Animação além do simples traçado

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Estreia hoje no Brasil o longa-metragem de animação Meu Malvado Favorito (no título original, Despicable Me - confira a programação completa). Aguardado com certa expectativa, o filme é o primeiro lançamento da Illumination Enter­tainment – fundada pelo ex-presidente da 20th Century Fox Animation, que é responsável pela franquia Era do Gelo e outras produções de sucesso.

A Illumination é uma aposta da distribuidora Universal Pictures, que investe na empresa para disputar o crescente público das animações tridimensionais. Os grandes responsáveis pelo aquecimento desse mercado foram os Estúdios Pixar, que desde o lançamento de Toy Story (1995), começou a conquistar não só crianças, como também adultos – combinando ótimas animações com um roteiro tanto divertido como emotivo.

Atentos a esse contexto, os criadores de Meu Malvado Favorito tentam seguir a mesma receita bem-sucedida. Em vez de um longa apenas engraçado, o que se busca é uma profundidade na construção dos personagens ao longo da trama. O próprio vilão Gru, protagonista da história, é bastante complexo.

Cheio de traumas de infância, ele vai tentar "roubar" a Lua, e por isso bola uma série de planos que inclui adotar três garotinhas órfãs. O problema é que ele não leva o menor jeito para pai – mas isso não impede que elas exijam sua atenção a todo momento. Com o desenrolar dos fatos, ele percebe que, talvez, a Lua não deva ser seu principal objetivo.

Dublado pelos comediantes Steve Carrell na versão original e Leandro Hassum na brasileira, o filme deixa a desejar no ritmo das piadas. Além de muitas delas não terem lá muita graça, o roteiro ainda reserva uma breve pausa para que o público contemple a situação cômica e finalmente ria – o que em plateia menos animadas pode gerar um silêncio constrangedor. Mesmo assim, há boas tiradas, como o nome da instituição onde Gru faz empréstimos para financiar seus planos: "Banco do Mal – Ex-Lehman Brothers".

No final das contas, o filme pode não conseguir ser um Toy Story. Mas justamente por tentar elaborar uma história mais profunda – do que simplesmente realizar um bom traçado –, o longa já merece as atenções do público. GGG