sua videolocadora, Ribas tem investido em cursos de formação de cinema e na manutenção de um acervo para empréstimos com fins educacionais e de preservação. "Ainda temos dois mil títulos em VHS para os filmes que não foram lançados em DVD e dificilmente são achados na internet."
Transformação
Em Curitiba, as videolocadoras passaram por três grandes fases nas últimas décadas. A primeira foi marcada pelos desbravadores, que ainda tateavam esse novo modelo de negócio, propiciado pela chegada dos videocassetes às lojas do país. O segundo momento ocorre com a chegada da rede internacional Blockbuster, que profissionalizou o mercado na metade da década de 1990.
Quando a pirataria digital estourou, no início dos anos 2000, a Blockbuster fechou boa parte de suas franquias e no Brasil foi vendida à rede de lojas Americanas. Muitas videolocadoras foram pelo mesmo caminho. "As que se profissionalizaram e mantiveram uma rede de clientes ativa não", salienta Neivo Zanini, proprietário da Cartoon Vídeo, cujo acervo tem cerca de 20 mil títulos.
O empresário, que também fechou uma sede no bairro Cristo Rei recentemente, diz que sua loja se mantém lucrativa. Mas os tempos mudaram. Hoje, uma receita importante da Cartoon vem da revenda de catálogos, que não cabem mais nas prateleiras. "Investimos muito nos lançamentos. Procuramos comprar tudo. E o que entra, precisa sair", revela. Somente da refilmagem de Robocop (2014), dirigida pelo brasileiro José Padilha, a empresa adquiriu cerca de 80 cópias recentemente.
Negócio
A estratégia das videolocadoras menores também é semelhante. Boa parte do acervo da Nosferatu DVD Hall, localizada no bairro Batel, é voltada para filmes alternativos ao cinema americano pipoca. "Tentamos apostar muito em mídias mais raras, com títulos europeus e cults", conta Adriana Maria Grando, uma das proprietárias. O espaço também realiza ciclos de formação de plateia, com palestras sobre linguagem de cinema atividades que devem ser expandidas no futuro.
"Quando a crise passar, o aluguel de filmes se tornará algo muito específico, voltado para um público bem qualificado", avalia a empresária. Como as outras empresas consultadas nesta reportagem, a Nosferatu também aposta nas mídias de alta resolução, como o Blu-Ray, para fisgar o público com a qualidade das cópias.

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