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Indefinição na programação da Cinemateca incomoda frequentadores | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Indefinição na programação da Cinemateca incomoda frequentadores| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A programação da Cinemateca de Curitiba, única sala mantida pela prefeitura em funcionamento na cidade, vem dividindo opiniões entre os frequentadores. Enquanto alguns acreditam que ela cumpre seu papel social, outros reclamam da falta de estreias e da deficiente divulgação da programação. A indefinição do perfil do cinema preocupa os cinéfilos, que ainda se acomodam nas cadeiras da derradeira sala de cinema pública da cidade. Afinal, o que esperar do espaço?

Em 2010, o desafio é conciliar dois papeis: o seu próprio, inerente a uma cinemateca – de debater, incentivar a produção e formar acervo de cinema – e o de trazer frescor à programação, para ocupar o espaço deixado pelo fechamento do Cine Luz. "O fechamento dos outros cinemas de rua sobrecarregou a expectativa na Cinemateca, pois esperávamos que os filmes que eram exibidos nessas salas passassem para lá, mas o espaço tem apenas uma sala de projeção", comenta o advogado Adriano Bronholo, que é frequentador assíduo da Cinemateca.

Para Solange Stecz, diretora da Cinemateca e coordenadora de Cinema e Vídeo da Fundação Cultural de Curitiba, o objetivo do espaço é fomentar a reflexão. "Nosso foco é o cinema arte, com prioridade para obras nacionais e mostras culturais. A Cine­­mateca não é uma sala comercial", explica. Apesar da ausência de filmes do circuito cult, Solange ressalta que a Cine­­ma­­teca tem trazido lançamentos nacionais e focado na difusão da produção paranaense. Um exemplo é o lançamento do longa No Meu Lugar, de Eduardo Valente, que foi exibido na seleção oficial do Festival de Cannes de 2009 e estreia na próxima segunda-feira (8), às 16 e 20 horas.

Democratização

A difusão da produção local agrada muitos frequentadores. É o caso do agente cultural Terence Keller. "Acho que abriram um bom espaço para quem está produzindo e é uma das poucas programações coerentes da cidade, que não se rendeu ao que passa nos cinemas comerciais", diz. Já que a produção de novos realizadores é cada vez maior, a Cine­­mateca cede o espaço para a exibição desses filmes. "Como órgão público e sala de exibição que quer discutir o cinema, é muito importante ser uma janela para mostrar curtas-metragens e até produções universitárias", afirma Solange.

As mostras universitárias são alvo de crítica. "A impressão é que é uma coisa improvisada. Não tem periodicidade, nem divulgação. Desse jeito não dá vontade de ver", reclama o estudante de Cinema da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) Wellington Gilmar Sari. Em contrapartida, o estudante destaca as mostras que são realizadas no local. "Uma inesquecível foi a de filmes do Godard, logo que o espaço foi reaberto", destaca.

As exibições temáticas são as que atraem mais público. O encontro Jedicon de 2009 reuniu na Cinemateca cerca de 650 espectadores, na maioria fãs de ficção científica, em um único dia de exibição de filmes.

Com média de duas exibições diárias, durante o ano passado cerca de 19 mil pessoas assistiram a filmes na sala. "São números significativos para um espaço alternativo. É um público interessado numa produção fora do eixo comercial e é para esse eles que programamos", afirma Solange.

Reclamações

Detalhes, como o formato (película ou DVD) em que os filmes são exibidos, não passam despercebidos por todos os espectadores e geram reclamações dos ci­­néfilos. "Essa é uma demanda recente que procuramos atender. Para nós, não há dificuldade alguma em divulgar o formato", diz Solange.

No entanto, a diretora alerta para uma opção da Cinemateca: a de exibir as produções, independentemente do formato. "Aconteceu na mostra de filmes do Alan Resnais. Na última hora, não conseguiriam mandar os rolos para cá. Exibíamos em DVD ou cancelávamos. No nosso julgamento, era melhor exibir", conta Solange.

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Interatividade

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