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Ricardo dos Santos  comprou sua priomeira obra de arte  por acaso, mas virou colecionador e interessado em arte. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Ricardo dos Santos comprou sua priomeira obra de arte por acaso, mas virou colecionador e interessado em arte.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Museus, galerias e ateliês podem ser um tanto intimidadores para quem não tem um contato próximo com as artes visuais. Comprar obras de arte, então, parece uma tarefa ainda mais complicada. Afinal, por onde começar?

Oriente-se

Veja cinco dicas essenciais para quem quer colecionar arte, segundo Guilherme Simões de Assis, da SIM Galeria:

1 - Visite frequentemente museus, galerias e feiras de arte.

2 - Pesquise. Leia sobre o assunto e procure livros sobre o tema.

3 - Se aproxime de pessoas do ramo em quem confie, como galeristas ou um consultor de arte.

4 - Procure acompanhar o trabalho de um artista pessoalmente, para entender o processo..

5 - Faça uma primeira aquisição. “A partir do momento que uma obra entra em um lar, ela transforma o ambiente e faz a pessoa sempre pesquisar mais”, aposta Guilherme.

Apesar de o colecionismo não ser exatamente uma novidade – o diretor da SIM Galeria, Guilherme Simões de Assis, lembra que a prática começou há séculos, com a patronagem de arte na Itália – existe uma parcela considerável de pessoas que passaram a ter interesse em comprar arte. Seja como investimento, ou por gosto pessoal.

Para quem quiser dar o primeiro passo, o necessário é pesquisar, orienta a consultora de arte Julie Belfer. “É impossível entrar numa loja e gostar de tudo. Mesma coisa com a arte.” De acordo com ela, é preciso levar em conta três validações: pessoal, artística e mercadológica que significam, respectivamente, gostar do que compra, saber da atuação e currículo do artista e o quanto sua obra vale no mercado.

Apesar de o contato artístico prévio ser uma máxima entre os especialistas, a compra de um trabalho pode ser o começo do interesse. Foi o caso do empresário do ramo de paisagismo, Ricardo dos Santos, de 28 anos.

Em 2011, ele foi realizar um trabalho para a dona da Galeria Teix, Jo Maciel, e se deparou com a exposição de inauguração, das artistas Claudia de Lara a e Sandra Hiromoto., em 2011. “Me chamou atenção e eu perguntei quanto custavam. Me assustei com o preço, mas a Jo me explicou sobre as artistas. Aí, parcelei um quadro e comecei a comprar”, diz ele, cuja coleção conta com sete trabalhos. Ricardo, que ia em museus raramente, passou a frequentar exposições e outras galerias. Também gosta de valorizar artistas locais. “Isso acaba incentivando eles a produzirem.”

A dona da Teix concorda: “o mercado é tão nebuloso que quem valida a obra, na prática, é quem compra”. Para ela, apesar de a arte ser um bom investimento financeiro, é interessante não se deixar seduzir somente pelo mercado. “O importante é se identificar com a obra. E ela pode, também, se valorizar no futuro.” Margit Leisner, da Farol, fala que o colecionador com “olho” também é um protagonista. “Adquirir a obra de um artista é garantir a continuidade de um pensamento.”

Origem

A prática do colecionismo se fortaleceu no período pós Segunda Guerra Mundial Antes, pós Primeira Guerra, muitos marchands da Europa migram para os Estados Unidos, como ítalo-americano Leo Castelli, considerado um dos maiores profissionais do mundo. “Ele conseguiu criar essa relação forte do colecionismo, e dos artistas para com as instituições”, ressalta Guilherme, da SIM (a galeria curitibana participará, esse ano, da Art Basel, em Miami).

Dinheiro não precisa ser um problema, fala Julie. “O importante é adequar o budget, e é possível comprar coisas boas que não são caras. Fora que o novo colecionador pode se identificar com o novo artista”. Segundo Jo Maciel, gravuras e fotografias costumam ser mais baratas (a partir de R$ 200), pois podem ser realizadas em série, diferente de uma pintura, por exemplo.

Papel

Guilherme Simões de Assis ressalta que coleções particulares brasileiras, como a de Gilberto Chateaubriand, que está em comodato com o MAM do Rio de Janeiro, e a de Bernardo Paz, que formou o Instituto Inhotim, extrapolaram a barreira privada e auxiliam na formação do público: ambos resolveram tornar elas públicas. “São coleções eternas, que não tem só especulação financeira, mas um peso artístico. E o colecionador tem que ter essa vontade.”

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