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O segredo de Cléo: “É preciso ser fluente e entrar em sintonia com o outro” | Antonio Costa/Gazeta do Povo
O segredo de Cléo: “É preciso ser fluente e entrar em sintonia com o outro”| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Rastros e marcas

Saiba mais sobre a trajetória de Cléo Busatto

Quem é?

Cléo Busatto é escritora. Também é mediadora em projetos sobre oralidade, leitura e literatura infanto-juvenil. Mas ela ainda é conhecida por ser narradora oral de histórias.

Multimídia

Pesquisadora das possibilidades de como contar histórias na contemporaneidade, fez mestrado na UFSC sobre o assunto. Idealizou quatro DVD-ROMs para traduzir, na prática, esse projeto: Contos e Encantos dos 4 Cantos do Mundo, Lendas Brasileiras, Nos Campos do Paiquerê e Formosos Monstros.

Livros

Entre as suas obras, destaque para Paiquerê, O Paraíso dos Kaingang, Pedro e o Cruzeiro do Sul, A Arte de Contar Histórias no Século XXI etc.

Atuante

Catarinense radicada em Curitiba, ela já surpreendeu a comunidade de muitas maneiras. Circulou pelas dependências do Shopping Estação vestida de fada, realizou projeto de incentivo à leitura para alunos de escolas municipais, em que sugeriu que os meninos e as meninas se vestissem com a melhor roupa para entrar pela primeira vez em bibliotecas e livrarias.

Cléo Busatto fala com palavras, mas também por meio da movimentação de seu corpo. A atriz que se tornou contadora de histórias também é autora. Mas, antes de qualquer definição, ela é uma pessoa que acredita que toda cesta básica, além de feijão e arroz, tem de obrigatoriamente conter livros.

Todo ser humano, Cléo tem certeza, precisa de enredos. E conhecer, tecer e apresentar enredos é algo que ocupa 99% do tempo dessa multifacetada artista.

Hoje, a luz pode até cair no Centro Cívico. Se o fornecimento do serviço da Copel também falhar amanhã, Cléo não arrancará os cabelos. Afinal, nestes dois dias do fim de semana, ela vai apresentar, ao público, o conteúdo de seu quarto DVD-ROM, Formosos Monstros, no miniauditório do Museu Oscar Niemeyer (MON).

Essa proposta reúne som, texto e imagens em movimento. Tudo com a finalidade de acender o imaginário de quem está, por exemplo, na frente de um computador. No fundo, o suporte é apenas um detalhe para essa artista que deseja contar histórias todos os dias.

Diariamente, ela investe pelo menos 120 minutos de energia para gerar conteúdo nos espaços virtuais onde tem um endereço, seja Orkut, Facebook, Twitter etc. Cléo sabe que esses canais são pontos de contato com eventuais interlocutores nesses tempos em que a fragmentação dá o tom, em dias e noites em que poucas pessoas passam mais de 40 minutos sem conferir se chegou um novo e-mail.

Mas ela não quer se enxegar como vítima ou presa desses formatos breves em que se pode mandar todo e qualquer recado.

Entre um gole de café carioca e outro de água sem gás, deixa escapar que tem dois ou mais romances em andamento, e talvez três outras longas narrativas finalizadas. Mas desconversa. Não revela nem mesmo o nome de duas obras que estão no prelo.

A catarinense que viveu em São Paulo e no Rio de Janeiro, agora faz de Curitiba e cenário de quase todos os seus passos. Ela concluiu mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tentou responder a seguinte pergunta: quais são e como são as novas possibilidades de se contar uma história no século 21?

Mais do que responder ao desafio, o que de fato fez, pois defendeu a dissertação em 2006, ela transformou o projeto acadêmico em um livro. Mas, século 21 em trânsito, e ela estava envolvida na realização de DVD-ROMs, uma possibilidade de contação.

No momento de registrar a imagem para esta matéria, o repórter fotográfico Antonio Costa pede para Cléo andar com pressa, "como faz todo curitibano". A artista sorri, apressa o passo, mas não deixa de observar que não é apenas em Curitiba que se caminha como se o mundo fosse acabar na próxima esquina.

Hoje, Cléo percebe que praticamente todos os habitantes do planeta estão acelerados, em comparação a outros tempos, como no fim do século passado, que parece ter sido ontem, mas lá se vão dez anos.

Também já faz uma década que ela lançou o seu primeiro livro, Dorminhoco, que daqui a pouco atinge a marca dos 20 mil exemplares vendidos. Cléo é identificada como uma autora de narrativas infantis, mas ela sabe que é uma escritora, e não pensa em rótulos nem destino calculado de seus enredos. "Quero escrever e ser lida, se der, por todos os leitores", diz.

Cléo também transita pela chamada arte-educação. Apenas de 2005 para cá, capacitou mais de 40 mil profissionais e contou histórias para mais de 65 mil pessoas. Escrita ou falada, ela começa a confirmar uma tese: um dos segredos de uma história é a fluência. Como um rio que leva uma folha, argumenta Cléo, um texto, na tela do computador ou impresso em papel, tem de conduzir os olhos do leitor do início ao fim.

O contador de histórias, conta Cléo, também tem de ter fé. Afinal, o emissor precisar acreditar no que está falando, "Se não, como pode esperar que o público entre no mundo que ele está apresentando?", pergunta a contadora.

Há muitos outros segredos a respeito da arte de contar uma história e Cléo tem, a exemplo de todo mestre-cuca, os seus, sobre os quais mantém sigilo, até porque nem tudo pode ser explicado. Mas toda história, pondera, precisa ser contada.

Serviço:

Lançamento e demonstração do DVD-ROM Formosos Monstros, de Cléo Busatto. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Dia 6, a partir das 15h e dia 7, a partir das 16h. Entrada franca.

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