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Rua XV de Novembro, esquina com Dr. Muricy, em 14 de julho de 1945 | Acervo Cid Destefani/
Rua XV de Novembro, esquina com Dr. Muricy, em 14 de julho de 1945| Foto: Acervo Cid Destefani/

A Câmara Municipal de Curitiba abre nesta quarta-feira (23) a exposição “Curitiba Ontem e Hoje - 161 anos em retratos do desenvolvimento da cidade”. A mostra presta uma homenagem aos 323 anos da cidade e do Legislativo municipal.

Veja serviço completo no Guia.

O jornalista e pesquisador Cid Destefani em 1964Acervo da família

Das 100 imagens reunidas, 50 são antigas e fazem parte do acervo do jornalista, pesquisador e colunista da Gazeta do Povo Cid Destefani, falecido em setembro de 2015. As outras 50 fotografias foram tiradas dos mesmos ângulos, entre 2015 e 2016, pelos fotógrafos da Câmara, representados por Andressa Katriny e Chico Camargo.

As imagens traçam um comparativo entre o passado e o presente do espaço urbano. O público pode conferir as mudanças na arquitetura, transporte e comportamento das pessoas que passaram e ainda passam por Curitiba.

Além do valor estético, a mostra também promove uma compreensão política aos visitantes, mostrando o papel do Legislativo em muitas das transformações da cidade.

Curitiba de ontem e Curitiba de hoje

Fotos antigas e atuais revelam Curitiba de todos os tempos.

+ VÍDEOS

Prata da casa

Em 1957, Cid Destefani iniciou sua caminhada como repórter fotográfico da Gazeta do Povo. Foi em um trabalho durante uma campanha política que o jovem jornalista encontrou em um sótão os primeiros negativos de Curitiba, datados de 1915, 1920 e 1930.

Relembre as colunas Nostalgia, de Cid Destefani

De lá para cá, o acervo de Cid só cresceu. Suas pesquisas foram publicadas ao longo de 26 anos na coluna “Nostalgia”, da Gazeta do Povo. Seu legado para a memória paranaense é de um valor inestimável.

  • Criança de colo, o filho mais velho de dona Josepha e seu Amadeu circulava entre dois bairros que marcariam sua história, a Água Verde e o Batel. A mãe adorava fotografá-lo.
  • Em 1942, aos 6 anos, Cid Destefani nos tempos de suspensório. Contato com a fotografia começou em casa, um gosto da mãe, dona Josepha.
  • Adolescente, flagrado por um lambe-lambe, na Rua XV. Foi nessa rua que encontrou e salvou seu primeiro acervo, da Foto Kabsa, em 1959.
  • O pai, Amadeu Destefani, bem lhe arrumou um emprego de fiscal da prefeitura, assim que Cid voltou do Exército. Mas ele tinha descoberto a fotografia, por influência do amigo Manfredo Schiebler. Em 1958, tinha feito sua escolha.
  • Teve carreira rápida na imprensa. A fama de durão, contudo, reserva lances ingressados - ainda no final dos anos 1950, levou uma pedrada durante a cobertura de uma partida de futebol , em Ponta Grossa. Decidiu que não cobriria mais esportes.
  • Em 1959, chefe de reportagem fotográfica do jornal Correio do Paraná. “Era o profissional mais bem pago da cidade”, contava.
  • Em 1958, aos 22 anos, em início de carreira, com Rolleyflex. “Autorretrato” em espelho na casa da família Destefani na Avenida Batel.
  • Com Jânio Quadros, provavelmente em 1960: trajetória de Cid na imprensa é repleta de lances hilários.
  • Em 1990 (data provável), já desfrutando do sucesso instantâneo da página “Nostalgia”. A seção nasceu por sugestão do publisher Francisco Cunha Pereira (1927-2009): “Isso dá leite”, disse-lhe Pereira, sobre a publicação de fotos antigas em jornais.
  • Nos anos 2000, ao receber condecoração do Exército pelos serviços prestados à sociedade do conhecimento. Pouco dado a exibicionismos, veio à redação com suas medalhas no peito. Pensava no orgulho de Josepha e Amadeu. A mãe temia que ele “não desse em nada”.
  • Na condecoração: sociedade reconheceu o trabalho de Cid. Ele se orgulhava de nunca ser corrigido por historiadores acadêmicos.
  • Também recebeu medalha dos Pracinhas, que viam em Cid um narrador autorizado da Campanha da Itália.
  • Sempre às sextas-feiras: Cid vinha pessoalmente ajustar sua página, sendo recebido pelo designer Carlos Bovo, que se tornou seu último parceiro num dos maiores sucessos editoriais da imprensa paranaense.
  • Cid se irrtava quando o chamavam de mal-humorado. “Sou assim porque conheci muita gente que me deixou amargo”, defendia-se. Os amigos brincavam que era preciso um manual de instruções: nunca procurá-lo pela manhã (era notífago) e jamais pedir fotos emprestadas. “Esse acervo me custou muito trabalho”, brigava.
  • Cid era continuamente procurado por pessoas que precisavam checar fatos históricos sobre Curitiba.
  • Em dois perfis publicados pela Gazeta do Povo, Cid contou como se deu sua formação de fotógrafo e historiador. Parte do que sabia aprendeu no balcão da sapataria do pai, na Avenida Batel.
  • No famoso acervo de 500 mil imagens: foram 60 anos de colecionismo incansável.
  • “Hein” - posando para a campanha Paz Tem Voz”, da Gazeta do Povo (2011-2012), fez autoironia com seu tique de surdez.
  • Em rara palestra em que falou de sua formação de jornalista - egresso dos anos dourados da imprensa paranaense.
  • No laboratório doméstico. Cid passava a maior parte do tempo ali, imerso. Depois da morte da mulher, Lia, em 2001, passou a organizar todas as imagens sozinho.
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