• Carregando...
“Demolidor” é uma das mais citadas séries pela similaridade com a linguagem cinematográfica | Divulgação
“Demolidor” é uma das mais citadas séries pela similaridade com a linguagem cinematográfica| Foto: Divulgação

Que tal uma maratona da sua série de TV preferida? O aumento da popularidade desse tipo de produto audiovisual – The Big Bang Theory, por exemplo, chegou a alcançar 20,4 milhões de pessoas na temporada 2015-2016 – tem exigido mais dos produtores das séries em termos de qualidade, algumas chegando a se equiparar em alguns aspectos com os padrões estabelecidos pelo cinema.

Com isso em mente, conversamos com profissionais do cinema curitibano para saber deles quais séries se destacam pelo padrão de excelência de qualidade e proximidade com a linguagem cinematográfica. Confira as indicações:

Paulo Biscaia Filho

Mestre em artes pela Royal Holloway University de Londres, o cineasta paranaense tem no currículo prêmios como o de Melhor Diretor no New Orleans Horror Film Festival pelo trabalho “Nervo Craniano Zero” ou ainda o prêmio de Melhor Filme de Horror Internacional no Illinois International Film Festival, em 2009, por “Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos”, entre outros.

Indicações

Twin Peaks – Dirigida por David Lynch, a série acompanha a história do agente do FBI Dale Cooper na tentativa de desvendar os eventos que culminaram na morte da estudante Laura Palmer. Biscaia destaca que a produção “revolucionou a lógica de estruturação das séries adotando o formato folhetinesco (episódios sequenciais que se complementam para atingir o clímax da história). Se destaca também pela trama elaborada, com linguagem ousada para a época.”

Demolidor – Primeira produção Marvel especialmente direcionada à Netflix, a série é inspirada nos quadrinhos criados por Stan Lee e Bill Everett. Gira em torno do personagem Matt Murdock que, apesar de cego, combate o crime depois da morte do pai, enganado pelo rei do crime. Essa adaptação é considerada pelo cineasta como a melhor já produzida para o audiovisual, com lutas que fogem dos clichês e parecem não coreografadas. Destaca também referências a clássicos do cinema como “Old Boy”, e outros.

Penny Dreadful – Tendo como mote o entrelaçamento das mais icônicas histórias de horror, a série traz personagens como Frankenstein, Dorian Gray (do clássico “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wild) entre outros, cujas histórias são ambientadas em uma Londres vitoriana. É justamente a habilidade em tecer essas relações de forma consistente que chama a atenção de Paulo Biscaia. Outro ponto importante, na visão do cineasta é o bom gosto na produção assinada por Sam Mendes (Beleza Americana/Estrada Para Perdição).

Ulisses Galetto

Doutor em História pela UFPR, músico do Grupo Fato, Ulisses Galetto é também um respeitado desenhista de áudio para o cinema, assinando projetos como o premiado “Curitiba Zero Grau”, “Lula, o Filho do Brasil” e, o mais recente, o documentário “Chinese People It’s All the Same”.

Indicações

Demolidor – Já citado anteriormente. Galetto, porém, salienta que, pela peculiaridade do personagem – como dissemos Matt Murdock é cego – o som assume uma dimensão essencial, pois é o estímulo sensorial que possibilita ao protagonista toda a sua percepção da realidade. E excelência alcançada nesse quesito é equiparável ao cinema.

Sense 8 – Dirigida pelas irmãs Wachowski (Matrix) e por J. Michael Straczynski, a série se baseia em uma conexão sensorial entre oito indivíduos que, mesmo de culturas e países diferentes em sua maioria, compartilham a visão de um crime e a necessidade de descobrir o motivo dessa conexão. Sobre esse produto, Galetto evidencia a excelência da montagem. Construir a narrativa dessa maneira é “de uma competência artística e técnica fora do comum, é uma verdadeira obra de arte”, completa.

Breaking Bad – Uma das mais premiadas séries da atualidade, gira em torno da vida dupla do professor de química frustrado e endividado Walter White que, quando diagnosticado com câncer terminal, resolve aplicar seus conhecimentos na fabricação de metanfetamina. Aqui, o trunfo, para Galetto, está na elaboração do roteiro. ”Conquistar o público para que sinta empatia por um anti-herói é uma vitória difícil de ser conquistada. Embora todos os elementos da série sejam excelentes, o destaque mesmo vai para o roteiro”, analisa.

Juliana Sanson

Diretora sócio-cultural da AVEC - Associação de Vídeo e Cinema do Paraná — e Fabulário Filmes, Sanson assina a produção de filmes como “Uns Braços”, “Ipê Amarelo”, além do roteiro de “Medo de Sangue”. Considera que “A necessidade de manter a atenção do espectador por um longo período, faz com que os roteiros das séries tenham uma complexidade diferente dos roteiros de cinema”, ainda assim destaca as seguintes séries:

Indicações:

Game of Thrones – A mundialmente famosa série inspirada na saga “Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R. R. Mantin, que tem seus acontecimentos relacionados às disputas de poder vinculadas ao trono de Westeros. Como principal desafio enfrentado pelos produtores da série, Sanson destaca necessidade de transpor para a tela da TV todo o clima grandioso descrito nos livros. Também em termos de roteiro, a artista aponta que “consegue desenvolver as complexas tramas dos inúmeros personagens da série sem que os espectadores se percam nos Sete Reinos de Westeros”.

How to Get Away With Murder – A série tem como personagem central Annalise Keating (Viola Davis), docente de Direito Penal na Universidade de Middleton, Filadélfia. Seleciona alguns de seus melhores alunos para atuar em seu escritório e, logo se vê às voltas com um intrincado caso de assassinato. Além da atuação da protagonista, Sanson evidencia a forma como os elementos da trama vão sendo revelados lentamente, com a narrativa se desenvolvendo de forma não linear. O roteiro ainda abarca subtramas que enriquecem ainda mais a história.

Túlio Viaro

Formado em cinema pela UCLA, na Califórnia. Estreia como documentarista com “Memória do Futebol Paranaense” e tem no currículo o prêmio de melhor animação no Festival do Maranhão, pelo trabalho com “Metamorfose”. O documentário “Um Filme de Bonecos” integrou diversos festivais, inclusive na República Tcheca.

Indicações

Jessica Jones – Adaptação dos quadrinhos criados por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos, para a Marvel, a série acompanha a protagonista tentando deixar os dias de super-heroína para trás. O destaque se deve, na opinião de Viaro, aos enquadramentos que buscam fazer referência ao universo quadrinesco, bem como a utilização de cores (que encontra paralelo com as versões cinematográficas de Sin City, outra adaptação da obra de Frank Miller).

The Sopranos – A série retrata o cotidiano de Tony Soprano (James Gandolfini), um mafioso radicado em Nova Jersey que inicia um tratamento psicológico após sofrer um ataque de pânico. Nesse caso, o cineasta qualifica o aprofundamento das personalidades dos personagens como o ponto de maior excelência. Considera o produto audiovisual pronto para a tela do cinema. Você pode conferir a abertura da série aqui

The Twilight Zone (1959) – Série que aborda elementos da ficção científica e sobrenaturais. Túlio elogia o caráter inovador da série tanto na temática – influenciando produções posteriores no segmento como Arquivo X – quanto na linguagem pela utilização do contraste entre luz e sombras. Também na visão do cineasta, a produção foi responsável por trazer seriedade para a temática ao mudar a tônica do gênero.

Aly Muritiba

O cineasta tem na bagagem o prêmio de Melhor Filme no Festival Sundance pelo projeto “O homem que matou a minha amada morta” – finalizado posteriormente com o nome “Para minha amada morta”. Também assina a direção dos documentários “A Gente”, “Crispim em A Origem da Inspiração”, entre outros.

Indicações

House of Cards – Série que mostra os bastidores da política norte americana através da trajetória do protagonista Frank Underwood. A produção tem como fã declarado o próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Para Muritiba, a decupagem (processo de divisão e planejamento dos planos em uma cena), juntamente com o posicionamento das câmeras, aplicado na série se assemelha muito à linguagem cinematográfica.

Black Mirror – A série criada por Charlie Brooker explora a relação do homem contemporâneo com a tecnologia através de histórias independentes. Na opinião do cineasta, a série “trabalha muito bem os códigos do Sci-Fi”, comenta.

Game Of Thrones – Já citada anteriormente, é a série favorita do cineasta no momento. Merece ser mencionada pelo caráter épico da produção, o que engloba todo o aspecto de produção, direção e roteiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]