Cartas expõem laços ingleses de Voltaire

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Uma coleção recém-descoberta de 14 cartas do escritor e filósofo francês Voltaire (1694-1778) lançam luz sobre as estreitas relações do autor iluminista com a aristocracia inglesa. As mensagens, encontradas pelo professor da Universidade de Oxford Nicholas Cronk, representam um avanço na compreensão dos estudiosos sobre as influências que Voltaire teve durante seus anos na Inglaterra e de como foram criadas suas obras.

Em uma delas, o pensador – cujo nome verdadeiro era François-Marie Arouet – chega até a abandonar a forma francesa em sua assinatura e adota o "Francis Voltaire", algo que nunca tinha sido registrado até agora.

Cronk descobriu estas mensagens enquanto pesquisava na biblioteca pública de Nova York, e nos arquivos da Universidade de Morgan e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. "Voltaire passou dois anos muito importantes para sua formação, mas relativamente pouco documentados na Inglaterra. Ele tinha cerca de 30 anos, e era uma época na qual era mais conhecido como poeta", explicou Cronk.

Base do Iluminismo

Durante sua estadia do outro lado do Canal da Mancha, o autor de Cândido, O Ingênuo e Tratado sobre a Tolerância expôs suas ideias sobre os escritores ingleses e quando voltou à Europa continental levou consigo o empirismo, que depois constituiu a base do Iluminismo, detalhou Cronk.

"Além disso, estas cartas recém-descobertas são muito interessantes porque mostram como a estreita relação de Voltaire com a aristocracia inglesa o expôs a ideias iluministas, e nos ajudam a reconstruir a natureza dessas interações", acrescentou o professor, que leciona na Faculdade de Idiomas Modernos e Medievais de Oxford.

Estas relações com pessoas ricas e poderosas são, de acordo com Cronk, responsáveis por fazer Voltaire crescer na alta sociedade inglesa, já que ele chegou "como um poeta pouco conhecido com uma carta de recomendação do embaixador britânico em Paris".

Segundo o especialista, ainda restariam desaparecidas outras milhares de cartas escritas por Voltaire.