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No centro de tudo: Roger Waters “metralha” público em apresentação na Itália. Imagens de shows se intercalam com uma road trip em que o músico visita familiares mortos. | Robert Mallows/Divulgação
No centro de tudo: Roger Waters “metralha” público em apresentação na Itália. Imagens de shows se intercalam com uma road trip em que o músico visita familiares mortos.| Foto: Robert Mallows/Divulgação

Em 2013, o ex-Pink Floyd Roger Waters e sua atual banda percorreram 219 cidades de diferentes países tocando em estádios gigantescos o também monumental álbum-conceito “The Wall”, lançado em 1979. Ao lado do diretor criativo da turnê, Sean Evans, o músico registrou alguns destes shows e lançou o documentário “Roger Waters The Wall” no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em 2014.

O filme chega a Curitiba nesta semana, com exibições na terça-feira (29), sábado (3) e domingo (4).

É um documentário estranho. Em duas horas e 13 minutos, proporciona imersão total nos shows aparentemente fantásticos da banda. “É como se você estivesse lá!”, diriam os mais entusiastas. E é. Na tela, canhões de luzes espetaculares, o famoso porco inflável (presente na capa de “Animals”), pirotecnias diversas e o tal muro, que vira uma tela de projeção gigante. Tudo isso enquanto a banda toca “Mother”, “Hey You”, “Another Brick in The Wall” e outros clássicos do décimo primeiro disco do Pink Floyd, o último com a formação clássica (David Gilmour, Roger Waters, Richard Wright e Nick Maso).

Quando

“Roger Waters The Wall” será exibido em Curitiba pelo UCI do Shopping Estação. Dia 29 de setembro, às 20h; dia 3 de outubro, às 21h30; e dia 4, às 20h30.

Em meio a cenas típicas de shows – garota no cangote do rapaz, lágrimas a escorrer no rosto de alguém em prantos –, acompanhamos uma inesperada road trip de Roger Waters em seu Bentley verde recém-encerado. O músico visita cemitérios europeus em que estão enterrados seu avô (morto durante a Primeira Guerra Mundial) e seu pai (combatente na Segunda). Sozinho, Waters toca trompete no meio do campo santo; e acompanha os filhos na visita a um dos túmulos.

O clima antiguerra é transportado aos shows. Imagens de pessoas mortas em conflito (inclusive a do brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado pela polícia de Londres em 2005) aparecem na tela, no muro. De um avião em holograma, caem cruzes, estrelas de Davi, logos da Shell e da Mercedes-Benz. É um ato político, mas em um show retórico e egoísta – no palco, Dave Kilminster, Snowy White, e G.E. Smith parecem não existir, e só entram em cena num solo ou outro.

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O disco duplo “The Wall”, quase inteiramente escrito por Waters, foi adaptado duas vezes. O filme de 1982, “Pink Floyd The Wall”, dirigido por Alan Parker com animação de Gerald Scarfe, se tornou cult. Em 1990 (logo após a queda do Muro de Berlim), Waters e Ken O’Neil realizaram um documentário sobre um show ao vivo na cidade alemã. Uma boa sacada.

Ao servir como exercício narcisista enquanto trata da desalienação política e da solidariedade econômica, “Roger Waters The Wall” torna-se um paradoxo. Irá se comunicar com fãs que não tiveram a oportunidade de acompanhar os shows ao vivo (certamente espetaculares), mas não irá fazer você mudar a sua vida, como talvez Waters (e só ele) tenha pré-concebido em sua viagem solitária.

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