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O ainda inédito Zero Dark Thirty, da premiada Kathryn Bigelow, reconstitui a ação militar que localizou e matou Osama Bin Laden no Paquistão | Fotos: Divulgação
O ainda inédito Zero Dark Thirty, da premiada Kathryn Bigelow, reconstitui a ação militar que localizou e matou Osama Bin Laden no Paquistão| Foto: Fotos: Divulgação

Trailers

Assista aos trailer dos filmes Argo e Zero Dark Thirty.

  • Ben Affleck dirige e estrela Argo, sobre o resgate de diplomatas norte-americanos no Irã, em 1980
  • Bigelow rodou o filme em locações na Índia

Era de se esperar que, em um ano político como 2012, no qual o mundo testemunhou uma das eleições mais disputadas de todos os tempos para a Presidência da República dos Estados Unidos, o cinema acabasse refletindo esse clima. Tanto que pelo menos dois longas-metragens baseados em fatos reais, ambos relacionados a ações dos EUA contra inimigos externos, estejam entre os prováveis indicados ao Oscar 2013: Argo e Zero Dark Thirty.

Em cartaz no Brasil desde a semana passada, Argo é o terceiro filme do também ator Ben Affleck, que em 1998 venceu o Oscar de melhor roteiro original por Gênio Indomável, coescrito a quatro mãos com o amigo Matt Damon, que estrelou o longa de Gus Van Sant.

Argo é uma unanimidade entre os críticos e está fazendo grande sucesso de bilheteria – já arrecadou US$ 87 milhões no mercado doméstico. O êxito o coloca entre os favoritos aos prêmios da crítica e da Academia neste ano.

Irã

Affleck, além de assinar a direção, vive o papel do agente da CIA Tony Mendez, que, em 1980, idealizou a ação secreta para a retirada do Irã de seis diplomatas que conseguiram escapar da embaixada norte-americana em Teerã, quando ela foi invadida e tomada por extremistas que exigiam a extradição dos EUA do xá Reza Pahlevi, exilado após a Revolução Islãmica de 1979.

Enquanto vários diplomatas permaneceram reféns dos iranianos durante mais de 400 dias, seis homens e mulheres se refugiaram na embaixada do Canadá. Se fossem descobertos pelas autoridades iranianas, depois da fuga, seriam provavelmente executados.

Para tirá-los do país, Mendez elaborou um plano surreal: convencer o mundo de que um estúdio de Hollywood estaria prestes a iniciar as filmagens de uma superprodução de ficção científica, aos moldes de Guerra nas Estrelas, e as locações "exóticas" escolhidas seriam justamente no Irã.

Dessa forma, Mendez conseguiu o visto de entrada e, com passaportes falsos emitidos pelo governo canadense, os seis refugiados se fizeram passar por integrantes da equipe de produção de Argo, título fantasia da aventura espacial que jamais seria filmada. Dessa forma, conseguiriam deixar Teerã em um plano que tinha tudo para dar errado.

Eletrizante, o filme de Ben Affleck tem vários méritos. Além de uma excelente reconstituição de época e de um elenco afinado, acerta ao não se render à tentação de ser uma visão acrítica e patriótica demais da política externa dos EUA: deixa muito claro que o governo norte-americano, ao lado de outras forças ocidentais, foi conivente e patrocinou o regime violento e abusivo do xá, derrubado pelo levante popular de 1979, de cunho fundamentalista, que trouxe de volta ao Irã o aiatolá Khomeini, exilado na França.

Outra qualidade de Argo é adicionar humor a essa receita, ao traçar um retrato crítico e algo zombeteiro das engrenagens hollywoodianas, que servem de fachada para a operação, e que só vieram a público nos anos 1990, durante o governo do presidente Bill Clinton.

Caça a Bin Laden

Cercado de mistérios, Zero Dark Thirty é o primeiro longa da cineasta Kathryn Bigelow depois que Guerra ao Terror venceu cinco Oscars, entre eles o de melhor filme e direção – ela se tornou a primeira mulher a vencer nessa categoria.

Pensado para ser um retrato da caçada de quase dez anos mundo afora ao líder da organização Al-Qaeda, Osama Bin Laden, depois dos ataques do 11 de Setembro de 2011, o filme teve de ser todo reescrito quando, em maio do ano passado, o terrorista foi morto no Paquistão pelas mãos da unidade conhecida como Navy Seal Team Six da Marinha dos Estados Unidos.

A trama de Zero Dark Thirty foi recriada em torno dessa ação. O fato de Kathryn Bigelow e o roteirista Mark Boal, que também escreveu Guerra ao Terror, terem tido acesso a informações confidenciais da CIA, serviço de inteligência norte-americano, e das Forças Armadas gerou revolta entre opositores do governo do presidente Barack Obama, que acusaram a cineasta e a Casa Branca de se aliarem para fazer um filme de propaganda em pleno ano eleitoral. Tanto que a estreia foi adiada para evitar uma escalada nessas acusações orquestradas pelo Partido Republicano.

Previsto para entrar em cartaz, num circuito limitado, no mês de dezembro (por aqui, chega entre janeiro e fevereiro), em tempo de se qualificar para o Oscar, Zero Dark Thirty é estrelado por Jessica Chastain (de A Árvore da Vida e Histórias Cruzadas), apontada como forte candidata à estatueta de melhor atriz no papel de uma agente da CIA atormentada.

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