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Disco do curitibano Carlos Machado dá notas contemporâneas ao samba tradicional | Divulgação
Disco do curitibano Carlos Machado dá notas contemporâneas ao samba tradicional| Foto: Divulgação

O espirito da "banda de um homem só" bateu à porta do curitibano Carlos Machado. O músico e escritor gravou praticamente todos os instrumentos de Samba Portátil, seu mais novo disco de estúdio. Então violão, baixo, guitarra, escaleta, piano, teclado, percussão – e até palmas – dão o tom do álbum, com 15 músicas.

No disco há músicas criadas na companhia do poeta Fernando Koproski e do compositor Alexandre França, ambos parceiros de longa data. Mas é o samba contemporâneo de Machado, recheado de referências e que chega a dialogar com a bossa nova e o samba-rock, que sobressai.

"Um Coração Só Não Faz Canção", por exemplo, brinca com o ditado da andorinha – "uma só não faz verão" – para falar sobre os amores de antigamente. A levada meio soul, amplificada por um teclado de melodia circular, serve de cama para os belos versos de Machado e Koproski, que dialogam com o poema "Traduzir-se", de Ferreira Gullar.

Destaque em "Palavra Escrita" é o ar modernoso da música devido às programações eletrônicas. Ainda que simples, soa original em meio a triângulo, baixolão e pandeiro.

A música que dá nome ao disco dá uma guinada no álbum. Guitarras contrastam com uma melodia vagarosa e repetitiva que lembra – ainda que de longe – traços de Cazuza. A letra homenageia Pixinguinha, o desconstruindo de maneira otimista. "Meu coração/ já sei por qu/ tem essa mania/ de bater por você".

Já "Oração" é quase isso mesmo, uma música lenta e proseada, exceto por pitadas sensuais em uma letra pitoresca. "Amor, não me acuse de distração/ quando suas coxas se abrem/ uma pirâmide de veludo."

O disco perde um pouco de força até "Por que haveria...?", a décima faixa – são 15 músicas, talvez canções demais para um disco só. O que surpreende aqui é um violão arpejado que sustenta uma bela melodia, talvez na qual a voz aerada de Machado se encaixe melhor.

A trajetória de Carlos Machado na música é curiosa. Ele foi fundador da banda Sad Theory, em 1998, na qual guitarras pesadas substituíam o violão adocicado. O grupo lançou quatro discos, e ainda está na ativa. Como escritor, publicou a Voz do Outro (2004), Nós da Província (2005) e Balada de uma Retina Sulamericana (2006), todos pela editora 7Letras. Com Samba Portátil, dá nova vasão a seu samba contemporâneo, que é coerente, mas que precisa de maturação para se firmar. GGG

Serviço:

Samba Portátil. Carlos Machado. Preço: R$ 15, no site www.carlosmachado.bandcamp.com.

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