Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
cinema

“Sabor da Vida” fala de comida e solidão

Filme alterna humor e reflexão ao mostrar como uma senhora consegue reerguer uma loja de dorayakis com sua pasta de feijão fabulosa

Cena de “Sabor da Vida”, que une três gerações em torno de um doce. | Divulgação
Cena de “Sabor da Vida”, que une três gerações em torno de um doce. (Foto: Divulgação)

Filmes sobre culinária já podem ser considerados um gênero à parte. Na maioria das vezes, trazem histórias que relacionam o preparo de algum prato às emoções dos personagens. “Sabor da Vida”, filme japonês que estreia nesta quinta-feira (10), não foge à regra. Com o perdão dos trocadilhos, ele segue a mesma receita, mas tem um tempero a mais, um toque oriental que o faz ir além de um filme apenas simpático.

Sentaro (Masatoshi Nagase) é o proprietário de uma pequena loja que serve dorayakis, uma espécie de minipanqueca recheada com um doce de feijão. O negócio não é nenhuma maravilha: a clientela é formada basicamente por algumas estudantes que nem acham o quitute aquelas coisas. Mesmo assim, Sentaro está em busca de um auxiliar para a cozinha.

O anúncio chama a atenção de Tokue (Kirin Kiki), uma senhora idosa que pede, por favor, para ficar com o emprego. Diz ela que seu sonho sempre foi ter uma loja de dorayakis. Sentaro, porém, se recusa a contratá-la devido à idade avançada. Em uma última tentativa de convencê-lo, Tokue deixa uma amostra de sua pasta de feijão.

O que acontece a seguir é o que todos esperam: a simpática senhora conquista o confeiteiro pelo estômago, garante o emprego dos sonhos e a loja se torna um sucesso. Antes relutante, Sentaro vai cedendo e a relação entre os dois, se afinando. O fervor dos negócios aproxima uma terceira personagem, Wakana (Kyara Uchida), adolescente que frequenta a loja e faz amizade com os dois protagonistas.

De forma delicada, “Sabor da Vida” usa da culinária para retratar três gerações unidas pela solidão. Cada um a seu modo, Sentaro, Tokue e Wakana buscam atenção, companhia e alguma importância no mundo. Poderia ser um filme melancólico, mas a diretora Naomi Kawase consegue levar a narrativa com leveza, alternando humor com reflexão e beleza plástica.

Mais do que comida e solidão, “Sabor da Vida” é sobre preconceito, tristeza, envelhecimento e respeito. É daqueles filmes que, talvez ajudados pela sabedoria oriental, conseguem transformar simplicidade em grandeza.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.