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estreia

“Samba” fala sobre imigração ilegal e xenofobia

Destaque da edição 2015 do Festival Varilux, filme dos diretores de “Intocáveis” trata da vida de senegalês na França

Em filme dos diretores de “Intocáveis”, Omar Sy interpreta senegalês que vive na França. | Divulgação
Em filme dos diretores de “Intocáveis”, Omar Sy interpreta senegalês que vive na França. (Foto: Divulgação)

Somente no primeiro trimestre deste ano, cerca de 57 mil imigrantes ilegais desembarcaram na Europa. Na França, especificamente, um quarto da população é originária de outros países. A respeito disso, surgem questões: as pessoas não têm o direito de buscar melhores condições de vida em outros lugares que não em seu próprio país? Até que ponto a condição de estrangeiro lhes impede de ter direitos básicos, inerentes ao desenvolvimento de uma estrutura fundamental de sobrevivência? Há de se tratar o imigrante de maneira invisível e culpabilizá-lo por questões totalmente independentes de sua presença e movimentação? Baseado no livro homônimo da francesa Delphine Coulin, o filme “Samba”, dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano (de “Intocáveis”, sucesso de público), aborda justamente a condição de vida de um imigrante ilegal em Paris, cidade-símbolo da Europa.

Veja no Guia onde assistir ao filme

O senegalês Samba Cissé (Omar Sy) vive há dez anos na França trabalhando como lavador de pratos em restaurantes. Certo dia, numa batida policial no metrô, é preso e levado para um centro de detenção de imigrantes. Lá, conhece Alice (Charlotte Gainsbourg), voluntária de uma ONG que auxilia socialmente e juridicamente imigrantes ilegais. Logo depois é solto, mas com a obrigação de deixar o território francês.

A partir daí, Samba adota atitudes que o tornam menos suspeito e, de certa forma, o estereotipam como um natural homem europeu, incluindo ações e vestimentas que não levantam dúvidas sobre sua verdadeira origem – o personagem começa a usar sobretudo, sapatos e uma pasta de couro; e deixa de utilizar um anel, peça que remete ao Senegal. Uma forma de narrativa imposta pelos diretores para discutir o aniquilamento do restante da cultura de origem do imigrante em troca da adoção de um padrão que o eleve espontaneamente dentro da sociedade em que agora está inserido.

Apesar da mudança, ele ainda é constantemente vítima de olhares preconceituosos, seja no transporte público ou nos bicos que arranja. Mas jamais perde a esperança e a alegria. Ainda mais por ver sua relação com Alice se estreitar. Com um sorriso no rosto, é capaz de se divertir num trabalho aparentemente rijo e monótono ao brincar com os manequins em exposição.

“Samba” fala de sonho. Da batalha por realizá-lo. E principalmente do poder de alguns em destruí-lo.

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