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A icônica “A Menina Afegã”, de Steve McCurry. | Steve McCurry/Reprodução
A icônica “A Menina Afegã”, de Steve McCurry.| Foto: Steve McCurry/Reprodução

O acervo de fotografias de Silvio e Paula Frota começou relativamente tarde. Colecionador de artes plásticas, o casal cearense encantou-se pela arte fotográfica há 9 anos. O início não poderia ser mais significativo. Em visita a uma exposição nos Estados Unidos, Silvio adquiriu uma das 25 cópias do icônico retrato “A Menina Afegã”, que o norte-americano Steve McCurry clicou em 1984, durante a invasão russa ao Afeganistão. O impressionante par de olhos verdes da refugiada Sharbat Gula, na época com 12 anos, acabou na capa da revista “National Geographic” e tornou-se símbolo daquela guerra.

Desde então, cerca de outras 2 mil obras foram adquiridas em leilões e muitas visitas a galerias. Parte da impressionante coleção, que abrange dois séculos de produção brasileira e estrangeira, saiu do acervo pessoal e já está disponível para visitação em exposições no Museu da Fotografia Fortaleza (MFF), inaugurado no último fim de semana na capital cearense. “O museu não tem uma formação engessada. Aqui você vai ter todo tipo de fotografia, concreta, instalações e uma série grande de temas. Assim, contamos histórias”, diz Frota.

Veja algumas fotos do acervo do Museu da Fotografia Fortaleza

ARTE EM FORTALEZA

Museu da Fotografia Fortaleza

Rua Frederico Borges, 545, Varjota, Fortaleza – CE

Visitação: de quarta sábado, das 12h às 17h

Entrada: R$ 10

Leonilson - Arquivo e Memória Vivos

Abertura: 14 de março de 2017, às 19h

Visitação: 15 de março a 9 de julho de 2017

Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321 - Fortaleza - CE)

O espaço também vai trabalhar com a formação de público – e de fotógrafos, assim como promete o empresário. A ideia é trabalhar com a comunidade de Fortaleza e levar o acervo para o interior do estado. “Não será um museu estático”, conta.

Cidades

Para o turista que quer dar um tempo no calor de Fortaleza, o MFF é uma atração acessível, funcionando de quarta a domingo. A ocupação do prédio de três andares localizado no bairro Varjota, a poucos metros da avenida Beira-Mar, teve trabalho de curadoria de Ivo Mesquita, que foi diretor técnico da Pinacoteca de São Paulo. A exposição temporária de inauguração, “Um Imaginário de Cidades”, ocupa o primeiro pavilhão e tem como linha-mestra a vida urbana no Brasil e no exterior, expondo muitas facetas do crescimento das cidades.

“A criação da fotografia é do começo do século 19, que coincide com o período em que Paris começou a ser considerada uma cidade moderna. A reprodução fotográfica registra essas transformações e propaga a imagem de Paris, copiada ao redor do mundo. No Brasil, a arquitetura moderna, nosso grande signo de identidade, também teve sua difusão pela fotografia”, explica Mesquita. Manifestações, detalhes arquitetônicos e personagens marcantes dessas cidades compõem um passeio inquietante

Além da Mona Lisa da fotografia, como ficou conhecida a obra de McCurry, a coleção tem obras de Man Ray, Robert Capa, Henri Cartier-Bresson, Richard Avedon, Dorothea Lange, Thomaz Farkas, Otto Stupakoff e Claudia Andujar, entre tantos outros grandes nomes da fotografia. Personalidades como Marilyn Monroe e Pablo Picasso também têm retratos.

  • Também pintor, o americano Man Ray é autor de fotos simbólicas como esta, sem título
  • Giant of Paruro, do fotógrafo peruano Martin Chambi
  • Otto Stupakoff, fotógrafo paulista, é o autor deste clique, que ganhou o nome de “Ian”.
  • “A Menina Afegã”, foto icônica de Steve McCurry que foi capa da revista “National Geographic” nos anos 1980.
  • Outro registro famoso é “Mãe Migrante”, da fotógrafa americana Dorothea Lange, clicado em 1936.

Brasileiros

A produção local também está no radar dos curadores. Chico Albuquerque, fotógrafo cearense (1917-2000) é tema de uma sala que celebra seu centenário. Albuquerque foi fotógrafo de cena no filme “É Tudo Verdade”, de Orson Welles, rodado no estado em 1942. Outros nordestinos em destaque são o baiano Mário Cravo Neto (1947-2009) e o também cearense José Albano.

Outros brasileiros também se destacam, entre os quais Sebastião Salgado, Fernando Leme e André Liohn. Entre os paranaenses, presença de Roberto Wagner, de Ponta Grossa. Orlando Azevedo, açoriano radicado em Curitiba, também tem obras na coleção dos Frota, mas ainda não está em exibição.

Leonilson 60 anos

A capital cearense também abre nesta terça-feira a exposição “Leonilson - Arquivo e Memória Vivos”, no Espaço Cultural Unifor. A mostra celebra a obra do artista plástico José Leonilson Bezerra Dias, nascido em Fortaleza e morto em 1993, aos 36 anos, vítima da Aids. Com curadoria de Ricardo Resende e organizada pelo Projeto Leonilson e pela Fundação Edson Queiroz, a retrospectiva tem 120 obras, incluindo inéditas. O catálogo raisonné de Leonilson também será lançado. A pesquisa durou cerca de 24 anos.

A repórter viajou a convite da Fundação Edson Queiroz e do Museu da Fotografia de Fortaleza.

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