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Rio de Janeiro, dia do golpe (31/3/64): tanque para em frente à casa do presidente deposto João Goulart | Arquivo/Estadão Conteúdo
Rio de Janeiro, dia do golpe (31/3/64): tanque para em frente à casa do presidente deposto João Goulart| Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo

A eleição presidencial de 2014 no Brasil não deve ficar marcada apenas como a mais disputada desde a redemocratização do país, em 1989. O embate entre duas esferas políticas autodenominadas como opostas e antipáticas entre si (PSDB e PT) criou um verdadeiro cenário de guerra e dividiu a nação ideologica e geograficamente: Sul e Norte, em suas respectivas carapuças "azuis" e "vermelhas".

Na verdade, "coxinhas" e "petralhas". Foram esses os codinomes usados como referência aos peessedebistas e petistas nas redes sociais – que concentraram a maior força desta disputa, ainda que o efeito também tenha refletido nas salas de aula, nas mesas de bar e nas filas de banco. Elucidações à parte, a incorporação veemente das ideologias político-partidárias também ganhou força nas ruas. Ao contrário das memoráveis passeatas que eclodiram pelo país em junho de 2013, a reeleição de Dilma Rousseff motivou atos de grupos que não apenas queriam o impeachment da presidente reeleita como também a volta da intervenção militar no país.

Todos têm sua opinião – e democracia é exatamente isso. O Caderno G , então, sugere algumas indicações de leitura sobre a ditadura militar. Ao final, o apanhado funciona como um argumento substancioso contra as ideias de quem, hoje, pede a intervenção militar no Brasil.

Uma aula

Escrito pelo historiador, cientista político e professor Moniz Bandeira, O Governo João Goulart – As Lutas Sociais no Brasil aborda os fatos políticos e sociais que culminaram no golpe de Estado. Uma grande aula sobre o cenário pré-ditadura, quando o país era governado por João Goulart. Não trata dos fatos ocorridos pós- 64, mas é essencial para entender o desenrolar deste período da história do país. Nova edição lançada em 2010 traz apêndice dedicado exclusivamente às teses sobre a morte de Jango.

O Governo João Goulart – As Lutas Sociais no Brasil

Luiz Alberto Muniz Bandeira. Editora Unesp, 483 páginas. R$ 58.

Trilogia

Publicados entre 2002 e 2004, a série foi escrita com base em pesquisas em um acervo com mais de 15 mil itens, que vão desde notas manuscritas até áudios inéditos e relatórios governamentais. Cada um dos volumes trata de momentos específicos do regime. Ditadura Envergonhada, por exemplo, fala dos momentos iniciais do período. Lançada em nova edição no início do ano pela Intrínseca, a obra também está disponível em e-book.

A Ditadura Envergonhada, A Ditadura Escancarada, A Ditadura Derrotada e A Ditadura Encurralada

Elio Gaspari. Editora Intrínseca. 464, 560, 580 e 560 páginas, respectivamente. R$ 39,90 cada livro.

Ocular

Carlos Marighella foi um dos militantes mais expressivos dos "anos de chumbo". Fundador do maior grupo armado de oposição ao regime, a Ação Libertadora Nacional, ele participou de espionagens, operações de combate e passou pela prisão e tortura. Não há como reconstituir passos da ditadura sem citá-lo. Por isso, foi biografado pelo jornalista Mário Magalhães, que reconstituiu a vida deste mulato baiano por meio de pesquisas que demoraram nove anos. A obra levou o Prêmio Jabuti em 2013.

Marighella

Mário Magalhães. Companhia das Letras, 784 páginas. R$ 60.Um clássico

Escrito pelo jornalista Zuenir Ventura, que também esteve à frente de movimentos de resistência, o livro faz um recorte da história e expõe o que foi o ano de 1968 no país. Estão na obra fatos importantes como a Passeata dos Cem Mil, a implantação do AI-5, além de aspectos e personagens culturais que marcaram a época: contracultura hippie, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Glauber Rocha, Fernando Henrique Cardoso, José Dirceu, Nelson Rodrigues, entre outros.

1968: O Ano Que Não Terminou

Zuenir Ventura. Editora Objetiva, 312 páginas. R$ 49,90.

Na pele

Autobiografia do jornalista e político brasileiro Alfredo Sirkis, o livro não trata do regime com todas as suas nuances históricas, mas confere à obra uma abordagem mais pessoal, sobre como era enfrentar a repressão. O testemunho é um mergulho no movimento estudantil e da guerrilha urbana. Um dos pontos altos da obra é o relato do sequestro dos embaixadores da Alemanha e da Suíça, que levaram à libertação de mais de cem presos políticos. Ganhou o Prêmio Jabuti de 1981.

Os Carbonários

Alfredo Sirkis. Editora Record, 504 páginas. R$ 22.

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