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Quentin Tarantino disse que vai se aposentar como diretor depois de fazer o 10.º filme (faltam dois). | Picasa/Wikimedia Commons
Quentin Tarantino disse que vai se aposentar como diretor depois de fazer o 10.º filme (faltam dois).| Foto: Picasa/Wikimedia Commons

Normalmente, quando escrevo meus filmes, sei tudo a respeito dos personagens, descubro muitas coisas sobre eles antes mesmo de começar a colocar tudo no papel. Sei suas histórias, o que aconteceu com eles e o que os levou a um determinado lugar.

Encerre um grupo de desconhecidos em um ambiente do qual nenhum deles poderá sair e espere cerca de dois dias para ver no que vai dar.

Parece uma sinopse de reality show, mas trata-se da estrutura dramática de “Os Oito Odiados”, oitavo filme de Quentin Tarantino, que está em pré-estreia nos cinemas brasileiros e entra em cartaz de fato no dia 7 de janeiro.

Com mais de três horas, é o segundo faroeste da carreira do cineasta e, diz ele, seu antepenúltimo trabalho antes de abandonar a direção para se dedicar mais à produção.

No Brasil, devem ser lançadas 450 cópias, no formato scope digital. A versão alternativa, em tamanho maior, rodada em 70 milímetros (Tarantino despreza o formato digital), não será exibida por aqui (no Brasil) em razão de limitações técnicas.

BONANZA

O cineasta diz que, nos últimos dez anos, assistiu muito a séries de faroeste. E o mais interessante sobre elas, diz, é que, frequentemente, os protagonistas eram os “artistas especialmente convidados”, e não os atores do elenco principal. Isso explica a falta de um protagonismo claro em “Os Oito Odiados”.

Situado no Oeste americano e ambientado após a Guerra Civil, “Os oito odiados” parte de uma premissa simples: durante uma grande nevasca, algumas pessoas ficam presas em um armazém, espécie de posto de abastecimento para diligências. No espaço de algumas horas, enquanto esperam a tempestade de neve passar, muitas coisas serão reveladas sobre quem são aqueles personagens e o que estão fazendo ali.

Na história, o caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) leva a chefe de gangue Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para ser enforcada em Red Rock.

No caminho, eles encontram o major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), ex-soldado da União convertido em caçador de recompensas, e Chris Mannix (Walton Goggins), que diz ser o novo xerife da cidade.

Uma tempestade de neve obriga o grupo a buscar abrigo no Armazém da Minnie, mas, no lugar da proprietária, eles encontram Bob (Demian Bichir), Oswaldo Mobray (Tim Roth), o vaqueiro Joe Gage (Michael Madsen) e o general confederado Sandy Smithers (Bruce Dern).

Como em todos os trabalhos de Tarantino, o filme reúne um elenco formado por velhos parceiros do diretor e alguns nomes que se tornaram referência para o jovem cinéfilo dos anos 1980. Russell, Jackson, Roth e Madsen são reincidentes na colaboração com ele. Dern, que se notabilizou como coadjuvante de luxo e artista convidado em várias séries de faroeste americanas, é o homenageado desta empreitada.

Tributário do western, o mais americano dos gêneros cinematográficos, o filme herdou sua estrutura menos dos clássicos de John Ford e Sergio Leone do que de seriados populares na TV americana dos anos 1960 e 1970, como “Bonanza” ou “Gunsmoke”.

Pirataria

Um grupo de pirataria, chamado Hive-CM8 foi apontado como responsável pelo vazamento de grandes sucessos este ano, como “007 contra Spectre”, “Legend”, “Steve Jobs”, “Creed” e “Ponte dos espiões”. A ação que deu visibilidade ao grupo foi o vazamento de “Os oito odiados”, último longa de Quentin Tarantino, que chegou às redes de pirataria na internet uma semana antes de estrear nos cinemas dos EUA, no dia 30 de dezembro.

O grupo chegou a anunciar que tinha em posse 40 títulos, que seriam divulgados na rede, mas após a publicação on-line de possíveis informações sobre alguns de seus integrantes, pensou-se que os vazamentos cessariam. Não foi o que aconteceu. Mesmo após o episódio, eles divulgaram dois novos filmes: “Anomalisa” e “A grande aposta” (inédito no Brasil).

No comunicado publicado na última semana de 2015, o grupo afirma que os filmes não foram conseguidos por meio de ações hackers, eles foram comprados “de um cara na rua”. Eles pedem desculpas a Tarantino e tecem elogios a “Os oito odiados”.

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“Nós lamentamos pelo transtorno causado por divulgar esse ótimo filme antes da estreia nos cinemas dos EUA. Nós nunca quisemos causar danos a qualquer pessoa, e não sabíamos que a cópia se tornaria popular tão rapidamente”, disseram os piratas. “’Os oito odiados’ é um western excelente, emocionante e divertido, que combina ótima direção, um elenco fantástico, roteiro maravilhoso, bela fotografia e cortes memoráveis. Todos esses elementos fazem de “Os oito odiados” um filme inesquecível que mostra Quentin Tarantino no seu melhor”.

Segundo eles, os comentários gerados a partir do vazamento devem aumentar a curiosidade do público e impulsionar o número de pessoas que irão aos cinemas ver o filme. Por fim, o grupo afirma que não irá mais divulgar títulos antes do lançamento nos cinemas, nem liberar os 40 longas que possuem:

“Nós achamos que já fizemos o bastante”.

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